28/05/2025
Como mulher, sindicalista, ativista e cidadã brasileira, não posso me calar diante das cenas lamentáveis que o Brasil presenciou nesta terça-feira, 27 de maio, durante audiência pública no Senado Federal.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, foi duramente atacada com palavras e posturas agressivas que escancararam o machismo estrutural que ainda assombra os espaços de poder no nosso país.
Marina Silva não é apenas uma mulher pública. É ministra de Estado. Uma mulher, símbolo internacional da causa ambiental. Uma brasileira reconhecida por sua trajetória de resistência, coragem e compromisso com as causas sociais e ecológicas. Atacá-la daquela forma — no coração do poder político brasileiro, o Senado da República — é uma afronta não só a ela como pessoa, mas ao próprio Estado Democrático de Direito.
O que vimos ali não foi um embate de ideias. Foi um ato de violência política e de gênero. Misoginia, e que reforça o quanto ainda precisamos avançar na desconstrução de um modelo patriarcal, machista e sexista profundamente enraizado na cultura e na política brasileira. Uma agressão transmitida ao vivo, que desrespeita TODAS as mulheres, por todo o país. Que choca pela brutalidade e reflete a realidade de muitas mulheres que ocupam espaços públicos e que ousam ter voz neste país.
Estamos no século XXI e não podemos mais tolerar, muito menos naturalizar o machismo estrutural em espaços públicos e o ódio disfarçado de discurso político. O poder executivo precisa cobrar sanções aos responsáveis por tal episódio a uma Ministra de Estado.
Precisamos cobrar postura do poder legislativo, com penalização dos mesmos responsáveis e acabar com a rotina que escolhe como alvo mulheres. Mexeu com uma, mexeu com TODAS!
Ao atacar Marina, atacaram todas nós. Porque sabemos que esses atos de violência não têm como base argumentos técnicos ou desacordos institucionais: têm como raiz o incômodo de ver uma mulher forte, negra, oriunda da floresta e das lutas sociais, ocupar uma cadeira de protagonismo. Por isso, meu repúdio é total. E minha solidariedade, incondicional.
Como representante da Secretaria da Mulher da União Geral dos Trabalhadores (UGT), reforço nosso compromisso com a luta por respeito, igualdade e dignidade para todas as mulheres — sejam elas ministras, professoras, trabalhadoras em suas diversas áreas representadas por nossos sindicatos filiados, trabalhadoras no lar ou lideranças comunitárias. Seguiremos unidas e vigilantes, porque não abriremos mão das conquistas que nos trouxeram até aqui, e não descansaremos enquanto atitudes como essa ocorrerem dentro das instituições do povo, e que devem ser exemplos para o país.
É preciso lembrar que quem ofendeu Marina Silva não era apenas um cidadão. Era um parlamentar, um representante da República Federativa do Brasil. E um representante eleito pelo voto do povo, precisa estar à altura do cargo que ocupa, respeitar a liturgia do espaço público e agir com DECORO. Quando falta isso, não se atinge apenas uma mulher — se atinge a própria imagem do Brasil diante do mundo.
Estamos juntas, ministra Marina! Sua luta é nossa LUTA. Sua resistência só fortalece ainda mais o NOSSO caminho.
Maria Edna Medeiros
Secretária da Mulher da UGT
UGT - União Geral dos Trabalhadores