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Entre graduados, branco ganha quase 30% a mais que negro


16/11/2017

Brancos e negros ainda vivem em um mundo desigual, a despeito do nível de capacitação. Além do acesso mais restrito à educação, os negros também recebem remuneração inferior. No País, entre homens com ensino superior, trabalhadores brancos ganham, em média, 29% a mais do que negros. Entre as mulheres na mesma condição, a disparidade salarial é de 27%.

 

O levantamento faz parte do estudo “O desafio da inclusão”, elaborado pelo Instituto Locomotiva, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Entre brancos acima de 25 anos, 18% têm ensino superior, com renda média de R$ 6.702. Já entre os negros, apenas 6% têm graduação, e a renda média é de R$ 4.810.

 

A pesquisa ainda aponta a distinção de gênero. Entre mulheres brancas com ensino superior (21%), o rendimento médio é de R$ 3.981. Já entre as mulheres negras, apenas 9% têm diploma, com a menor renda média – R$ 2.918. 

 

“Isso contraria a ideia de que os negros ganham menos porque têm menos escolaridade. O recorte por grau de instrução mostra que há uma lacuna salarial que só é explicada pelo racismo crônico da nossa sociedade”, diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

 

“Os negros têm dificuldade maior em conseguir emprego e enfrentam condições adversas dentro das empresas, que não permitem que eles avancem até cargos mais altos”, observa.

 

Por isso, explica Meirelles, a diferença salarial entre brancos e negros cresce à medida que aumenta o grau de instrução. Entre os brasileiros que ganham a partir de R$ 10 mil por mês, por exemplo, apenas 19% são negros, apesar de representarem 55% da população brasileira.  

 

Consumo. A desigualdade salarial também causa impacto no mercado de consumo. Ainda segundo a pesquisa, os negros movimentam R$ 1,6 trilhão por ano. Já as outras etnias movimentam, juntas, R$ 2,3 trilhões.

 

“É um mercado com grande potencial de consumo. Se os negros recebessem salários equiparados aos dos brancos, seriam injetados de R$ 776 bilhões por ano na economia”, diz. 

 

Esse potencial, porém, foi abafado pela crise econômica. No boom do consumo, de 2006 a 2012, mais de 3 milhões de famílias que estavam na base da pirâmide social subiram um degrau. A cada dez brasileiros que ascenderam das classes D/E à classe C, oito eram negros.

 

“Eles foram os que mais sentiram os impactos da crise, pois estavam na camada mais vulnerável dessa nova classe que se formou”, destaca Meirelles. “Com o aumento da inflação e o avanço do desemprego, muitos perderam as conquistas sociais dos últimos anos e foram para a informalidade, o que diminuiu a qualidade de vida.”

 

A recuperação econômica, porém, começa, aos poucos a reaquecer o consumo. Segundo a pesquisa, nos próximos 12 meses, 28 milhões de negros têm intenção de comprar móveis para casa; 12 milhões desejam comprar uma TV; 11 milhões, um smartphone e 10 milhões, uma geladeira. 

 

Estratégia. Para mitigar a disparidade de renda, observa Meirelles, não basta adotar medidas inclusivas apenas na educação, como cotas, mas é preciso implementar políticas que incentivem a diversidade no mercado de trabalho e “no DNA das próprias empresas”.

 

“As multinacionais são as mais avançadas nesse processo. Promover a inclusão, além de combater a discriminação, é uma estratégia de negócio, pois permite uma compreensão mais diversa e representativa do público, já que a maioria dos negros não se sentem representados em propagandas, por exemplo”, diz. 

 

Segundo cálculos da Oxfam, entidade humanitária inglesa, se mantido o ritmo de inclusão observado nos últimos 20 anos, a equiparação da renda média entre negros e brancos ocorrerá no País somente em 2089 – mais de dois séculos após a abolição da escravatura.

 

Fonte: Estadão

 


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