Na Semana da 15ª edição da Virada Sustentável, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) promoveu na sede nacional, em São Paulo, importante seminário sobre trabalho e clima sobre os desafios da transição justa. O evento foi coordenado pelos técnicos Victor Pagani e Nelson Karam.
Este foi o segundo encontro regional, onde membros do DIEESE, representantes das centrais sindicais, sindicatos e trabalhadores de diversas categorias trocaram experiências, ideias e soluções sobre a transição justa rumo ao mundo mais verde, sustentável e inclusivo à classe trabalhadora.
O secretário de organização e relações do trabalho, juventude e pessoas com deficiência do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo e presidente eleito da NCST-SP, Nailton Francisco de Souza (Porreta), destacou a importância do tema para a sociedade. No entanto, lembra que os trabalhadores estavam à parte do debate sobre a transição energética, porém foram inseridos “graças a luta incansável do movimento sindical brasileiro”.
Nailton, na oportunidade, citou a luta histórica da entidade pela redução da poluição emitida pelos ônibus, a partir da redução da frota e inclusão da matriz energética como fonte alternativa de transporte na cidade de São Paulo. Estava acompanhado do secretário de estudos socioeconômicos e tecnologia, Herbert Santos de Oliveira (Binho), membros da diretoria plena, delegados e militantes.
“O que antes era tratado com descaso, hoje a pauta do meio ambiente e sustentabilidade faz parte das negociações coletivas de várias categorias, inclusive a do transporte por ônibus da capital”. E completa. “Estamos trabalhando a favor da transição justa com geração de empregos, em consonância com as práticas laborais no mundo do trabalho”, afirma.
Péssimo legado para a humanidade
O ex-vereador por São Paulo, ativista do meio ambiente, e ex-médico do Sindicato por 25 anos, Gilberto Natalini, fez questão de afirmar que a participação do movimento sindical e dos trabalhadores “são essenciais na construção de processos sociais necessárias à implantação de políticas públicas voltadas a sustentabilidade”.
Um dos organizadores da Virada Sustentável criticou o “péssimo legado” deixado pelas gerações passadas. “A desigualdade social e os problemas ambientais tornaram-se bombas-relógio que devem comprometer o futuro da humanidade”.
Mudança climática: “um problema que criamos”
De acordo com Marcos Buckeridge, professor titular do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências e vice-diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), a mudança climática sofre processo de transição – de forma negativa – no setor agrícola com a contaminação da terra, nas florestas com ataque ao ecossistema, com aumento do nível dos oceanos e na degradação da área urbana com a poluição, respectivamente.
A crise ambiental, segundo o especialista, “foi um problema que criamos”, mas pode ser atenuado com a formação de políticas públicas em prol da sustentabilidade. “Neste sentido, a COP 30 será de extrema valia para a construção de agenda positiva ao clima com a geração de “empregos verdes”.
Virada Sustentável 2025
Criada em 2011, a Virada Sustentável é considerada o maior festival de meio ambiente da América Latina e um dos maiores do mundo. O evento une cultura, educação e ativismo social para engajar a sociedade em torno de temas fundamentais que estão interligados pela sustentabilidade de forma atraente, criativa e acessível.
Articula e convida centenas de organizações da sociedade civil, órgãos públicos, entidades de classe, equipamentos culturais, escolas e universidades, entre outros, resultando numa grande mobilização pela sustentabilidade nas cidades, com o devido reconhecimento de cada participação.
Em 15 anos de atuação, foram realizadas 56 edições em 15 cidades, dos quais 14 somente na cidade de São Paulo. Mais de 2 milhões de pessoas participaram, com mais de 130 milhões de pessoas impactadas e mais de 2 mil organizações presentes.
Fote: Sindimotoristas
