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Trabalhadores da Starbucks no Brasil ganham destaque em protesto global histórico


05/12/2025

Mobilização marcada para 10 de dezembro denuncia condições de trabalho no país;

demissões de sindicalistas e fechamento de lojas seguem padrão internacional da empresa,

segundo entidades.

O Brasil tornou-se um dos epicentros de um protesto global inédito contra a Starbucks,

marcado para 10 de dezembro. A mobilização, que ocorrerá em diversos países, ganhou

força no cenário nacional após o avanço de denúncias de assédio moral, jornadas abusivas,

metas inalcançáveis e problemas de saúde ocupacional em suas lojas.

A articulação de sindicatos brasileiros com a Service Employees International Union (SEIU)

- maior sindicato do mundo, com dois milhões de filiados - ampliou o peso do país no

movimento. O contexto brasileiro se agravou com relatos de pressão psicológica, falta de

pausas adequadas, demissões de lideranças sindicais e o fechamento de unidades. Esse

cenário de precarização contrasta brutalmente com os ganhos da cúpula: em 2024, o CEO

Brian Niccol recebeu US$ 96 milhões (cerca de R$ 500 milhões) por apenas 120 dias de

trabalho.

"A luta dos trabalhadores da Starbucks é um símbolo das condições que muitos enfrentam

globalmente, e é fundamental que haja solidariedade internacional para enfrentar essa

exploração sistemática", disse a dirigente internacional Ginny Coughlin, representante da

SEIU na América Latina. O movimento ganhou ainda mais peso após organizações que

representam 85 milhões de pessoas em todo o mundo enviarem uma carta à empresa

pressionando por um contrato justo com os baristas.

A campanha também recebeu respaldo legal: um juiz do National Labor Relations Board

(NLRB), órgão trabalhista dos EUA, declarou que a Starbucks conduz uma "campanha

devastadora" contra a organização sindical. Paralelamente, a empresa anunciou o

fechamento de centenas de lojas, sendo as unidades sindicalizadas as mais afetadas, uma

estratégia interpretada como represália.

Problema sistêmico e pressão internacional

A luta por direitos no setor reflete um debate mais amplo no Brasil. Em recente participação

na 113ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o presidente da União

Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, afirmou que o país protagoniza uma luta

histórica pela redução da jornada de trabalho. “Estamos combatendo o arcaico regime 6x1,

que submete milhões de pessoas a uma rotina exaustiva e desumana. E vemos isso muito

claramente em multinacionais, que insistem em defender que esse modelo desumano de

trabalho no Brasil seja ampliado", disse Patah em seu discurso. A fala do líder sindical

corrobora as denúncias de jornadas abusivas e condições precárias relatadas por

funcionários da Starbucks no Brasil.

Nos Estados Unidos, epicentro original do conflito, a mobilização atinge escala inédita. Mais

de 12 mil baristas estão em luta por seu primeiro contrato coletivo. Em terras brasileiras, a expectativa para o dia 10 é que as ações amplifiquem a pressão por melhorias, com o

registro de denúncias e a articulação com parlamentares e o Ministério Público do Trabalho.

“Tudo está interligado. Fortalecendo os trabalhadores nos EUA damos um recado claro:

também estamos unidos internacionalmente. Há um processo claro de redução de direitos

trabalhistas globalmente, e precisamos frear essa tendência. Parece óbvio, mas

ultimamente temos que reforçar para as empresas que a vida humana precisa estar acima

da maximização dos lucros”, disse Elisabete dos Santos Cordeiro, presidente do Sinthoresp,

sindicato que representa a categoria em 33 cidades do estado de São Paulo, região onde

estão concentradas a maioria dos trabalhadores em fast-food no Brasil.

O caso Starbucks é analisado por sindicatos e procuradores como parte de um quadro mais

amplo de precarização no setor de alimentação rápida. A mobilização internacional reforça

a estratégia local de ampliar canais de denúncia, fortalecer o apoio jurídico e pressionar por

avanços em saúde e segurança no trabalho. A participação do país no protesto global

consolida o Brasil como um dos focos centrais do debate sobre condições trabalhistas no

varejo mundial.




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