20/12/2017
Com o tema “Gestão Sindical Pós Reforma Trabalhista - Reinventando a Resistência”, a UGT-MG realizou, entre os dias 5 e 9 de dezembro, um seminário de requalificação de suas lideranças sindicais.
O evento reuniu dirigentes sindicais ugetistas de vários sindicatos filiados, representantes dos setores público e privado. Contou, ainda, com a presença do presidente nacional da UGT, Ricardo Patah.
O objetivo foi discutir os impactos da reforma trabalhista e seus efeitos práticos no dia a dia dos sindicatos e dos trabalhadores. E, também, construir formas alternativas de gestão, administração e comunicação sindical para garantir a sobrevivência das entidades, bem como a assistência que prestam aos trabalhadores que compõem sua base de representação.
“Na verdade, nosso intuito foi promover um curso intensivo, com o objetivo de contribuir para o aprimoramento da prática sindical perante os desafios colocados. Entre os quais, a reforma trabalhista, já em vigor, e a reforma da Previdência, que poderá ser aprovada em breve”, disse o presidente da UGT-MG, Paulo Roberto da Silva.
Programação intensa
A programação foi aberta na noite do dia 5/12, com a palestra “Panorama político atual e perspectivas”, ministrada pelo doutor e professor em Ciências Políticas, Malco Camargos.
Nos dias seguintes entraram em cena os consultores Zilmara Alencar e André Souza, que abordaram temas como “Gestão e prática sindical”, “Sobrevivência financeira sindical”, "História do movimento sindical e contemporâneo", “Novos caminhos para o sindicalismo brasileiro”, “Compreendendo novos cenários de atuação”, “A quarta revolução industrial”, “O impacto das redes sociais”, “Negociações e convenções coletivas”, entre outros.
A procuradora-chefe do Ministério Público do Trabalho (MPT) de Minas Gerais, Adriana Augusta de Moura Souza, discorreu sobre “Um novo olhar nas relações de trabalho, pós reforma trabalhista”. O jornalista e comunicador Eduardo Costa, apresentador da Rádio Itatiaia de BH e da TV Record Minas, falou sobre “Comunicação e os desafios do movimento sindical”.
Parte da programação foi dedicada a dinâmicas sobre “Como estruturar o planejamento estratégico de um sindicato”, conduzido pelas psicólogas Priscila Braga e Simone Trindade, fundadoras do CETAP - Centro Especializado em Psicologia e Comportamento Humano/SP.
Para além da lei sobre a reforma trabalhista
Os palestrantes foram consensuais ao sugerir que as lideranças sindicais não se atenham apenas à lei 13.467/2017, que instituiu a reforma Trabalhista, modificada pela Medida Provisória 808/2017.
Para eles, é preciso lançar mão de outros instrumentos jurídicos para encontrar brechas e motivos de defesa e, assim, garantir e preservar os direitos dos trabalhadores. A própria CLT e a Constituição Federal tornam-se leitura obrigatória e aprofundada nesse novo contexto. Existem, ainda, as convenções internacionais, ratificadas pelo Brasil e que têm força supra constitucional.
“Precisamos pinçar outras legislações e proteger o trabalhador sob a ótica mais favorável”, disse Zilmara. A procuradora-chefe do MPT, por sua vez, declarou que “Os sindicatos têm que saber tudo sobre a reforma, inclusive suas inconstitucionalidades, para fazer o contraponto”.
Diálogo entre a UGT Nacional e as estaduais
O presidente nacional da UGT, Ricardo Patah, dedicou parte da manhã do dia 6/12 a um bate papo com as lideranças ugetistas mineiras, que tiveram a oportunidade de trocar ideias sobre posições da entidade em relação a temas que dominam o cenário. Entre os quais, a própria reforma trabalhista, a reforma da Previdência e as mobilizações nacionais em defesa de direitos.
Falaram, ainda, da necessidade de uma aproximação e um diálogo maior entre a nacional e as estaduais, para que haja a uniformidade nos discursos e nas reivindicações e uma interlocução mais assertiva e qualificada com as bases.
Sobre a reforma trabalhista, Patah avalia que a MP 808/2017 não deverá ser votada antes de maio de 2018 e ele não crê na volta do imposto sindical. “Ainda tem gente acreditando nisso, mas não vai acontecer”, disse.
Na avaliação de Patah, as entidades sindicais precisam aprender a se adequar ao novo cenário, diminuindo despesas e aumentando as receitas. Para ele, é primordial que retomem o contato com as bases e voltem às ruas para fazer sócios conscientes, aqueles que ajudarão a fortalecer o sindicato e a valorizar a categoria; e não apenas para usufruir dos serviços oferecidos.
O dirigente ugetista comentou que os impactos tem sido grandes na UGT, com a perda de aproximadamente metade de sua receita. Para fazer frente à baixa no orçamento, a central está adequando a estrutura física de sua sede, em São Paulo, e readequando o quadro de funcionários. “O movimento sindical se distanciou das bases por que estava tranquilo. Os dias de glória não voltam mais”, frisou Ricardo Patah.
UGT - União Geral dos Trabalhadores