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ARTIGOS

Washington Santos (Maradona)
Presidente da AOESP (Associação dos Operadores do Estado de São Paulo )


Se nada mudar, novos acidentes com cabos de alta tensão poderão ocorrer


04/02/2016

No dia 03 de janeiro, o brasileiro ficou perplexo com o caso das quatro pessoas da mesma família que morreram em São Gonçalo, Rio de Janeiro, após um fio de alta tensão atingir seu carro. Passados 30 dias, o tema esfriou e saiu dos noticiários, mas, para os trabalhadores e trabalhadoras desse setor, alguns fatores como a ganância e a irresponsabilidade da empresa Ampla, que fornece energia para a região, foram determinantes para que o acidente ocorresse e, caso providências não sejam tomadas, novos casos poderão acontecer.

 

Logo que foram privatizadas, a primeira coisa que as empresas distribuidoras de energia fizeram foi reduzir o número de trabalhadores que prestavam o pronto atendimento. Fecharam agências e - o que é pior - alteraram o sistema de proteção da rede, pois, antigamente, quando acontecia a queda de um cabo de energia, automaticamente, em fração de segundos, era cortada a energia que alimentava aquele ponto e logo havia uma equipe dando o primeiro atendimento e isolando a área. Coisas como essas não acontecem mais e a prova disso foi este acidente que ocorreu, dizimando uma família inteira, e que, infelizmente, não foi o primeiro, mas poderia ser o último.

 

Fiquei abismado ao saber do acidente. Tão perplexo quanto fiquei ao ouvir a vergonhosa tentativa da empresa Ampla de se eximir da responsabilidade. Alegações como a divulgada em nota, “que foi identificado um curto-circuito de grandes proporções na noite em que ocorreu a tragédia e que teria sido provocado pelo choque de um objeto na rede perto do local onde o cabo se rompeu”, chegam a beirar o absurdo.

 

No dia a dia, nós, trabalhadores, passamos por situações constrangedoras, em que a população, muitas vezes, acha que somos culpados por tudo que ocorre de errado na empresa como a queda na qualidade da energia fornecida ou pontos escuros na cidade. Mas tudo isso é a consequência da falta de investimento no setor, que resulta, por exemplo, na má qualidade do atendimento à população, que cansa de ficar ouvindo música toda vez que precisa telefonar para a operadora.

 

Gostaríamos, neste momento, de nos solidarizar com todas as famílias que estão sofrendo por ter perdido ou por ter alguém em casa com sequelas de acidentes causados por queda de cabos da rede elétrica e esclarecer que nós, trabalhadores, somos tão prejudicados quanto toda a sociedade.

 

Este é o desabafo de um eletricitário que teve que ouvir especialistas comentarem o acidente de São Gonçalo, instruindo a população sobre o que fazer caso isso ocorra e até apontando possíveis responsáveis, mas que, em nenhum momento, sugeriram que fossem mostradas as condições de trabalho dessa categoria, assim como o verdadeiro sucateamento que as empresas estão realizando no setor. Além de sermos trabalhadores do setor, também somos pais de famílias e sabemos que vários trabalhadores estão morrendo por conta de uma precarização que só vem aumentando a cada ano.

 

Fica nosso pedido, não só para a Rede Globo, mas para todos os veículos de comunicação, que façam uma série de matérias sobre a realidade das empresas do setor elétrico e como é o dia a dia de um trabalhador eletricitário.

 

 

 

Washington Santos (Maradona)

 

Presidente da AOESP (Associação dos Operadores do Estado de São Paulo )




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