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Infelizmente, o Brasil amanheceu mais triste. Perdemos Preta Gil, uma das vozes mais autênticas e marcantes da nossa música popular. Mulher preta, carismática, combativa e independente, Preta não foi apenas uma artista; foi uma potência que enfrentou, com coragem, o racismo, a homofobia, a gordofobia, a violência de gênero e todas as formas de discriminação que ainda insistem em assombrar a nossa sociedade.

Quis o destino que justamente no Dia do Amigo a gente se despedisse dessa mulher que, mesmo sem fazer parte do nosso círculo mais próximo, era de casa. Estava na sala quando aparecia na TV, no nosso churrasco quando suas músicas animavam o ambiente. Preta era presença, era afeto, era verdade.

Vi, com profunda admiração, como ela enfrentou os desafios que a vida lhe impôs. Lembro dos tempos difíceis em que foi alvo de chacota no antigo programa Pânico. Ela denunciou aquilo que muitos deixaram passar: o desrespeito travestido de humor. Enfrentou o ódio nas redes sociais com a mesma altivez com que enfrentou o câncer. E mesmo nos momentos mais difíceis, Preta seguiu sendo dona de si, íntegra, generosa com o público e firme com seus posicionamentos.

Sua última luta, contra o câncer, expôs também outro tabu: o preconceito contra pessoas ostomizadas. Preta trouxe visibilidade àqueles que vivem com bolsas de colostomia, mostrando que dignidade e humanidade estão acima de qualquer condição física.

Neste momento de dor, eu, Ricardo Patah, presidente da UGT e do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, em nome de toda a nossa Central, me solidarizo com a família Gil e com todos os brasileiros e brasileiras que hoje choram essa perda irreparável.

Descanse em paz, Preta. Sua voz permanece viva em cada nota, em cada sorriso, em cada luta por um país mais justo e inclusivo.