07/05/2025
A União Geral dos Trabalhadores (UGT) manifesta profundo pesar pelo falecimento de Lourivaldo Ferreira Silva Nepomuceno, de 35 anos, comerciário, pai de três filhos — de 18, 4 e 3 anos —, que perdeu a vida de forma trágica e inaceitável no último dia 6 de maio, na estação Campo Limpo, da Linha 5-Lilás do metrô de São Paulo, quando estava a caminho do trabalho. Sua morte representa não apenas a dor de uma família devastada, mas também o retrato da negligência com que a vida do trabalhador ainda é tratada em nosso país.
Sabemos que a rotina de uma megalópole como São Paulo é, muitas vezes, insana. O estresse, a pressa e o cansaço fazem parte do cotidiano e, com isso, nos submetemos a riscos que poderiam — e deveriam — ser evitados. Quem nunca correu para entrar no metrô ao ouvir o sinal de fechamento das portas? São atitudes corriqueiras em grandes cidades, que revelam um sistema que empurra o cidadão à imprudência — não por escolha, mas por necessidade.
No entanto, o que espanta, especialmente em pleno ano de 2025, é que, com tantos avanços tecnológicos disponíveis, ainda não existam sistemas capazes de impedir a movimentação dos trens em situações de risco, como quando há alguém preso entre as portas. O acidente que vitimou Lourivaldo evidencia a ausência de protocolos eficazes por parte da concessionária ViaMobilidade, responsável pela operação da Linha 5-Lilás.
As portas de segurança, instaladas nas estações justamente para prevenir acidentes, falharam. Lourivaldo ficou preso entre as portas da plataforma e do trem, sem qualquer chance de se desvencilhar. Situações como essa mostram a necessidade urgente de se debater a criação de normas específicas — ou de um grupo técnico permanente — para a prevenção de acidentes em todos os ambientes das estações: escadas rolantes, elevadores, plataformas, entre outros. Medidas como essas já poderiam ter sido implementadas, se houvesse a devida seriedade e vontade política.
Essa tragédia também nos leva a refletir sobre os impactos do modelo de privatização adotado no transporte público. Empresas privadas assumem a operação de sistemas construídos com recursos públicos, sob a promessa de modernização e eficiência. No entanto, muitas vezes colocam o lucro acima da vida. Quem fiscaliza a segurança dessas operações? Quem cobra contrapartidas reais das concessionárias?
No mundo do trabalho, temos as Normas Regulamentadoras (NRs), que orientam e protegem os trabalhadores com relação à saúde e segurança. Auditores-fiscais do trabalho atuam na fiscalização do cumprimento dessas normas em todo o país. Mas e nas empresas privatizadas que operam serviços públicos essenciais? Onde está a fiscalização? Será preciso que mais trabalhadores morram a caminho do trabalho para que medidas concretas sejam tomadas?
A UGT alerta: segurança no transporte público é um direito da população. A morte de Lourivaldo não pode ser tratada como um caso isolado ou uma fatalidade. É, sim, consequência direta da precarização da gestão do serviço e da omissão de responsabilidades — tanto da concessionária quanto do poder público.
É preciso responsabilizar gestores, revisar contratos e exigir investimentos reais em tecnologias que garantam a integridade física dos usuários. A sociedade civil, os sindicatos e os órgãos de controle precisam estar atentos. Não se trata apenas de conforto ou eficiência: trata-se de salvar vidas.
A UGT se solidariza com a família de Lourivaldo, exige uma apuração rigorosa do caso e cobra da ViaMobilidade e do Governo do Estado de São Paulo ações imediatas para reforçar os protocolos de segurança e impedir que novas tragédias como essa voltem a ocorrer.
A morte de um trabalhador não pode ser banalizada. É urgente romper com a lógica perversa em que a vida vale menos que o lucro.
UGT - União Geral dos Trabalhadores