16/10/2025
O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, participou nesta quarta-feira (16) do SindiMais 2025, o maior evento sindical e trabalhista do Brasil, realizado no Hotel Pullman Vila Olímpia, em São Paulo. Em sua 7ª edição, o SindiMais reuniu lideranças sindicais, representantes de entidades laborais, especialistas em relações de trabalho e autoridades públicas para debater os desafios e as transformações do mundo do trabalho em um cenário de profundas mudanças tecnológicas e sociais.
Durante o encontro, Patah fez uma reflexão sobre a trajetória do sindicalismo brasileiro e destacou a importância de resgatar as origens históricas das lutas trabalhistas. Ele lembrou que, há exatos cem anos, em 1925, a então Associação dos Empregados do Comércio de São Paulo — embrião do atual Sindicato dos Comerciários de São Paulo (SECSP) — já denunciava nas ruas e nas páginas dos jornais as condições exaustivas impostas aos trabalhadores do comércio da capital. Naquele período, o principal grito de resistência era pela redução da jornada de trabalho, símbolo de uma luta que, mesmo sem amparo legal, se consolidou como marco da organização coletiva por dignidade.
O registro histórico publicado em 1925 pelo jornal Folha da Manhã — que anos depois se tornaria a Folha de S.Paulo — foi relembrado por Patah como um testemunho da força e da persistência da classe trabalhadora. “Cem anos depois, a pauta pela valorização da jornada de trabalho continua viva e necessária”, afirmou o presidente da UGT. Segundo ele, o atual debate sobre o fim da escala 6x1 representa a continuidade dessa luta histórica. “A defesa de uma jornada mais justa é fundamental para todos, mas principalmente para as mulheres, que enfrentam duplas e até triplas jornadas — trabalham fora, estudam, cuidam dos filhos e da casa, e ainda precisam reservar tempo para si mesmas”, ressaltou.
Patah também fez uma conexão entre o presente e um dos momentos mais emblemáticos da história do movimento operário no Brasil: a Greve Geral de 1917, iniciada no bairro da Mooca, em São Paulo. “Os trabalhadores daquela época reivindicavam aumento de salário, redução da jornada, proibição do trabalho infantil e do trabalho noturno feminino. Ou seja, todas as ações trabalhistas sempre tiveram como eixo central as condições de trabalho e o respeito à vida do trabalhador e da trabalhadora”, lembrou.
Para o presidente da UGT, a discussão sobre o tempo de trabalho e o tempo de vida precisa ser retomada com urgência no país, especialmente diante do avanço da tecnologia, da automação e das novas formas de contratação. “O trabalho deve servir para garantir qualidade de vida, e não para o esgotamento físico e mental das pessoas. Precisamos construir uma nova cultura laboral, onde o emprego digno, a saúde e o tempo livre sejam parte do mesmo projeto de sociedade”, defendeu.
Ao encerrar sua participação, Ricardo Patah reafirmou o compromisso da UGT com o diálogo social e com a valorização das entidades sindicais como instrumentos essenciais de equilíbrio e justiça nas relações de trabalho. “O sindicalismo moderno precisa se reinventar sem perder suas raízes. E o SindiMais cumpre um papel fundamental nesse processo, ao reunir quem faz e quem pensa o mundo do trabalho no Brasil”, concluiu.
O SindiMais 2025 reafirmou, assim, o protagonismo do movimento sindical na construção de um país mais justo, solidário e comprometido com os direitos humanos e laborais — valores que, há mais de um século, continuam movendo as lutas que deram origem ao sindicalismo brasileiro.
UGT - União Geral dos Trabalhadores