11/11/2025
A realização da COP30 em Belém tem transformado a capital paraense em um grande centro de atenção mundial. Com a chegada de autoridades, turistas e representantes de diversos países, a cidade se preparou para receber o evento com um novo visual: ruas limpas, praças revitalizadas, policiamento reforçado e os principais pontos turísticos reformados. A orla, o Ver-o-Peso, a Estação das Docas e o Mangal das Garças são alguns exemplos de locais que ganharam melhorias visíveis, encantando quem visita Belém neste período.
No entanto, junto com a beleza e a visibilidade internacional, veio também um aumento expressivo nos preços praticados em diversos setores da economia local. Conversando com moradores e comerciantes, é fácil perceber que o custo de vida temporariamente subiu. Pratos típicos da culinária paraense, que antes custavam entre R$ 25 e R$ 30, agora variam entre R$ 60 e R$ 80 em muitos restaurantes. O famoso Pato no Tucupi, a Maniçoba – conhecida como a “feijoada paraense” –, o Tacacá, o Caruru e o inconfundível Açaí paraense, patrimônio gastronômico da região, estão mais caros e, em alguns casos, até com filas de espera maiores do que o habitual.
Essa valorização repentina também se reflete em outros produtos e serviços. Um litro de refrigerante, que antes custava entre R$ 8 e R$ 10, pode chegar a R$ 20 em pontos turísticos e restaurantes mais movimentados. Os aplicativos de transporte, tão populares entre os visitantes, também registraram tarifas mais altas, especialmente nos horários de pico e em trajetos para as áreas de eventos da COP30.
Moradores relatam que, embora compreendam a alta da demanda, o aumento de preços tem impacto direto no orçamento local. Para muitos, sair para jantar ou visitar espaços turísticos durante o evento tornou-se um luxo temporário. Ainda assim, há um sentimento de orgulho coletivo em ver Belém tão bonita e bem organizada, recebendo elogios de quem vem de fora. A cidade, segundo muitos, “nunca esteve tão viva e pulsante”.
A cultura paraense, rica e diversa, é um dos grandes destaques durante o evento. Ritmos como o Carimbó, o Lundu marajoara, o Siriá, a Guitarrada, a Lambada, o Brega e o Tecnobrega embalam apresentações e festivais paralelos à COP30, mostrando ao mundo a força criativa e a alegria do povo do Pará. Essa efervescência cultural ajuda a equilibrar o desconforto causado pelos altos preços, reforçando o orgulho de ser paraense.
Apesar das melhorias e da visibilidade positiva, Belém continua enfrentando os desafios típicos de uma grande cidade: trânsito intenso, desigualdades sociais e dificuldades estruturais em alguns bairros. Contudo, há um consenso de que o evento deixará legados importantes. A requalificação urbana, os investimentos em mobilidade e o fortalecimento do turismo devem gerar frutos duradouros, desde que as autoridades mantenham o compromisso de cuidar da cidade após o encerramento da conferência.
Mais do que um evento climático, a COP30 representa uma oportunidade histórica de transformação para Belém. Que o brilho das luzes, o sabor da culinária, o som contagiante da música paraense e o calor humano do povo local permaneçam mesmo quando os visitantes forem embora — e que o legado da COP30 se traduza em uma Belém cada vez mais justa, sustentável e acolhedora, para seus moradores e para o mundo.
UGT - União Geral dos Trabalhadores