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Imagine um paraquedista em queda livre. Ele salta com confiança porque sabe que está com o equipamento certo: um paraquedas testado, com manual de uso e, principalmente, garantido por regras de segurança. Agora, imagine se, durante a queda, alguém começa a gritar que usar paraquedas é coisa de “acomodado”, que o verdadeiro aventureiro “constrói suas asas enquanto cai”. Parece absurdo, não é? Pois é exatamente isso que tem acontecido com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) nas redes sociais.

Nas últimas semanas, uma nova onda tenta transformar em piada — ou pior, em sinônimo de fracasso — o trabalhador celetista. Dizem que ter carteira assinada é coisa de quem se acomodou, que o “certo” é empreender, abrir MEI, “ser o próprio patrão”... Mas ninguém fala da insegurança, da ausência de direitos, da falta de férias, 13º, FGTS, licença maternidade ou aposentadoria. O trabalhador celetista é justamente aquele que, apesar de todas as adversidades do mundo do trabalho, ainda tem um mínimo de proteção garantida. Ele não está na queda livre — está de paraquedas.

Essa narrativa de desprezo à CLT não é espontânea. É parte de uma tentativa maior de normalizar o trabalho precário. E isso interessa a quem? Certamente não aos trabalhadores. Interessa a empresas que querem contratar sem compromisso, explorar sem consequência e lucrar sem partilhar. Interessa a quem quer um país sem justiça social.

Ter direitos não é retrocesso. Ter férias, jornada regulada, estabilidade em caso de acidente, plano de saúde e proteção contra demissão injusta são conquistas históricas. A CLT é o resultado de décadas de luta, e não um peso para o trabalhador. O que realmente atrasa o Brasil não são os direitos, mas a tentativa de desmontá-los com memes, vídeos virais e falsos “coaches de liberdade”.

Vamos abrir os olhos: quem despreza a CLT ou nunca precisou dela ou já está ganhando para fingir que não precisa.

Porque ser CLT é o melhor caminho?

A CLT é mais do que um conjunto de leis: é o que separa o trabalho digno da exploração.

Desde 1943, quando foi criada, a Consolidação das Leis do Trabalho garantiu aos brasileiros jornada limitada, férias, 13º, FGTS, licença maternidade e aposentadoria. Coisas que hoje parecem básicas, mas que foram conquistadas com muita luta.

Em um cenário onde o trabalho precário avança disfarçado de “liberdade”, é a CLT que protege quem vive de salário. Sem ela, a instabilidade vira regra, e o trabalhador volta a ser visto como peça descartável.

É possível sonhar com o próprio negócio ou com novas formas de trabalho — mas nunca à custa da dignidade alheia.

A CLT segue firme, garantindo equilíbrio, proteção e justiça nas relações de trabalho. Desvalorizar isso é desvalorizar o próprio trabalhador.