07/04/2025
estudo foi realizado pela Ação da Cidadania com 1.700 entregadores e apontou diversos problemas para os trabalhadores exercerem a profissão com um mínimo de dignidade.
Os dados são alarmantes e mostram um setor em perigo de colapso, por conta da falta de condições de trabalho. Além de longas jornadas de trabalho, a baixa remuneração impede que os trabalhadores cumpram obrigações sociais, como pagamento de contribuição previdenciária ou invista em equipamentos de segurança e qualificação.
Esses dados revelam uma situação de vulnerabilidade social dos trabalhadores, especialmente porque 66,6% são os principais responsáveis pela renda da família, não sobrando assim, dinheiro para pagar contas ou o pior: ter uma qualidade de vida mínima com sua família.
A pesquisa mostrou também uma rotina intensa de trabalho, muitas vezes boa parte do dia em cima da moto, em alguns casos, sequer sem fazer uma refeição decente.
Isso é resultado de um modelo de negócio das empresas de aplicativos sem qualquer relação trabalhista com o entregador, deixando para os governos públicos a conta a ser paga em caso de acidentes, por exemplo.
"As empresas de aplicativos de entrega não dão assistências a seus colabores, que dependem de assistências sociais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas), e de serviços públicos, como o Sistema Único de Saúde (SUS)", afirma o diretor-executivo da Ação da Cidadania, Rodrigo "Kiko" Afonso, que acrescenta, "os entregadores acabam aceitando essas condições de trabalho por uma falsa sensação de liberdade de horário e de produção".
Dessa forma, os custos desse trabalho é do o entregador, que ainda precisa arcar com despesas fixas de moradia e alimentação. Sem recursos ou alternativas, os entregadores vivem um sistema exploratório em que vivem cada vez mais miseravelmente enquanto as empresas de aplicativos ficam bilionárias.
Abaixo, você confere dados impressionantes da pesquisa que comprovam sistema exploratório e precarização do setor.
> 72% não realizaram contribuições previdenciárias em 2024;
> 41% já sofreram acidente de trabalho, que geraram, em 16% dos casos, afastamentos das atividades profissionais sem remureação;
> 56,7% trabalham todos os dias;
> 90,6% não possuem seguro de vida;
> 90% não contam com plano de saúde;
> 56,4% passam mais de nove horas por dia nas ruas;
> 91,5% tem o serviço de entrega delivery como ocupação principal;
> 86% não exercem nenhuma outra atividade profissional;
> 13,5% vivem em restrição alimentar moderada ou grave, um índice superior à média nacional de 9,4%;
> 32% estão em situação de insegurança alimentar, ou seja, três em cada dez entregadores têm dificuldades para garantir uma alimentação adequada;
> 99% pagam do próprio bolso o plano de dados para acessar o aplicativo de entrega;
> 93,4% não tem seguro para o celular;
> 67,6% não tem seguro do veículo;
> 93,9% são homens;
> 67% são negros;
> 92% não estão nas universidades
> 76,4% concluíram somente o ensino fundamental ou médio;
> 60,2% tem entre 18 e 29 anos, o que indica uma grande presença de jovens nesse setor.
UGT - União Geral dos Trabalhadores