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Seminário Nacional de Saúde e Segurança do Trabalhador e Trabalhadora: Desafios e Perspectivas


27/04/2016

O dia 5 de novembro de 2015 é um dia para não ser esquecido e ser registrado como o maior acidente de trabalho ampliado da história de Minas Gerais e do Brasil. Foi o dia do rompimento da barragem de rejeitos minerais de Fundão, na unidade industrial de Germano, em Mariana, Minas Gerais.

 

Esse acidente de trabalho ampliado gerou o vazamento de 60 milhões de metros cúbicos de lama tóxica no ambiente e provocou a destruição da comunidade de Bento Rodrigues, onde moravam cerca de 600 pessoas. 

 

Foram 18 mortos, sendo duas crianças e 16 trabalhadores: 12 terceirizados, três de Bento Rodrigues e um da Samarco. Um trabalhador continua desaparecido. Calcula-se que mais de dez mil postos de trabalho foram fechados.

 

A economia regional foi severamente atingida e paralisada, num verdadeiro efeito cascata, como as atividades de agricultura familiar. Além dos trabalhadores da Samarco, foram atingidos os trabalhadores que vivem da produção agrícola, da pesca, do comércio, do lazer e do turismo e do trabalho artesanal, que estão com suas atividades interrompidas, afetando a renda, a subsistência e o modo de vida dessas populações.

 

Todos esses dados foram relembrados na manhã dessa quarta-feira, 27/04, na abertura do “Seminário Nacional de Saúde e Segurança do Trabalhador e Trabalhadora: Desafios e Perspectivas”, realizado no auditório do Departamento de Geologia da Universidade de Ouro Preto (UFOP). 

 

A promoção é do Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança do Trabalhador de Minas Gerais, do Fórum Nacional de Saúde do Trabalhador das Centrais Sindicais e da UFOP. 

 

Estiveram presentes representantes da UGT, CTB, Nova Central, Força Sindical, CSP Conlutas e CUT, além do Sindicato Metabase de Mariana, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Conselho Estadual de Saúde, Conselho Nacional de Saúde, entre outras instituições.

 

Saúde e segurança no trabalho

 

Ao exaltar a importância do evento, a coordenadora do Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança do Trabalhador de Minas Gerais, Marta de Freitas, afirmou que, naquele espaço, havia pessoas verdadeiramente comprometidas e interessadas na questão da saúde e segurança do trabalhador que sonham que é possível ter uma vida melhor no mundo do trabalho. 

 

“O pulmão do trabalhador que adoece no ambiente de trabalho não sabe a qual central sindical ele pertence”, ressaltou, ao destacar como fundamental a união do movimento sindical para exigir segurança e proteção ao trabalhador. “Temos hoje, no Brasil, um silêncio sobre os acidentes de trabalho. Precisamos acabar com esse pacto silencioso”, complementou.

José Reginaldo Inácio, secretário de Educação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) e membro da Nova Central Sindical, lembrou o que ele chamou de “tragédia criminosa”, ocorrida em Belo Horizonte, no dia 4 de fevereiro de 1971. Naquela data, 69 trabalhadores morreram soterrados no desabamento ocorrido durante a construção do Parque de Exposições da Gameleira. Mais de 50 outros trabalhadores ficaram mutilados. 

 

“Passados 45 anos da tragédia ninguém foi punido e as famílias das vítimas sequer foram indenizadas. Acidentes graves acontecem todos os dias e não podemos pactuar com essa situação. Precisamos garantir que o trabalhador vá para o trabalho e volte seguro para casa”, ressaltou.

 

A secretária de Saúde e Segurança no Trabalho da UGT Nacional, Cleonice Caetano de Souza, representou o Fórum Nacional de Saúde do Trabalhador das Centrais Sindicais. “Não temos bandeiras, partidos ou cor. Respiramos saúde e segurança do trabalhador. Dormimos e acordamos pensando no bem estar do trabalhador”, declarou.

 

Ela ressaltou a necessidade de, “cada vez mais, os movimentos sindicais e populares reafirmarem o compromisso com a luta e ações por condições dignas de trabalho, visando impedir que acidentes de trabalho continuem a se repetir no país, causando mortes, sofrimento e outros danos sociais e ambientais para a população, em especial, para os trabalhadores.

 

28 de abril - Audiência pública em Mariana

 

O seminário realizado nessa quarta-feira antecede as atividades programadas para amanhã, 28 de abril, dia em que o Brasil e vários outros países celebram o “Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho”. Haverá, em Mariana, audiência pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, às 10 horas. A UGT estará presentes com sua diretoria e lideranças de sindicatos filiados.

 

Por considerar o rompimento da barragem de Fundão um dos piores acidentes de trabalho e o maior desastre ambiental registrados no país, o Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança do Trabalho de Minas Gerais e o Fórum Nacional e Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora das Centrais Sindicais, com apoio de várias entidades e instituições, decidiram realizar atividades nacionais unificadas em memória às vítimas do acidente ocorrido em Mariana. 

 

Números que dão no que pensar

 

No Brasil, segundo dados oficiais, entre os anos de 2012 e 2014, ocorreram mais de dois milhões de acidentes de trabalho. Ficaram inválidos 47.910 trabalhadores e 8.392 morreram. No setor extrativo foram 21.057 acidentes de trabalho. 

 

Esses dados dão a dimensão da irresponsabilidade patronal de desrespeito às normas de proteção à saúde dos trabalhadores e coloca para toda a sociedade, em especial os movimentos sindical e popular, importantes desafios a serem enfrentados em defesa da vida e dos direitos da classe trabalhadora.

 

Fonte: UGT Minas Gerais

 




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