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Rede de farmácia Mais Econômica acusa BR Pharma de fraude


16/05/2018

A Drogaria Mais Econômica, dona de 35 farmácias no sul do País, tenta fazer com que a Justiça reconheça novas dívidas da Brasil Pharma, rede de drogarias da qual já fez parte. O pedido pode complicar a já delicada situação da companhia, que foi criada pelos sócios do banco BTG para se tornar a maior rede do País, mas encontra-se em recuperação judicial.

 

A Brasil Pharma tem dívida de cerca de R$ 1,2 bilhão e, mesmo após fechar dezenas de lojas, precisa de nova injeção de recursos para manter a operação restante de pé, segundo fontes a par dos números da empresa.

 

A Drogaria Mais Econômica, que desde 2015 é controlada pela empresa de investimentos Verti Capital, acusa a BR Pharma e o BTG de terem fraudado suas demonstrações contábeis e escondido seu real passivo trabalhista.

 

No pedido protocolado na segunda-feira na recuperação judicial da Brasil Pharma, a empresa sustenta que a Justiça do Trabalho já reconheceu em alguns casos a responsabilidade de seus antigos donos sobre essas dívidas. Hoje, esses débitos não estão contabilizados na recuperação judicial da Brasil Pharma, que é dona da rede de franquias Farmais e de marcas como Big Ben.

 

“Estamos levando ao conhecimento do administrador que o Judiciário já está reconhecendo que a Brasil Pharma e o BTG são responsáveis pelo passivo trabalhista da Drogaria Mais Econômica. Isso servirá para alertar que o passivo da empresa é maior do que o informado”, diz o advogado Marcio Louzada Carpena, que representa à Drogaria Mais Econômica.

 

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Além de informar sobre esse passivo, a Mais Econômica pede que o administrador judicial da recuperação, a consultoria Deloitte, se manifeste sobre “práticas e procedimentos contábeis e manifestas adulterações da realidade econômico-financeira de empresas controladas da Brasil Pharma”, conforme já relatado em ação que move contra sua antiga controladora e o banco BTG.

 

“O objetivo é reforçar que as práticas adotadas pela Brasil Pharma a condução dos negócios traz para ela responsabilidades maiores das que foram apontadas inicialmente”, afirmou Carpena.

 

A Drogaria Mais Econômica chegou a ter mais de 150 lojas, mas foi encolhendo e, após ser vendida para a Verti Capital, também entrou em recuperação judicial.

 

De acordo com um executivo ligado à Brasil Pharma, os pedidos da Mais Econômica vêm em mau momento. Mesmo que esses créditos não sejam reconhecidos agora no processo, o pedido deixa investidores e credores receosos e traz dano à imagem da BR Pharma e do BTG. Pedidos de esclarecimentos foram feitos à companhia nesta terça-feira, 15.

 

Há receio, por exemplo, de que, diante do movimento da Mais Econômica, outros pleitos de indenização possam surgir. A Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás, que colocou quase R$ 300 milhões para ter 10% da BR Pharma, diz que o investimento é alvo de comissão interna para averiguar eventuais irregularidades. 

 

No BTG, a avaliação é que os processos não vão prosperar. O argumento é que empresa sempre foi auditada, fazia parte do Novo Mercado e não há problemas no balanço. Oficialmente, o banco não comenta.

 

Crise. O destino da Brasil Pharma segue incerto. Em abril deste ano, a empresa apresentou um plano de recuperação judicial pedindo desconto de até 95% na dívida, cuja maior parte está nas mãos dos antigos controladores, os sócios do BTG - a empresa foi adquirida por valor simbólico pela Lyon Capital em 2017.

 

O plano consiste em levantar recursos com a venda de pontos comerciais e as poucas farmácias próprias que restaram. Representantes da consultoria Alvarez & Marsal têm abordado possíveis interessados nesses ativos.

 

A companhia segue com dificuldade para gerar caixa e há avaliação de que um novo aporte é necessário para que sobreviva, além de corte ainda mais agressivo na dívida. Por isso, há um impasse. Os sócios do BTG, principais credores, chegaram a colocar quase R$ 50 milhões na empresa após seu pedido de recuperação e relutam em desembolsar mais recursos.

 

Histórico. A BR Pharma foi formada pelos sócios do BTG em 2009 e chegou ao posto de maior rede de farmácias do País após fazer uma série de aquisições. A hoje quase abandonada Big Ben, do Pará, foi adquirida por mais de R$ 450 milhões em 2011.

 

Em 2012, começaram a aparecer problemas. Após prejuízos, os sócios do BTG iniciam o desmonte da companhia em 2015, com a venda da Mais Econômica e da Rosário. Os problemas foram crescendo e culminaram no repasse do negócio por R$ 1 mil no ano passado e na recuperação judicial no início deste ano.

 

Fonte: Estadão


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