28/05/2025
O crescimento desenfreado das apostas online no Brasil, popularizadas sob o nome de bets, tem afetado diretamente a vida de milhares de trabalhadores e suas famílias. O que antes parecia uma diversão inofensiva se transformou em um problema de saúde pública, com impactos graves sobre o orçamento doméstico, a saúde mental e a estabilidade profissional dos que se envolvem compulsivamente com esses jogos.
Casos como o de Vinícius Ferreira, de 28 anos, morador da periferia de Belo Horizonte, que largou dois empregos para se dedicar às apostas e acabou tirando a própria vida após perder a casa e enfrentar forte endividamento, são exemplos extremos, mas não isolados. Em dezembro de 2023, a cearense Ângela da Paz, de 39 anos, cometeu suicídio após acumular mais de R$ 500 mil em dívidas com o “jogo do aviãozinho”. A família só descobriu o envolvimento dela com as apostas após sua morte.
Outro caso chocante ocorreu em Campinas (SP), em julho de 2024, quando o mecânico Marcos Roberto Machado, de 52 anos, foi encontrado morto após desaparecer por dois meses. Ele havia contraído uma dívida de R$ 200 mil com agiotas após perdas no chamado “Jogo do Tigrinho”.
Já existem relatos sobre trabalhadores do setor de asseio e limpeza afetados pelos jogos. Os dados disponíveis sugerem que profissionais desses setores, muitos pertencentes às classes C, D e E, estão entre os mais vulneráveis ao apelo das plataformas, que prometem lucro fácil, mas acabam comprometendo salários inteiros, relações familiares e a saúde mental.
Segundo o SUS, o número de atendimentos relacionados ao vício em jogos aumentou sete vezes entre 2020 e 2024, com crescimento significativo entre mulheres. O psiquiatra Hermano Tavares, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, alerta que o jogo patológico possui efeitos neurológicos comparáveis aos de drogas. “A pessoa começa com pequenas apostas, mas logo passa a perseguir prejuízos, acreditando que vai recuperar o que perdeu. Esse ciclo leva ao colapso financeiro e emocional”.
Diante desse cenário, o presidente do SIEMACO São Paulo, André Santos Filho, manifestou preocupação com os riscos para a categoria e o comprometimento da renda familiar dos trabalhadores. “As apostas online têm se mostrado um perigo real. Nossos grana estão expostos a armadilhas que comprometem não só o salário, mas a saúde mental e a estrutura familiar. É urgente haver regulamentação, disse.
O dirigente afirma que o SIEMACO-SP já estuda uma ação para combater o vício em jogos, auxiliando quem sofre desse mal. “Da nossa parte, estamos preparando uma cartilha de orientação e intensificando ações de comunicação para alertar a categoria”, completou André.
Para quem enfrenta esse tipo de problema, existem serviços gratuitos especializados em São Paulo:
PRO-AMJO – Instituto de Psiquiatria da USP
Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, 785 – Cerqueira César
(11) 2661-7805 / (11) 99004-6247
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Jogadores Anônimos – Escritório Regional SP
Rua Paulino Guimarães, 93 – Luz – (11) 3229-1023 / 99571-6942
jogadoresanonimos.com.br
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CAPS – Centros de Atenção Psicossocial (SUS)
Endereços no portal: capital.sp.gov.br/saude
*Com informações de: canal Vítimas das Bets (YouTube), UOL Notícias, Wikipédia, Folha de S.Paulo, Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (IPq-HCUSP), portal Jogadores Anônimos e Prefeitura de São Paulo.
Fonte: Siemaco
UGT - União Geral dos Trabalhadores