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BATALHA PELO PIX ACIRRA DISPUTA ENTRE BANCOS; ENTENDA NOVA FERRAMENTA QUE PROMETE GRATUIDADE EM TRANSFERÊNCIAS BANCÁRIAS


29/09/2020

Benefícios aos clientes, diversificação de serviços e investimento em novas plataformas e parcerias estratégicas. A chegada do Pix, dentro de pouco mais de um mês, já acirrou a concorrência entre grandes bancos e fintechs, que vêm buscando diferenciais para manter e ampliar a carteira de correntistas.

 

Criado pelo Banco Central, o efeito mais evidente do novo serviço — que permitirá fazer pagamentos e receber transferências 24 horas por dia, de maneira instantânea e sem custo para a pessoa física que faz a operação — será a redução do uso dos atuais DOCs e TEDs, explicam especialistas.

 

Como os bancos tradicionais hoje cobram por transferências, eles já planejam contrabalançar a futura perda de receita reforçando a participação em outras áreas, como as de crédito e financiamento. Os bancos digitais, por outro lado, valem-se da proximidade com o cliente e de parcerias para entrar nesta nova fase do sistema financeiro.

 

Claudio Gallina, da agência de classificação de risco Fitch, diz que a perda de receita dos bancos deve ser de até 2%, mas que as instituições mais eficientes poderão até aumentar a rentabilidade com ganhos de eficiência e menor gasto com estruturas físicas.

 

O Itaú calcula que o impacto em suas receitas com a adoção do Pix e a consequente redução das modalidades tradicionais de transferência seja de cerca de 1%. Mas Ivo Mosca, superintendente de pagamentos instantâneos do banco, vê um potencial de ganho enorme com o Pix, devido à facilidade do sistema e à redução dos custos:

 

“Com a pandemia, muitos clientes já partiram para o mundo digital, com abertura de contas virtuais. Agora, com o Pix, a fatia de mercado (bancarizada) deve crescer, estamos falando de incluir dezenas de milhões de pessoas no sistema.” Em sua opinião, DOCs e TEDs devem ter uma diminuição de até 70% nos próximos anos:

 

“Grandes empresas podem manter o uso (de DOCs e TEDs), porque têm uma infraestrutura instalada de sistemas de automações e negociação tarifária, dados os altos valores das transações.

 

Para Breno Lobo, chefe de subunidade do Departamento de Competição e Estrutura do Mercado Financeiro do BC, a estimativa é que essas formas tradicionais de transferências desapareçam em até dez anos.

 

O Santander tem investido em uma campanha massiva para que seus clientes façam o pré-cadastro para usar o Pix, mas que também visa a conquistar clientes de outras instituições. No Pix, o cliente pode usar o CPF, o e-mail ou o número de celular como chave para o recebimento de uma transferência, mas cada chave só pode estar relacionada a uma conta específica.

 

Aquisições e parcerias. O Santander contratou a atriz Ana Paula Arósio para divulgar sua plataforma e ofereceu a quem fizesse o cadastro dez dias sem juros no cheque especial. Segundo Marcelo Labuto, diretor-executivo do segmento voltado à pessoa física da instituição, a ideia é convencer quem se cadastrou a ficar no banco e ganhar mercado:

 

“Haverá um impacto negativo na receita quando o cliente deixar de utilizar DOCs e TEDs tarifados, mas acreditamos que, com a vinda de novos clientes, ganharemos transnacionalidade de outras formas.

 

Para Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank, a fintech larga na frente por já oferecer no ambiente digital opções de transações sem custo. Mesmo assim, a empresa tem buscado crescimento e diversificação por meio de aquisições, como a da corretora Easynvest.

 

“Os grandes bancos ganham milhões com produtos (como TEDs), o que já não ocorre com a gente. No caso do Pix, nossos clientes não vão ter custo para fazer nem para receber a transferência, assim como as pessoas jurídicas” — adianta Cristina.

 

Pelas diretrizes do BC, as pessoas físicas não pagarão tarifa para fazer transferências ou pagamentos com PIX, mas poderão ser cobrados no recebimento, a depender da frequência e do tipo de pagamento. Pessoas jurídicas também poderão ser tarifadas.

 

O C6 Bank, antevendo a chegada do Pix, firmou uma parceria com a operadora Tim, já que uma das maneiras de usar o PIX é fornecendo o número de celular.

 

“Avaliamos que a telefonia será a principal chave nas transações do Pix. Ter uma parceria com uma grande empresa do setor é importante porque nos ajuda a levar essa novidade a um número maior de consumidores” — ressalta Maxnaun Gutierrez, sócio responsável por produtos e pessoa física do C6. A parceria com a Tim está em vigor desde julho.

 

“Há um ano operamos o C6 Kick, serviço de transferências por meio de mensagem, similar ao Pix, usando só o número de celular. Isso vai nos ajudar agora na implementação do Pix” — conta Gutierrez.

 

No banco Inter, já se trabalha com uma plataforma similar ao Pix, permitindo que clientes façam pagamentos e cobranças entre si escaneando um QRCode, o Interpag.

 

“Com a chegada do Pix, vamos conseguir simplificar e reduzir custos nas transações do dia a dia. E a redução das tarifas que recaem sobre o banco vai gerar benefícios. Sem arcar com esses custos, poderemos investir em mais ferramentas de usabilidade” — explica Eduardo Cotta, superintendente de conta digital do Inter.

 

O Banco do Brasil também está se preparando para a chegada do Pix. Para compensar as eventuais perdas de receitas com DOCs e TEDs, a instituição pretende reforçar sua presença nas diversas áreas do mercado financeiro para atrair novos clientes, especialmente no digital:

 

“Nosso diferencial é que temos uma prateleira de produtos variados, como seguridade, cartão, investimento, crédito, financiamento. O trabalho será focado em ampliar essa oferta” — destaca Edson Costa, diretor dos meios de pagamento do BB.

 

Henrique Gallotti, gerente sênior de serviços financeiros da EY, destaca que o Pix é uma funcionalidade que concorre com cinco métodos de pagamento: débito, crédito, cartão pré-pago, transferências e boletos. Ele avalia que os grandes bancos podem ser bastante afetados, em relação à receita, também na parte de cartões.

 

“Com o avanço do Pix entre os clientes, haverá grande impacto na arrecadação pela queda no uso de cartões, especialmente de débito” — comenta Galloti.

 

Quanto ao cartão de crédito, o especialista pondera que, no Brasil, há uma boa experiência dos clientes com o pagamento parcelado e a prazo, o que pode segurar, por enquanto, a redução no uso do crédito. 

 

Fonte: O Globo




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