02/05/2025
No Dia do Trabalhador, 1º de maio, a Praça Campo de Bagatelle, na zona norte de São Paulo, foi tomada por milhares de pessoas em um grande ato unificado promovido pelas centrais sindicais brasileiras. Trabalhadores e trabalhadoras de todas as regiões da cidade, representantes de sindicatos, parlamentares e ministros do governo federal participaram da celebração que também foi, sobretudo, um grito coletivo em defesa dos direitos trabalhistas e por mais dignidade nas relações de trabalho.
Organizado pela UGT (União Geral dos Trabalhadores), Força Sindical, CTB, CSB, Nova Central e Pública, o evento marcou o retorno dos atos presenciais de 1º de Maio promovidos conjuntamente pelas centrais. O grande destaque da manifestação foi a defesa do fim da jornada de trabalho 6x1 — um modelo exaustivo e desatualizado que afeta milhões de trabalhadores brasileiros e compromete sua qualidade de vida.
Ricardo Patah: protagonismo da juventude e fim da escala 6x1
O presidente da UGT, Ricardo Patah, foi enfático ao defender a união das centrais sindicais como fonte de força para a preservação e ampliação de direitos. “Este ato é a prova viva de que a classe trabalhadora está pronta para enfrentar os desafios do presente e do futuro. A unidade das centrais é fundamental para barrar retrocessos e conquistar avanços”, afirmou.
Durante seu discurso, Patah reafirmou o compromisso da UGT com a campanha nacional pelo fim da escala 6x1. Para ele, trata-se de uma jornada que impede a convivência familiar e nega aos trabalhadores o direito de usufruir de momentos de lazer, descanso e autocuidado. “O 6x1 é uma agressão à vida das pessoas. Trabalhador e trabalhadora precisam de tempo para si, para seus filhos, para seus sonhos. Não podemos aceitar uma lógica que transforma a vida em apenas trabalho”, pontuou.
Patah também destacou o impacto ainda mais cruel da escala sobre as mulheres, que enfrentam duplas ou triplas jornadas. “É desumano exigir seis dias de trabalho por semana de quem, além do emprego, ainda cuida da casa, dos filhos e da família. Precisamos repensar esse modelo e garantir mais equidade”, disse.
Em sua fala, o presidente da UGT fez um apelo direto à juventude: “Precisamos que os jovens estejam presentes nas lutas sindicais, que conheçam as entidades que representam seus interesses. É por meio da participação que construiremos um futuro melhor, mais justo e com trabalho digno para todos.”
Presença do Governo Federal reforça diálogo social
O ato contou com a participação de três ministros do governo federal: Luiz Marinho, do Trabalho e Emprego; Márcio Macêdo, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República; e Cida Gonçalves, ministra das Mulheres. A presença das autoridades reforçou o canal de diálogo entre o movimento sindical e o governo, essencial para o avanço de pautas estruturantes como igualdade salarial, combate à informalidade e valorização do trabalho formal.
Sindicatos filiados à UGT marcaram presença com pautas fortes
Vários sindicatos ligados à UGT participaram ativamente da mobilização. O Siemaco-SP se destacou com uma grande faixa exigindo o fim da jornada 6x1. O Sindmotorlix, Sindicato dos Motoboys, os Comerciários de São Paulo, o Sintetel (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações), Stilasp e outras entidades também marcaram presença, levando suas reivindicações e demonstrando a força das categorias organizadas.
Canindé Pegado, secretário-geral da UGT, falou sobre a importância da unidade sindical: “É tempo de nos fortalecermos, de trabalharmos juntos. As centrais não podem estar divididas quando os direitos da classe trabalhadora estão em jogo. A união é o que faz nossa luta ecoar com mais força.”
Mulheres na linha de frente da luta por igualdade
A secretária da Mulher da UGT e diretora do Sintetel, Maria Edna Ferreira de Medeiros, destacou a importância de políticas públicas voltadas para as mulheres trabalhadoras. Ela enfatizou a recente aprovação da Lei de Igualdade Salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função, como um passo fundamental rumo à justiça no ambiente de trabalho. “Não basta reconhecer o trabalho das mulheres, é preciso garantir igualdade de oportunidades, de salário e de respeito”, declarou.
Josimar Andrade, diretor do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, também subiu ao palco para reforçar a luta contra a jornada 6x1. Para ele, esse modelo está completamente ultrapassado: “O comércio mudou, o perfil dos trabalhadores mudou e a legislação precisa mudar também. O 6x1 é cruel, tira o tempo das pessoas, agride a saúde física e mental dos trabalhadores. Nossa luta é por uma jornada que respeite a vida.”
Sorteio de carros e espírito de confraternização
Além das falas políticas e sindicais, o ato também celebrou a cultura popular e promoveu sorteios de carros, iniciativa que marcou o retorno dos grandes eventos das centrais com participação massiva. A festa uniu luta e celebração, reforçando o valor da união entre os trabalhadores e destacando a importância da solidariedade de classe.
Unidade que fortalece a democracia
O ato de 1º de Maio de 2025 mostrou que, mesmo diante de tantos desafios — como a precarização do trabalho, o avanço da informalidade e o impacto da tecnologia sobre o emprego —, a classe trabalhadora continua unida, mobilizada e disposta a lutar por um país mais justo e inclusivo. A unidade das centrais sindicais e o engajamento das categorias presentes apontam para um caminho de resistência e esperança.
A UGT reafirma seu compromisso com o trabalho decente, com a valorização da mulher trabalhadora, com a juventude e com a construção de um novo modelo de jornada que respeite a vida das pessoas. O 1º de Maio é dia de festa, sim, mas também de luta — e a Praça Campo de Bagatelle foi, mais uma vez, o grande palco da cidadania e da transformação social.
Foto: Comunicação UGT
Foto: Comunicação UGT
Foto: Comunicação UGT
Foto: Comunicação UGT
Fotos: Alexandre de Paulo/SIEMACO-SP
Fotos: Alexandre de Paulo/SIEMACO-SP
Fotos: Alexandre de Paulo/SIEMACO-SP
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Foto: Comunicação UGT
UGT - União Geral dos Trabalhadores