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Inadimplência atinge 29% dos servidores estaduais e federais


18/06/2018

A primeira dívida de Aparecida Nonato Nunes, 48, professora na rede estadual mineira, foi contraída em 2010, para pagar a graduação em letras. Depois, veio a reforma da casa, e ela acumulou dívidas no cartão de crédito e consignado. Hoje, deve R$ 5.000. "É pouco, mas não consegui pagar", diz.

 

Aparecida faz parte de um quadro que chama a atenção: 29% dos servidores federais e estaduais estavam inadimplentes no fim de 2017, aponta estudo da Serasa Experian.

 

Como é a primeira vez que a empresa de serviços financeiros realiza a pesquisa, não é possível comparar a evolução da inadimplência no segmento. Profissionais apontam, porém, que o dado preocupa porque não está tão distante da inadimplência geral dos brasileiros, de 40%.

 

"É uma diferença de quase dez pontos percentuais, não era o que esperávamos, sendo que servidores têm renda maior e estabilidade na carreira", diz Heber Filho, gerente de soluções e estratégia da Serasa.

 

A concessão de crédito no Brasil cresceu com força entre 2011 e 2014, e os servidores foram grandes beneficiários da expansão, aponta Gustavo Fernandes, professor do mestrado profissional em gestão e políticas públicas da FGV. 

 

"Com estabilidade e um padrão de consumo alto, além de ganhos reais no salário, servidores puderam aumentar seu poder de compra", afirma.

 

A partir de 2014, no entanto, houve declínio nas arrecadações estadual e federal, diz Fernandes, e boa parte das categorias deixou de receber aumento significativo. "Mas as pessoas não mudaram seu padrão. Substituíram os aumentos por mais crédito."

 

 

A técnica de enfermagem Rosângela Célia, 60, tem mais de dez empréstimos e calcula que deva entre R$ 15 mil e R$ 20 mil. "O salário não dava para o meu sustento, então fui pegando empréstimo até atolar totalmente", conta.

 

Em alguns estados, como Rio e Minas, pesam ainda atrasos e parcelamentos de salários. 

Aparecida recebe parcelado desde 2016, assim como 25% do funcionalismo mineiro. A cada mês, o governo divulga os dias de pagamento. 

 

"Os bancos me enchem [para negociar], mas não tenho condições porque não tem dia certo do pagamento", diz.

 

Em busca de empréstimo, muitos servidores recorrem ao crédito consignado, que oferece prazos mais longos, de até 96 meses, e um dos juros mais baixos do mercado --em abril, foi de 25,7% ao ano, segundo o Banco Central.

 

A estabilidade do funcionalismo joga a favor da modalidade, em que as parcelas são descontadas direto do salário ou aposentadoria. "Da nossa carteira de consignado, 61% são funcionários públicos", afirma Eduardo Jurcevic, superintendente-executivo de produtos de crédito pessoa física do Santander. No Banco do Brasil, a participação chega a 87%.

 

Mas a situação fiscal apertada dos estados pode dificultar também essa relação.

 

Diana dos Santos, 43, técnica de enfermagem em Minas, diz que seu banco mudou a cobrança do consignado do contracheque para a conta-corrente, porque o governo não está fazendo o repasse da parcela descontada para o banco. "No dia 20 surgiu um débito na minha conta e ficou negativa, porque já tinha gastado. Virou o mês, e de R$ 134 foi para mais de R$ 200. Quase caí de costas", conta.

 

Procurado, o governo de Minas não afirmou se estaria segurando repasses de consignados. Sobre o parcelamento de salários, disse que a decisão está atrelada à crise econômica.

 

Listar o saldo devedor total, pesquisar condições em outras instituições e renegociar taxas e prazos são passos para enfrentar a inadimplência, diz Alfredo Meneghetti, professor de pós-graduação em finanças da PUC-RS.

 

Pelo Serasa Consig, ferramenta gratuita da Serasa, órgãos públicos podem monitorar os limites de crédito em folha (por lei, de 35%), e servidores acompanham parcelas, simulam empréstimos e comparam taxas de bancos.

 

Fonte: Folha de S.Paulo


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