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Bancos devem dificultar concessão de crédito em meio a um cenário econômico mais difícil em 2025


21/02/2025



Após um resultado combinado de R$ 112,7 bilhões em 2024, alta de 16,4% em um ano, os maiores bancos do País entram em 2025 com velas ajustadas diante do aumento dos riscos para o crédito. Com juros e inflação em alta, as instituições financeiras querem manter o crescimento, mas vão desacelerar em relação a 2024 e devem concentrar o foco em negócios que apresentam menores riscos.


Entre os três maiores bancos privados, isto significa concessão concentrada em linhas de pessoas físicas para clientes conhecidos, e com um porcentual maior de garantias. O Banco do Brasil, segundo maior banco brasileiro em volume de ativos, deve se valer das exposições ao agronegócio e a carteiras de pessoas físicas que são menos voláteis, duas vantagens que mantêm seus índices de inadimplência no pelotão vencedor do setor.


“Aos poucos, os bancos começam a convergir para o pessimismo que observamos nos preços dos ativos, nas curvas de juros”, afirma o analista de instituições financeiras da XP, Bernardo Guttmann. “A preocupação com o PIB e a inflação deve começar a refletir na renda das famílias, levando a uma desaceleração na concessão de crédito neste ano.”


As projeções das instituições para este ano deixam clara essa tendência. Itaú e Bradesco divulgaram expectativas de crescimento de carteira que ficam abaixo dos números observados em 2024. O Santander não informa projeções, mas já começou a colocar o pé no freio no terceiro trimestre do ano passado.


A percepção do mercado é que o movimento é preventivo. “Vejo muito mais uma visão conservadora dos bancos do que uma piora de fato. Olhando os dados do quarto trimestre e as projeções de despesas com provisão, nenhum dos números foi ruim”, diz Gustavo Schroden, analista de instituições financeiras do Citi.


No ano passado, os quatro maiores bancos listados (Itaú, BB, Bradesco e Santander) tiveram crescimento de lucro. Nos casos de Itaú e BB, os resultados foram recordes, enquanto Bradesco e Santander mostraram recuperação após os números mais fracos do ano retrasado.


Os números de 2024 e do quarto trimestre destoam do que se espera para 2025. “A dinâmica de resultado foi bem parecida com a do terceiro trimestre, refletindo um ambiente estável, inadimplência controlada, expansão da carteira, muito em linha com as projeções”, afirma Guttmann, da XP.


A mudança de expectativa é comum a todo o setor. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou nesta semana que as projeções do setor para o crescimento do crédito neste ano caíram de 9% para 8,5% desde dezembro, diante da piora do cenário. No ano passado, o crédito cresceu 10,9% no País.



Lições aprendidas

Para manter o crescimento, os bancos devem aplicar a fórmula adotada no pós-pandemia, com foco em produtos mais seguros e clientes com maior capacidade de pagamento. Foi seguindo essa receita que as instituições “limparam” as carteiras atingidas por maior inadimplência a partir de 2022, ano em que a alta da inflação e dos juros pesou sobre os bolsos das famílias.


“Nós vamos trabalhar com os melhores riscos e modalidades para garantir uma carteira saudável”, disse o presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, em entrevista à imprensa no início do mês.


O Bradesco passou a informar ao mercado a projeção para a chamada margem líquida, que é o ganho com empréstimos menos as despesas com provisões. A mudança se relaciona com o novo foco do banco, que é ampliar a rentabilidade a partir não da margem bruta das operações, mas sim do resultado líquido delas, já descontados os riscos. A carteira do banco finalizou 2024 com o maior patamar de garantias em seis anos.


O BB, que mostrou um apetite alinhado aos rivais, também deve focar na rentabilidade líquida. “Quando falamos em crescer a carteira de 7% a 11%, é porque queremos crescer a margem líquida de 7% a 11%”, disse o vice-presidente de Controles Internos e de Gestão de Riscos do banco, Felipe Prince. Linhas como consignado devem ser o foco do banco.


Embora tenha mantido projeções para a margem bruta e para provisões, o Itaú também manifestou que o foco será em linhas de menor risco. “A nossa estratégia de crescimento não muda em relação a 2024 e 2023. Nós continuamos muito focados em clientes que são mais resilientes ao ciclo”, disse o presidente do banco, Milton Maluhy.


Para o mercado, embora tenham o mesmo discurso, os bancos partem de pontos diferentes. “O Bradesco tem uma dificuldade adicional dado o momento operacional, porque está passando pela reestruturação”, diz Guttmann, da XP.


No caso do BB, a composição da carteira tende a reduzir a volatilidade. “A carteira do BB tem um componente de rural, que normalmente cresce acima das outras linhas por características próprias”, afirma Schroden, do Citi. “Nas linhas comuns entre os quatro bancos, não é de se esperar que venha com uma cabeça tão diferente dos demais.”


Entre pessoas físicas, o banco público espera crescer até 11% neste ano. A previsão embute a exposição a clientes como os funcionários públicos, que têm renda e emprego mais estáveis e, portanto, menor risco. Além disso, as linhas de maior representatividade são as de consignado, que também são menos arriscadas.


Fonte: Contec/Estadão




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