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Evento discute desigualdades de gênero e raça no mercado de trabalho brasileiro


10/06/2019

A desigualdade racial e de gênero persiste no mercado de trabalho brasileiro e é preciso agir para combater práticas que perpetuam a discriminação, informando e promovendo espaços empresariais mais inclusivos.

 

Esta foi uma das conclusões do debate realizado na quinta-feira (6) em Brasília (DF) pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (UNESCO), em parceria com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a ONU Mulheres e a coordenação do Sistema ONU.

 

Embora sejam mais da metade da população brasileira, pessoas negras ainda têm dificuldades em acessar o mercado de trabalho no Brasil, o que piora significativamente no caso de mulheres negras. Segundo pesquisa do Instituto Ethos, pessoas negras ocupam apenas 6,3% dos cargos de gerência e 4,7% de cargos executivos em empresas brasileiras. Quando há inclusão de gênero, ela é de mulheres brancas, e não de negras.

 

O coordenador-residente do Sistema ONU no Brasil, Niky Fabiancic, lembrou que a ONU trabalha no enfrentamento do racismo e das desigualdades. Ele citou a campanha Vidas Negras — pelo fim do racismo e da violência letal contra a juventude negra no Brasil — e todas as ações planejadas no contexto da Década Internacional de Afrodescendentes, de forma a promover o respeito, a inclusão e os direitos humanos das pessoas negras. “Este debate é outra demonstração do compromisso da ONU com a eliminação do racismo e da discriminação, para contribuir com um país mais justo e inclusivo”, concluiu.

 

A representante adjunta do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Júnia Quiroga, ressaltou a importância de potencializar as ações da Década Afro. “Ao mesmo tempo em que é necessário valorizar os esforços para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, de ninguém ser deixado para trás até 2030, é preciso valorizar a Década Internacional de Afrodescendentes, que foi muito bem demarcada para o período de 2015 para 2024″.

 

“Precisamos fortalecer seu monitoramento e sobretudo sua implementação. O debate sobre essas questões nos ajuda a responder algumas perguntas, superar limitações e contribuir de maneira mais profunda para reduzir as desigualdades”, avaliou.

 

Júnia também lembrou que as desigualdades de gênero e raça transcendem a discussão do mercado de trabalho, sendo por exemplo importantes no que se refere ao mandato do UNFPA, que trabalha para que todas as gestações sejam desejadas, todos os partos seguros e para que todos os jovens alcancem seu pleno potencial.

 

Ela ressaltou que as mulheres e meninas negras estão em situação de maior vulnerabilidade nos dois primeiros elementos do mandato, o que compromete sobremaneira a conquista de seu pleno potencial.

 

O debate

 

Com a mediação da representante e diretora da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, a roda de debate discutiu os desafios para alcançar a igualdade no mercado de trabalho — em todos os aspectos.

 

“A ideia desta conversa é mostrar as diversas desigualdades do mercado de trabalho quando falamos de gênero, e que se agravam ainda mais quando combinadas com questões raciais”, afirmou Marlova.

 

A representante interina da ONU mulheres, Ana Carolina Querino, apresentou dados da agência que revelam que do total de empregos informais criados entre 2014 e 2017, 82% foram ocupados pelas mulheres negras.

 

“A crise financeira que vivemos afeta de forma diferenciada homens e mulheres, e homens e mulheres negros e negras de forma ainda mais marcante. Mulheres negras são boa parte da população desempregada”, lembrou.

 

Finalizando o debate, a diretora do Instituto Identidades do Brasil (ID BR), Luana Génot, apresentou sua história pessoal, como mulher negra que trabalha para promover a igualdade racial dentro dos espaços corporativos.

 

No evento, ela apresentou seu livro “Sim à Igualdade Racial – Raça e Mercado de Trabalho”. “A desigualdade está nos mínimos detalhes. É um privilégio alguém nunca ter pedido para você mudar o seu cabelo, por exemplo, para trabalhar em um escritório. O Brasil está perdendo com isso. Estamos todos perdendo”, concluiu.

 

Fonte: ONU Brasil




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