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Basta de discriminação! Mulheres da UGT querem pactos para políticas de ações


01/04/2015

Para finalizar o mês da mulher, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) promoveu o ciclo de debates “Pelo fim de todas as formas de violência e discriminação na sociedade”, realizado nesse 31/03, com apoio do Siemaco, em sua sede, no centro de SP. 

 

Uma iniciativa da Secretaria da Mulher da UGT, como forma de atentar para as desigualdades ainda gritantes, pelo fim da violência que reina silenciosa e conscientizar as pessoas da força da mulher, na sua capacidade para cargos de chefias no mercado de trabalho, na política, fincando sua marca na sociedade, até mesmo após a aposentadoria.

 

Como convidados, a advogada Dra. Claudia Luna, que luta contra o tráfico de pessoas, Natal Leo, presidente do Sindicato dos Aposentados Pensionistas e Idosos (Sindiapi) da UGT - e Silvana Mesquita, secretária para Assuntos de Acessibilidade da UGT, presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de Guarulhos e presidente da ADPD. Também estiveram presentes Fabio Cruz, representando a direção do Siemaco, e Daniela Souza, da secretaria de Juventude do Siemaco.

 

Para Cássia Bufelli, secretária da Mulher da UGT, a violência ainda é uma forma que norteia a sociedade e deve ser discutida por todos para poder ter um avanço. “Enfrentamos a violência de assédio no mercado de trabalho, mas também a desigualdade salarial. Continuamos a fazer parte de uma desigualdade na estatística triste no País, que de 35% a 40% das mulheres, quando sobem para os altos cargos, ainda continuam ganhando menos e isso é parte da bandeira de luta da UGT”. 

 

Cássia frisa a importância de disparidades como essa serem denunciadas e contar com o apoio dos companheiros, uma vez que não perde só a mulher, mas perde a família, a sociedade – para o capital, além de perder para a questão da igualdade humana. “O Brasil, com um movimento sindical tão forte, ainda precisa entrar nessa luta, que não se faz só pelas mulheres, mas por todos! Queremos a participação efetiva, deliberando nas políticas de nossa sociedade, porque isso vai refletir na vida das próximas gerações”, acrescenta.

 

Moacyr Pereira, secretário de finanças da UGT presidente do Siemaco, chama atenção sobre a postura ainda machista do movimento sindical. “Não podemos tapar os olhos. Sabemos da dificuldade, porque na hora de fazer a justiça, as mulheres acabam sendo descriminadas. A violência se dá em muitos aspectos - salário, assédio - e muitas vezes ninguém percebe. Na categoria da limpeza urbana, construção civil, condução de transportes públicos, áreas antes ocupadas por homens, mas agora conquistadas pelas mulheres. Com suas fragilidades, elas imprimem sua sensibilidade e responsabilidade em suas tarefas”, ressalta. 

 

Josineide de Camargo Souza, a Josi, é secretária de Formação da UGT e aponta este evento como parte extensão das práticas do curso de Formação e Formadores, porque por meio do conhecimento que vem a transformação. “Esse círculo de debates faz parte da formação, que a gente considera em torno do mundo do trabalho e do mundo sindical. Daqui vamos aproveitar as discussões para aplicar nas atividades do nosso dia a dia a serem melhoradas”, informa.

 

A UGT tem debatido muito em torno da violência contra a mulher, medida que urge mudança de ação. Para Dra. Claudia Luna, a mulher, quando violentada, não dói só no corpo, mas na alma, e isso reflete no trabalho, porque a produtividade dela cai, afetando o sistema econômico. Mas esse comportamento deve ser transformado, herança de uma cultura patriarcal e exploradora. Hoje os tempos são outros e ainda se vê abusos discriminatórios. “São violências silenciosas a que a mulher está exposta e mata. Através de doenças que vão adquirindo”, adverte.

 

Empoderamento e inclusão

 

Seja através de denúncias, de saída da zona de conforto, a mulher deve se unir para conseguir sua libertação. “No Brasil, há apenas 52 anos é que a mulher pode trabalhar sem autorização. E nesse período chegamos à metade da classe trabalhadora desse País. Precisamos conquistar nossa autonomia financeira e nos empoderar”, defende Cássia.

 

Esse empoderamento também deve ser incorporado nas mulheres trabalhadoras inativas. E o O Sindiapi e a UGT têm a missão de incentivar, promover, solicitar a inserção e a participação da mulher aposentada no movimento sindical. “O trabalho depois de aposentado pode tomar várias formas, como transformação social. Seja com lazer, por meio de uma nova colocação, cursos ou na convivência com familiares. É preciso incluir o pioneirismo das mulheres aposentadas nas ações”, destaca Natal Leo.

 

É preciso conhecer, entender para aplicar. E Silvana Mesquita, cadeirante, diz sobre a necessidade de tratar de forma igual qualquer pessoa com algum tipo de deficiência, respeitando suas especificidades e adequações. “A pessoa com deficiência sempre foi vista como improdutiva. Pensar na inclusão ainda é um grande desafio”.

 

Há apenas 3 anos que se discute a questão do deficiente no mercado de trabalho. Em 2011, 325 mil pessoas com deficiência foram contratadas, dessas, 123 mil eram homens e 111 mil, mulheres. Há distinção no salário, assim como na questão de gêneros, também.

 

A lei de cotas obriga as empresas a ocuparem 30% de suas vagas com pessoas com deficiência,  mas o despreparo começa na falta de preparo de profissionais no recrutamento do trabalhador deficiente, com entrevistas infantilizadas, a locais de trabalho muitas vezes não adaptados. “Precisamos que nos vejam com outro olhar e que a sociedade comece a incentivar o trabalho para essas pessoas”, pontua Silvana. 

Para finalizar, Cássia lembra que a UGT é a única central que abre a dá ouvido à invisibilidade. “Se a UGT quer ser essa central ética e inovadora e lutar por uma sociedade com igualdade, respeito e cidadania, tem sim, que acabar com as diferenças”.

 

Mariana Veltri – imprensa da UGT

 


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