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País precisa de crescimento, e isso não é tarefa para generais


20/02/2018

São impagáveis os custos sociais da violência e da criminalidade. Cerca de 60 mil pessoas assassinadas anualmente no país impõem perdas irreparáveis a suas famílias. Familiares de policiais mortos ou feridos enfrentam momentos de enorme sofrimento e dor.

 

Os custos econômicos são incalculáveis. Além dos gastos governamentais, pessoas e corporações são obrigadas a reservar parcelas substanciais de seus recursos para a segurança. Os bancos, por exemplo, têm dezenas de milhares de homens armados nas agências e no transporte de valores. Custam R$ 9 bilhões por ano.

 

Na indústria, no comércio e no setor de serviços, é impossível estimar valores, dada a pulverização de dispêndios em pequenas, médias e grandes empresas por todo o país.

 

Além de uma chaga social, portanto, a violência passou a ser um fator importante no custo Brasil.

 

Na sexta-feira (16), o presidente Michel Temer decretou intervenção federal na segurança pública do Rio. Até 31 de dezembro, os comandos das polícias Civil e Militar do Estado, da Secretaria de Segurança, dos Bombeiros e do sistema carcerário serão subordinados ao general Walter Braga Netto.

 

Os mais recentes episódios de violência no Rio, no Carnaval, chocaram o país —crianças baleadas, supermercado saqueado, tiroteios, arrastões, bloqueios de avenidas. Boa sorte em seu trabalho é o que todo brasileiro deve desejar ao general. Há, porém, quatro observações importantes a fazer.

 

A primeira é que a violência e a criminalidade no Rio não começaram agora. Elas vêm de longe, cultivadas por irresponsabilidades administrativas, conivência de autoridades com facções e corrupção. Os índices de criminalidade também não estão no auge, apesar do enorme impacto de mídia. O número de mortes violentas no Rio caiu bastante desde o início do século, passando de 8.000, em 2000, para 4.500, em 2012. A partir de então, voltou a subir e atingiu 6.700 no ano passado.

 

A segunda é que o crime não constitui privilégio do Rio. Está espalhado pelo país, e isso exige ações correlatas em muitos Estados, uma coordenação complicada, porque a Constituição atribui a tarefa de cuidar da segurança aos Estados, e não à União. Como se sabe, a criminalidade é inteligente e nômade. Seus eixos se deslocam para lugares onde podem se estabelecer com mais facilidade.

 

A terceira observação é que as ações não podem ser temporárias. As UPPs do Rio, por exemplo, tiveram um início de sucesso a partir de 2008, mas agora são quase ignoradas pela criminalidade. Em 2011, por exemplo, houve 13 confrontos em comunidades com UPPs. Em 2016, esse número já havia subido para 1.555.

 

A quarta é sobre a curva do gráfico das mortes violentas no Rio, que se move mais ou menos acompanhando, em sentido inverso, a linha da atividade econômica. Quando a economia sobe, os crimes diminuem e vice-versa.

 

Não há nada de científico nessa observação, mas certamente a recessão e a penúria do Estado explicam, em parte, a violência. Um ano atrás, familiares de PMs chegaram a bloquear os portões de batalhões em protesto porque os policiais não haviam recebido o 13º salário.

 

Políticas econômicas irresponsáveis, que provocam desemprego, jogam jovens desocupados nos braços da criminalidade. O país precisa, com urgência, de crescimento econômico e criação de postos de trabalho. E isso não é tarefa para generais.

 

Benjamin Steinbruch

 


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