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Campanhas de marketing pregam o carnaval sem assédio


06/02/2018

Para aproveitar o momento da discussão sobre os limites entre paquera e assédio, reforçado por movimentos como o “Me Too”, capitaneado por atrizes de Hollywood, pelo menos duas grandes campanhas vão incentivar os foliões a exercitarem o bom senso durante o carnaval. O objetivo é aproveitar os trios, os blocos de rua e os salões de baile para debater os limites da abordagem durante a festa.

 

A ONU Mulheres, responsável pela campanha He for She – que incentiva os homens a apoiarem a igualdade entre os gêneros –, fará em 2018 sua maior ação para o carnaval. Segundo Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil, a meta é falar de um assunto sério sem resvalar num tom professoral ou no didatismo. 

 

Por isso, os materiais desenvolvidos pela Heads – que serão veiculados, sempre por meio de parcerias, em TV, meios digitais e mídia externa, como pontos de ônibus – usam cores que remetem à alegria do carnaval para dar recados simples. As peças publicitárias querem mostrar que não existe uma mistério a ser desvendado por trás do que uma mulher diz.

 

Com a frase “respeita as mina” como mote, a campanha usa situações que poderão ocorrer na prática durante os quatro dias de festa. “Se uma mulher diz que quer curtir a festa com as amigas, é porque ela quer curtir a festa com as amigas”, diz uma peça. “Quando a mulher diz que não quer beijar você, significa que ela não quer beijar você”, explica outra. 

 

Esse tipo de abordagem, segundo Ira Berloffa Finkelstein, vice-presidente de estratégia da Heads, visa a dar um “estímulo positivo” para mudar comportamentos. Falar do tema no carnaval é necessário, pois os registros de denúncias no período estão em crescimento. Só no ano passado, a Central de Atendimento da Mulher recebeu 2,1 mil atendimentos durante os quatro dias de carnaval – um aumento de 90% na comparação com 2016.

 

Na visão de Nadine, da ONU Mulheres, campanhas que pregam o respeito de gênero no dia a dia podem ter efeito na redução em casos graves de violência contra a mulher. Ela lembra que o País hoje registra cerca de 150 mil estupros por ano e 85% das mulheres dizem ter medo de sair às ruas. “A violência é um fenômeno da sociedade e tem muito impacto na vida das brasileiras”, diz a representante da ONU Mulheres.

 

Cerveja. Entre as marcas brasileiras, a cerveja Skol, da Ambev, decidiu abraçar o tema da prevenção ao assédio. Em 2017, a Skol iniciou uma linha de comunicação dedicada ao combate ao preconceito e à revisão de velhas ideias sobre raça, gênero e sexo.

 

É uma mudança de discurso dentro do histórico da marca. A própria Skol, em 2015, veiculou uma campanha de carnaval que dizia “Esqueci o ‘não’ em casa”, que, de tão criticada, foi tirada às pressas das ruas. Dentro do processo de transformação do último ano, a empresa fez uma ação em que reescreveu pôsteres do passado que traziam mensagens sexistas. 

 

Segundo Marina Fernanda de Albuquerque, diretora de marketing de Skol, as campanhas de carnaval de 2018 são uma continuação desse novo posicionamento, agora com um foco diretamente voltado ao combate ao assédio.

 

Um filme que está no ar em TV aberta desde janeiro, criado pela agência F/Nazca Saatchi & Saatchi, mostra que “chegar pegando” no carnaval não é a melhor opção. A mensagem do filme, que diferencia comentários e atitudes “redondos” e “quadrados” na hora da folia, vai ser reverberada em ações de live marketing e em banners em mobiliário urbano das principais praças do País.  

 

A Skol decidiu ampliar a conversa com influenciadores digitais, como Jout Jout, Maíra Medeiros, Tia Má, Ana Maria Brógui e Manual do Homem Moderno – todos terão a função de debater temas só “pincelados” nos filmes de 30 segundos.

 

A Heads, agência que atende a ONU Mulheres, está monitorando as veiculações para detectar se mais marcas vão começar a tratar da violência contra a mulher. Embora a agência já tenha percebido, em pesquisa de 2017, que a mulher está aparecendo mais “empoderada” na propaganda, Ira Finkelstein diz que ainda não foi detectada uma disposição generalizada das empresas em entrar no debate sobre assédio.

 

Fonte: Estadão


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