10/07/2025
Nós, das
centrais sindicais brasileiras, representantes de trabalhadoras e trabalhadores
de diversos setores da economia, repudiamos o “tarifaço” de 50% sobre as exportações
brasileiras, anunciado pelo governo dos Estados Unidos, liderado por Donald
Trump.
Essa medida
intempestiva, que remete à memória sombria da participação dos EUA no golpe
1964, não passa de uma reação hostil às decisões do Supremo Tribunal Federal
envolvendo empresas estadunidenses que atuam no Brasil. Trata-se, ainda, de um
conluio com o bolsonarismo, que insiste em alimentar polarizações e estimular
grupos de extrema-direita a traírem os interesses nacionais.
Alertamos
para os impactos devastadores que a sobretaxa pode causar à economia e à classe
trabalhadora. Um aumento abrupto de 50% nas tarifas sobre nossas exportações —
vindas de um país com o qual mantemos mais de 200 anos de relações comerciais —
ameaça diretamente a indústria, o agronegócio e diversos setores produtivos,
com risco real de demissões em massa, fechamento de empresas e agravamento do
desemprego. A medida também tende a encarecer o custo da produção, pressionando
a inflação e elevando o custo de vida. Há ainda o risco de instabilidade
cambial.
Diante desse
ataque à nossa soberania, apoiamos a resposta firme e altiva do governo
federal, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e saudamos a
recente aprovação da Lei da Reciprocidade Econômica. O governo deve utilizar
todos os instrumentos legais para proteger nossa economia e o povo brasileiro.
É também
necessário exigir a cassação do mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro
que, mesmo abrigado no exterior e recebendo salários pagos pela população
brasileira, agiu como um verdadeiro agente estrangeiro ao fomentar sanções
contra o próprio país. Isso configura crime de lesa-pátria.
Ao mesmo
tempo, defendemos que o Brasil preserve e fortaleça suas relações
internacionais, buscando uma solução pacífica, multilateral e justa. Confiamos
que o governo saberá equilibrar firmeza e diplomacia para impedir a escalada de
uma crise provocada pelo autoritarismo de Donald Trump.
Reafirmamos,
por fim, nosso compromisso inegociável com a soberania nacional, com a
legitimidade das instituições democráticas e com os direitos da classe
trabalhadora. O Brasil é dos brasileiros — e somente ao povo, por meio de suas
instituições, cabe decidir os rumos do país.
Pela
soberania nacional, pela democracia e pelo emprego!
São Paulo, 10 de julho de 2025
Sérgio Nobre, presidente da CUT (Central Única
dos Trabalhadores)
Miguel Torres, presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos
Trabalhadores)
Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Antonio Neto, presidente da CSB (Central dos
Sindicatos Brasileiros)
Moacyr Tesch Auersvald, presidente da NCST (Nova Central
Sindical de Trabalhadores)
Nilza Pereira de Almeida, secretária geral da Intersindical –
Central da Classe Trabalhadora
José Gozze, presidente da Pública, Central do
Servidor
UGT - União Geral dos Trabalhadores