20/07/2025
Com o tema: "Transição Justa só com Justiça Social e a
participação dos Trabalhadores e Trabalhadoras" a UGT-PARÁ reuniu na
cidade de Santarém, a pérola do Tapajós, 20 sindicatos filiados e 75 dirigentes
sindicais no auditório do Sindicato dos Empregos no Comércio de Santarém, na
última quarta-feira, 16/07. Rosinete Rêgo dos Santos, a presidente do
Sindicato, falou da satisfação em receber os companheiros e as companheiras
para tratar de um tema tão importante como transição justa, "Santarém é
uma cidade turística do nosso Pará, temos a praia de Alter do Chão, conhecida
como o Caribe da Amazônia, mas nós temos aqui também um porto enorme de
exportação de grãos. Com a intensificação do agronegócio e a perspectiva de uma
"zona franca" de indústrias é urgente a nossa preparação para
discutir e propor alternativas para a crise climática que já chegou por aqui.
Ultimamente nos períodos de cheia, os rios estão invadindo a cidade e na seca
fica muito seco mesmo, prejudicando a navegação", explicou a dirigente
comerciária.
O seminário tem a parceria do Dieese, através do economista
e diretor técnico Everson Costa, que faz um debate imersivo com os
participantes, onde conceitos e dados ambientais, econômicos e climáticos da
região foram debatidos com muita dedicação por todos e todas. "Essa é uma
das missões do Dieese que é um órgão de assessoria do movimento sindical.
Trouxemos aqui para essa formação dados econômicos e sobre o avanço da
emergência climática que já está afetando aos trabalhadores e trabalhadoras,
porém com tendência de agravamento, se nada for feito! Por isso, despertamos em
cada dirigente sindical aqui presente, a importância de se incluir cláusulas de
prevenção às urgências climáticas nas convenções coletivas das diversas
categorias, para serem levadas às mesas de negociação coletiva de
trabalho", reforçou o economista. Porém, os números do Dieese mostraram
uma situação ainda mais grave e urgente no Pará, que é a enorme e histórica
desigualdade social. O Pará está entre as 10 maiores economias do Brasil e estima
um crescimento de 3,5% para esse ano, mas mantém sobre a população
economicamente ativa um cenário sombrio. Mais de 50% dos trabalhadores e
trabalhadoras ganham até um salário-mínimo, 60% do mercado de trabalho é
informal e, pior, 1 milhão e oitocentas mil famílias paraenses dependem dos
programas de repasse de renda governo.
Transição Justa, só com justiça social e a
participação dos trabalhadores e das trabalhadoras
“Nós acreditamos que a realização da Cop 30 no Brasil e, em
especial aqui no Pará que é o portal da Amazônia, nos dará uma excelente
oportunidade para discutir as desigualdades sociais e regionais no Brasil e no
mundo. Não tem como falar de transição justa, sem falar de justiça social, e a
participação dos trabalhadores e trabalhadoras é fundamental, porque são essas
pessoas que estarão na ponta, ou seja, executando os processos de transição
justa”, explicou Zé Francisco, secretário nacional do meio ambiente da UGT. Que
acredita que “só com o domínio dos temas que causam à crise climática que o
mundo vivencia hoje, será possível ao movimento sindical propor e participar
efetivamente de processos que levem a humanidade à criar uma relação de
produção e consumo sustentável com o meio ambiente”, completa o dirigente sindical que já
participou de uma Cop em Dubai, e esteve recentemente na pré-Cop da ONU em Bonn
na Alemanha. “Nós tivemos a honra de falar na plenária de encerramento, e
deixamos claro que estamos nos preparando para fazer o maio e o mais
significativo evento sobre meio ambiente e clima já visto na história, com a
participação de todos e todas, trabalhadores, povos originários e todas as
representações”, finaliza.
Porém, a UGT sabe que a Cop 30 também será um momento
difícil para a participação popular, o que segundo o presidente da central no
Pará, Ivan Duarte, seria lamentável. “Infelizmente estamos vendo que a
organização da Cop 30 não está ouvindo todos os setores da sociedade. Nós do
movimento sindical estamos sentindo muita dificuldade em participar. E isso tem
que ser dito! Os governos do estado e federal deveriam entender que a
participação dos representantes dos trabalhadores e da sociedade civil podem
ajudar a destravar o impasse quanto ao financiamento dos projetos de
recuperação dos danos, criados historicamente pelos países desenvolvidos, ao
meio ambiente, aos nossos mares e as nossas florestas”, explicou o presidente
da UGT no Pará. Lembrando ainda que depois de anos a conferência das partes
para discutir o clima da ONU, a Cop 30, vai acontecer em um país livre e
democrático. “Se a UGT não puder participar das discussões oficiais vamos às
ruas marcar posição e levar as nossas propostas para o público mundial”,
finaliza Ivan Duarte.
A Caminhada de formação da UGT no Pará segue firme. A
próxima parada será no dia 16/08, no município de Parauapebas, no sudoeste do
estado. “Nossa próxima formação será para atender os nossos sindicatos filiados
do sul e sudeste do Pará. Com a parceria do Dieese vamos fazer a análise
econômica daquela região e discutir as melhores propostas com os companheiros e
companheiras de lá. Porém, com uma diferença. O evento de formação em
Parauapebas terá uma dinâmica onde vamos fazer simulações de mesas de negociação
com cláusulas ambientais de proteção às urgências climáticas. Além de um
encerramento com um ato público em uma praça da cidade mostrando para toda a
sociedade à importância da participação de todos e todas nessa discussão
climática!”, concluiu, Zé Francisco, responsável pela pasta do meio ambiente da
UGT nacional.
Cristina Nascimento
ASCOM – UGT-PARÁ
UGT - União Geral dos Trabalhadores