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Brasileiro compra menos que em 2011


14/03/2018

A confiança dos consumidores voltou a ficar meio desconfiada nos primeiros dois meses do ano. Pode ser uma piora passageira de humores que, apesar de melhoras, ainda estão bem deprimidos, em níveis do choque do início de 2015, quando a economia e a política desmoronavam rapidamente.

 

Em parte, é fácil entender. O aumento do consumo é lerdo demais para compensar o empobrecimento. O comércio de varejo continua a se recuperar, viu-se nesta terça (13) pelos dados do IBGE. Cresceu 2,5% nos últimos 12 meses. Mas, entre 2004 e 2013, o ritmo era de 7,5% ao ano, em média, aparentemente insustentável, mas uma diferença enorme, seja como for, notória nas ruas do povo comum.

 

O brasileiro ainda consome em média menos que em 2011, uma queda de mais de 11%. Leva-se em conta aqui o volume de vendas por cabeça, per capita, do varejo, excetuado o comércio de veículos e o de materiais de construção caseirinhos. Considerado o varejo inteiro, a regressão vai mais longe, até 2009.

 

A precarização extensa e ainda crescente do mundo do trabalho deve deprimir mais os ânimos. A parcela dos trabalhos precários, inseguros, mal pagos e de escasso futuro no total do emprego ainda aumenta. O medo do desemprego ainda flutua em torno do mesmo nível de angústia visto desde setembro de 2015 (pela pesquisa da CNI).

 

Na conversa política ou eleitoral, quase não se ouve falar desses assuntos. Mesmo no que resta de esquerda, assuntos da vida miúda, de varejo, ficam um tanto abafados pelos slogans genéricos da “supressão de direitos sociais”. 

 

O problema do trabalho precário aparece nos ataques à reforma trabalhista, é verdade, mas a reforma nada teve a ver com a catástrofe do emprego, pelo menos até agora.

 

Não se espera de candidatos e partidos que inventem planos para o varejo, obviamente. Não é disso que se trata aqui, embora o problema do trabalho precário mereça um debate sério, urgente, pois vai durar muitos anos, mesmo com algum crescimento razoável do PIB.

 

O problema político relevante é o que dizer às pessoas assustadas e empobrecidas, quando não massacradas, muitas das quais estão sendo seduzidas por boçais odientos. Metade do eleitorado ignora ou odeia a política eleitoral e os candidatos; um quinto por enquanto acha que a solução está nas trevas.

 

A temporada de eleição ainda está longe de começar, também é verdade. É assunto de minoria, em geral de elite. Nesta eleição, a campanha vai começar bem mais tarde, além do mais. Pode ser um motivo de preocupação extra, porém: quando candidatos menos selvagens ou até melhorzinhos decidirem tomar uma atitude, ter o que dizer ao povo, talvez seja tarde demais.

 

O problema fica ainda mais difícil quando se impõe a condição de que candidatos não mintam demais, ao menos sobre o essencial. Não parece razoável acreditar que a confiança restante na democracia resista a outro estelionato eleitoral. 

 

Será necessário falar de reformas desagradáveis, sim. Mas tampouco a democracia, a estabilidade socioeconômica, a civilização e mesmo o crescimento vão ter muito futuro sem planos de reforma social, assunto que parece enterrado desde 2013.

 

Fonte: Estadão

 


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