01/09/2015
A empreiteira OAS, que pediu proteção da Justiça em março para escapar da falência, obteve da Justiça de São Paulo autorização para receber um empréstimo de R$ 800 milhões da Brookfield.
Uma liminar havia suspendido a operação no início de agosto, atendendo ao pedido de alguns credores.
Com a decisão, que permitirá a transferência imediata de R$ 200 milhões à empreiteira, a OAS irá se engajar na negociação com os credores internacionais.
Uma nova rodada de reuniões ocorrerá em Nova York nesta semana, segundo apurou a Folha.
Um acordo com esse grupo de credores é crucial para a sobrevivência da empresa. Cerca de 70% da dívida da OAS inscrita na recuperação judicial foi feita em dólares, segundo dados da empresa.
A disparada da cotação da moeda americana tem feito a dívida subir e pressionado ainda mais a empresa, cujas receitas vêm de contratos faturados em reais.
Desde que pediu proteção à Justiça, a dívida já subiu quase R$ 2 bilhões e agora está em cerca de R$ 10 bilhões.
A OAS já sabe que precisará, portanto, de um desconto agressivo na dívida para que tenha condições de pagá-la. A primeira sinalização, de 80% de corte, foi descartada pelos credores.
Há pelo menos três semanas de negociações pela frente. A assembleia que votará o plano está prevista para os dias 22 e 29 deste mês.
Até lá, a OAS precisa avançar ainda nas conversas para a venda de sua fatia na Invepar. Dona de concessões de rodovias e do aeroporto de Guarulhos, a participação é considerada o ativo mais valioso da empreiteira entre os que estão à venda.
Foi o interesse na Invepar que atraiu a Brookfield. As ações da empresa são as garantias para o empréstimo. A canadense ganhou ainda o direito de cobrir a oferta pela fatia, que será leiloada.
Com a sinalização da Brookfield de que gostaria de reduzir o valor a ser pago pela participação, avaliada inicialmente em R$ 2,2 bilhões, a OAS vem tentando atrair novamente para a mesa de negociação outros interessados, como o fundo GP Investiments.
ALÍVIO
A decisão da Justiça de liberar o empréstimo permitirá que a empresa mantenha as obras enquanto passa pelo processo de recuperação.
Os desembargadores decidiram, contudo, impor alguma condições.
A transferência da segunda parcela do financiamento, de R$ 300 milhões, só poderá ocorrer após pedido da OAS e autorização do juiz responsável pela recuperação judicial da empreiteira.
Os R$ 300 milhões restantes terão de ser aprovados na assembleia de credores.
A OAS entrou em crise financeira após ser alvo da Lava Jato, que investiga pagamento de propina e cartel em obras da Petrobras.
Fonte: Folha de S.Paulo
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