16/07/2025
Apesar dos avanços, pessoas com deficiência (PcDs) continuam enfrentando barreiras no mercado de trabalho. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua/IBGE – 2022), o Brasil tem hoje 18,6 milhões de pessoas com deficiência. Ainda assim, a presença dessas pessoas no mundo do trabalho ainda é um desafio.
Um estudo conduzido pela consultoria Coexistir, em parceria com Talento Incluir, Instituto Locomotiva, iO Diversidade e Pacto Global, revela um cenário preocupante:
Mais de 60% das pessoas com deficiência nunca foram promovidas, mesmo após mais de três anos de atuação na empresa;
84% não ocupam cargos de liderança;
Apenas 12% estão em funções mediadoras, como gerência ou supervisão;
E apenas 2% ocupam posições como diretor(a), vice-presidente ou presidente.
Os dados revelam um limite estrutural para o crescimento profissional dessa população, que permanece concentrada em postos operacionais e longe das decisões estratégicas.
Outro obstáculo apontado na pesquisa é o estigma persistente, que atinge não apenas pessoas com deficiência física, mas também aquelas com transtornos como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Muitas ainda são vistas como menos capazes, o que contribui para o preconceito e a estagnação profissional.
A Lei de Cotas, embora tenha sido fundamental para abrir portas, ainda não foi suficiente para transformar a cultura organizacional das empresas. Segundo o levantamento, 58% das pessoas com deficiência ingressaram no mercado formal por meio dessa iniciativa. No entanto, a permanência, o crescimento e o reconhecimento dentro das empresas continuam sendo desafios.
As barreiras de acesso são muitas: desde falta de acessibilidade física e comunicação adaptada até recrutamentos excludentes e ambientes hostis. Inclusão não é apenas contratar, mas oferecer oportunidades reais de crescimento, segurança, respeito e dignidade.
Num cenário em que se fala tanto sobre diversidade e inclusão, a realidade mostra que as PcDs ainda estão sendo tratadas como estatística para cumprimento de metas, e não como profissionais com potencial.
Falar sobre isso é urgente. A pauta da inclusão precisa sair dos discursos e se tornar prática cotidiana nas empresas. E, nesse processo, o papel dos sindicatos é essencial: fiscalizar, denunciar, propor mudanças e lutar para que o direito ao trabalho digno e inclusivo seja, de fato, garantido.
Fonte: UGT-Paraná
UGT - União Geral dos Trabalhadores