05/06/2025
O dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, não é apenas uma data simbólica. É um marco urgente de reflexão e mobilização. Em tempos de emergência climática, não há como dissociar a preservação ambiental da defesa do trabalho decente. A pauta ecológica é, hoje, uma pauta trabalhista. Afinal, sem planeta, não há trabalho. E sem trabalho digno, não há desenvolvimento sustentável.
As mudanças climáticas, antes tratadas como problema do futuro, se impuseram como uma realidade inegável no presente. Ondas de calor, chuvas intensas, escassez hídrica, aumento de doenças respiratórias e desastres naturais se multiplicam em todo o planeta. Esses fenômenos afetam diretamente a produção de alimentos, a infraestrutura urbana, a economia e, consequentemente, a vida dos trabalhadores.
Esse tema central está sendo amplamente debatido na 113ª Conferência Internacional do Trabalho, promovida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que teve início em 2 de junho, em Genebra, na Suíça. A conferência reconhece que a degradação ambiental e o aquecimento global impactam profundamente o mercado de trabalho e exigem respostas imediatas por parte de governos, empresas e entidades sindicais.
A União Geral dos Trabalhadores (UGT) tem sido uma das vozes mais atuantes nesse debate. Representando milhões de trabalhadores em todo o país – especialmente nos setores do comércio e serviços urbanos –, a central alerta para o impacto desigual da crise climática: são os mais pobres que enfrentam as piores consequências. Trabalhadores expostos ao calor extremo, como motoboys, garis e condutores, sofrem com a falta de estrutura e proteção. Além disso, o colapso dos transportes públicos em dias de clima severo, o aumento de doenças respiratórias e os prejuízos causados por enchentes colocam em risco a saúde, a renda e a dignidade de milhares de brasileiros.
A tragédia climática vivida pelo povo gaúcho no último ano é uma evidência clara de como a crise ambiental já compromete o direito de ir e vir, destrói empregos e impede a recuperação econômica de comunidades inteiras. Em São Paulo, maior cidade empregadora do país, o registro do ar mais poluído do mundo em 2023 escancarou o problema. Os que trabalham nas ruas respiram esse ar todos os dias – e adoecem.
É preciso encarar a transição ecológica como parte do projeto de desenvolvimento com justiça social. A UGT defende políticas públicas que garantam a adaptação dos postos de trabalho aos novos desafios climáticos, com foco em proteção à saúde, infraestrutura adequada e promoção de empregos verdes. Estamos comprometidos com a conscientização da sociedade e com a formação sindical voltada ao tema ambiental, promovendo debates, cursos e participando ativamente das principais agendas internacionais, como a próxima COP30, em Belém, em 2025.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 1,2 bilhão de empregos estão ameaçados em todo o mundo devido à degradação ambiental. Isso representa cerca de 40% da força de trabalho global. Esses dados revelam que a luta contra as mudanças climáticas é também uma luta contra o desemprego e a precarização.
Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, a UGT reforça: não existe justiça social sem justiça climática. Proteger o meio ambiente é proteger o trabalhador. A hora de agir é agora.
UGT - União Geral dos Trabalhadores