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Com baixo desemprego nos EUA, fábricas recorrem a robôs e treinamento por produtividade


27/06/2018

Para Anthony Nighswander, o desemprego muito baixo dos Estados Unidos é tanto uma dor de cabeça quanto uma oportunidade. Para as empresas e trabalhadores, essa pode ser a chave para reverter um dos problemas econômicos mais espinhosos do país: o crescimento lento da produtividade.

 

Nighswander é presidente da APT Manufacturing Solutions, que constrói e instala equipamento robótico para ajudar outras companhias do setor industrial a automatizar suas linhas de montagem.

 

Recentemente, a empresa vem passando por uma em ótima fase. Com um índice de desemprego inferior a 4% nos Estados Unidos, ele diz que recebe contatos a cada dia de empresas em busca de robôs para resolver o problema da falta de mão de obra.

 

O problema é que Nighswander também enfrenta problemas de mão de obra em seu negócio, especialmente porque, em Hicksville, uma cidade de menos de quatro mil habitantes perto da fronteira entre o Ohio e Indiana, não há uma grande reserva de operários capacitados. Mas em lugar de recorrer a robôs, ele adotou uma solução menos tecnológica: treinamento.

 

A APT criou postos de aprendizado, subsidia cursos superiores para seus empregados e, três anos atrás, começou a ensinar técnicas industriais a estudantes de segundo grau.

 

"Jamais imaginei que treinaria alunos de segundo grau em nossas instalações", disse Nighswander. "O que eu sabia era que precisava batalhar para sobreviver. Sabia que as encomendas de robôs e sistemas de automação estavam chegando mais rápido do que eu conseguia atender".

 

Esse tipo de urgência pode ser uma força econômica poderosa. Os investimentos de Nighswander e seus clientes em treinamento e automação podem, com o tempo, tornar suas empresas mais produtivas.

 

Multiplicadas por milhares de empresas, essas decisões podem criar benefícios para companhias e trabalhadores que perdurarão mesmo depois que a atual onda de crescimento econômico recuar.

 

A produtividade —o valor que a economia gera em uma hora média de trabalho— recebe menos atenção do que conceitos econômicos mais intuitivos como o emprego e o salário, mas pode ter papel ainda mais importante.

 

Produtividade em alta —por meio de avanços na tecnologia, trabalhadores mais educados ou estratégias de negócios mais eficientes— é o motivo para que a situação econômica média das pessoas melhore com o passar do tempo. Quando o crescimento da produtividade é forte, as empresas podem pagar salários melhores a seus empregados sem comprometer suas margens de lucros —a maré alta eleva todos os barcos.

 

Desde o final da Grande Recessão, no entanto —e, em certa medida, mesmo durante o período de crescimento econômico que a precedeu—, o crescimento da produtividade vem sendo incompreensivelmente baixo, forçando donos de empresas e trabalhadores a competir para ver quem se beneficia de um crescimento econômico relativamente modesto.

 

Houve altos e baixos, mas a economia dos Estados Unidos não vem produzindo ganhos de produtividade de mais de 2% ao ano desde o boom da internet no final dos anos 1990 e começo dos anos 2000.

 

Agora, alguns economistas acreditam que uma recuperação possa estar a caminho. Ao longo da maior parte do período de recuperação econômica, o crescimento dos salários vinha sendo anêmico, o que sugere que as empresas não estavam sendo muito pressionadas a investir em automação ou a encontrar novas maneiras de extrair mais produção de seus trabalhadores. Mas os incentivos das empresas podem estar mudando, agora que o mercado de trabalho está mais apertado.

 

"Seria possível atender à demanda por algum tempo contratando mais pessoal, mas, com um índice de desemprego de 3,8%, chegará a hora em que já não será fácil encontrar trabalhadores", disse John Fernald, economista do Federal Reserve Bank de San Francisco e especialista em produtividade. "Porque os trabalhadores agora têm outras oportunidades, será necessário pagar melhor. E quando os salários subirem, o empreendedor chegará à conclusão de que tem de se tornar mais produtivo para cobrir seus custos".

 

INVESTIMENTOS

Esse ciclo já pode ter começado. O crescimento dos salários se acelerou um pouco nos dois últimos anos. Um indicador acompanhado por muitos economistas, o Índice de Custo de Emprego, registrou seu mais alto crescimento anualizado desde a recessão, nos três primeiros meses deste ano. E existem outros indicadores de que as empresas estão enfrentando dificuldades para encontrar trabalhadores.

 

Os pedidos de benefícios para portadores de deficiências estão em queda, por exemplo, o que pode indicar que as companhias estão se dispondo mais a buscar trabalhadores fora do pool normal de mão de obra. E embora a produtividade ainda não tenha começado a se recuperar, o investimento empresarial —que historicamente serve como prelúdio para os avanços de produtividade— está em alta.

 

David Maletto, dono de uma pequena fábrica de embalagens em Eau Claire, Wisconsin, disse que está se tornando cada vez mais difícil encontrar pessoal, já que o índice local de desemprego está abaixo dos 3%.

 

A empresa, cuja especialidade é produzir embalagens especiais para as cervejas Miller e outras, está enfrentando dificuldades para reter os operários de baixa qualificação que colocam as garrafas nas embalagens e as empilham nos pallets. O giro nesses postos é constante, disse Maletto, e os trabalhadores que ele encontra para preencher esses postos muitas vezes não se mostram confiáveis —eles se atrasam, usam seus celulares durante o trabalho e às vezes faltam sem justificativa.

 

"Os clientes nos procuram constantemente com pedidos urgentes de embalagens, e temos de responder que não podemos atendê-los", disse Maletto. "Há dias em que se torna necessário fechar uma linha".

 

Maletto tentou aumentar os salários desses empregados, primeiro em 25% e depois em mais de 20%. Ele agora está pagando até US$ 12 por hora de trabalho não qualificado, e já tentou oferecer bonificações de contratação. Mas os trabalhadores conseguem salários até US$ 5 por hora mais altos em outros lugares, uma remuneração que Maletto diz não poder oferecer, em parte porque seus contratos plurianuais com alguns clientes dificultam que ele aumente seus preços.

 

Por isso, decidiu recorrer à automação. No final do ano passado, instalou uma máquina que carrega as caixas para os pallets; robôs mais sofisticados da APT, a empresa de Nighswander, devem chegar em agosto. Maletto fez um empréstimo de US$ 1 milhão para pagar pelo equipamento, uma aposta arriscada para uma empresa familiar. Mas com a escassez cada vez maior de mão de obra, ele não tem muita dúvida de que essa tenha sido a decisão certa.

 

"Se não automatizarmos as coisas e não começarmos a nos mexer, seremos nós que ficaremos para trás", disse Maletto.

 

Fonte: Folha de S.Paulo


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