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Renda das famílias mantém busca de emprego em baixa


26/08/2014

As taxas relativamente baixas de desemprego nas principais Regiões Metropolitanas — na faixa dos 3,6% e 6,6%, segundo dados de julho do IBGE — escondem um fenômeno que surpreende por não parar de aumentar no Brasil, mesmo em um cenário de baixo crescimento econômico e alta inflação: a menor pressão do mercado de trabalho por uma população que, mesmo em idade ativa, não trabalha e nem quer trabalhar. Até abril, 19.194 pessoas compunham a Pnea (População Não Economicamente Ativa), 1.075 a mais do que em igual mês de 2013.

 

Segundo o IBGE, a partir de setembro do ano passado esse movimento passou a ser notado de forma mais sensível e desde então vem apresentando taxas crescentes nas principais regiões metropolitanas do país. Para economistas, o aumento da renda média do trabalhador brasileiro pode estar viabilizando às famílias postergar a entrada de seus filhos no mercado de trabalho, permitindo, assim, que invistam em suas qualificações, dando mais condições aos jovens na disputa por melhores cargos e salários. Em julho, o rendimento médio real da população ocupada registrou máxima de R$ 2.252,83 no Rio de Janeiro, e mínima de R$1.517,69 em Recife.

 

O que surpreende, no entanto, é o fato de esse movimento se manter em evolução mesmo com a redução do poder de compra das famílias (visto que a inflação nos últimos 12 meses beira os 6,5%) e a perda de ritmo da atividade econômica. Ontem, o Boletim Focus, do Banco Central, reduziu pela 13º vez seguida a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) no ano, de 0,79% para 0,70%.

 

“Esse cenário contrasta com as perspectivas do mercado financeiro de que a inflação crescente provocaria um rombo nas contas das famílias, mesmo que esse patamar (de 6,5%) não seja o ideal. Um mercado de trabalho com desemprego baixo, ainda que menos favorável do que há dois anos, tem feito com que as famílias consigam preservar seus membros em uma situação de desemprego”, observa Claudio Dedecca, professor de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

 

Economista da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Rodrigo Leandro de Moura destaca que, ao mesmo tempo em que a Pnea cresce, a População Economicamente Ativa (PEA) — grupo de pessoas ocupadas ou à procura de emprego — vem encolhendo mês a mês. Para ele, o cenário mostra um outro contrassenso, visto que em momentos em que o salário cresce acima da inflação e a taxa de desemprego é baixa, o natural seria assistirmos a um movimento de atração para o trabalho.

 

“Possivelmente as perspectivas quanto ao menor crescimento econômico e a redução de novas oportunidades de trabalho vêm fazendo com que os jovens alonguem seu ciclo de estudos, postergando a entrada no mercado, visando a um futuro mais promissor”, resume o economista, enfatizando que o fenômeno daqui é bem diferente do que ocorreu nos Estados nidos após a crise. “Lá, a PEA caiu em virtude do aumento do desemprego e da falta de novas oportunidades. As pessoas ficaram desalentadas e deixaram de buscar oportunidades”, analisa, acrescentando que a desaceleração crescente da economia brasileira coloca uma interrogação no meio desse ciclo de expansão. “Até onde esse fenômeno vai se sustentar, é complicado prever”, diz Claudio Dedecca. 

 

Envelhecimento da população e expansão da Previdência

Efeitos demográficos, como o envelhecimento da população e a redução do número de jovens também compõem esse cenário de aumento da PNEA. Rodrigo Leandro de Moura destaca que quando se analisam os microdados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, verifica-se que a maior parte da população na Pnea é de pessoas que não gostariam de trabalhar de jeito nenhum. “São principalmente idosos, que recebem benefícios previdenciários e alguns ociosos, os chamados ‘nem, nem, nems’. Nem estudam, nem trabalham e nem querem”, esclarece Moura.

 

Para a supervisora da Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese, Ana Belavenuto, é preciso considerar, ainda, a expansão da Seguridade Social no país. Hoje, segundo dados do Ministério da Previdência Social, há pouco mais de 31 milhões de beneficiários no sistema — 7 milhões a mais do que em 2005. “O recebimento de benefícios garante a retirada de parte dessa população mais idosa do mercado de trabalho”, afirma.

 

Fonte: Brasil Ecnonômico

 

 


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