17/09/2019
A maior parte das mortes de indígenas menores de 1 ano acontece nos primeiros 28 dias de vida
A Amazônia Legal é uma área que engloba nove estados do Brasil pertencentes à bacia Amazônica e à área de ocorrência das vegetações amazônicas, e corresponde a 60% do território nacional. Nos últimos tempos, a região tem gerado vários debates, por sua relevância para o Brasil e o planeta, e pelo desmatamento do qual tem sido vítima. E o desmatamento está longe de ser o único problema enfrentado na região.
Segundo indicadores sociais do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), as crianças que vivem na Amazônia têm maior risco de morrer antes de 1 ano de idade e de não completar o ensino fundamental. Além disso, a taxa de gravidez na adolescência é alta, e as meninas e os meninos na região estão vulneráveis às mais variadas formas de violência, incluindo abuso, exploração sexual, trabalho infantil e homicídio.
Quando todas essas variáveis são avaliadas a partir de um recorte de raça e etnia, percebe-se que entre os grupos minoritários, como indígenas e quilombolas, o quadro é ainda mais grave.
O estudo do UNICEF, ‘Bem-Estar e Privações Múltiplas na Infância e na Adolescência no Brasil‘, mostra que muitas meninas e muitos meninos amazônicos não têm seus direitos a educação, água, saneamento, moradia, informação e proteção contra o trabalho infantil garantidos. A ausência de uma ou mais dessas dimensões coloca as crianças em situação de “privação múltipla”, uma vez que seus direitos são indivisíveis.
A principal privação a que meninas e meninos amazônicos estão sujeitos é a falta de acesso a condições de saneamento adequadas. Enquanto a média nacional de crianças e adolescentes sem esse direito está em 24,8%, na maioria dos estados da Amazônia ela está próxima dos 50%, chegando a 88% no Amapá. A única exceção na região é Roraima, com apenas 11,5% de crianças e adolescentes privados desse direito.
Na Amazônia Legal, o aumento da mortalidade infantil é particularmente preocupante, porque a região apresenta os piores índices do país. Segundo dados de 2016, os nove estados da região estão com taxas de mortalidade infantil (até 1 ano) e na infância (até 5 anos) acima da média nacional.
Os piores índices encontram-se no Amapá, em Roraima e no Amazonas. Entre as crianças indígenas da região, a taxa de mortalidade infantil permanece bem maior do que aquela de crianças não indígenas: 31,3 óbitos por 1.000 nascidos vivos.
A maior parte das mortes de indígenas menores de 1 ano acontece nos primeiros 28 dias de vida. Grande parte das mortes ocorre por doenças evitáveis, como diarreias, infecções respiratórias agudas, tuberculose e malária.
Fonte: https://observatorio3setor.org.br
UGT - União Geral dos Trabalhadores