24/06/2022
Pesquisa revela que 71,9% dos postos de trabalho perdidos em
2020 eram ocupados por mulheres
A crise causada pela pandemia de Covid-19 levou à saída de
milhares de mulheres do mercado de trabalho, fazendo a participação feminina
retroceder ao patamar de 2016. Dos 825,3 mil postos de trabalhos perdidos entre
2019 e 2020, cerca de 593,6 mil (ou 71,9%) eram ocupados por mulheres. É o que
aponta a pesquisa Estatísticas do Cadastro Central de Empresas (Cempre) 2020,
do IBGE, divulgada nesta quinta-feira (23).
A pesquisa mostra que a pandemia afetou fortemente o mercado
de trabalho, embora de forma desigual entre os gêneros. Enquanto o número de
homens assalariados caiu 0,9%, o de mulheres caiu 2,9% em 2020.
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Andando para trás
Foi a primeira vez, desde 2009, que houve uma queda relativa
maior entre os postos ocupados por mulheres frente aos postos ocupados pelos
homens entre a parcela de assalariados das empresas formais do país.
Em 2019, 44,8% dos assalariados eram mulheres. Em 2020, esse
percentual passou para 44,3%, uma queda de 0,5 ponto percentual em apenas um
ano. O movimento levou a participação feminina a recuar pela primeira vez desde
2010 e retroceder a níveis de 2016, momento em que o mercado de trabalho já
passava por uma crise.
Thiego Ferreira, gerente da pesquisa do IBGE, explica que a
perda de participação feminina no mercado de trabalho se deve a um conjunto de
fatores. Houve um crescimento de população assalariada em 2020 em setores que
empregam mais homens - como é o caso da construção, em que quase 91% da mão de
obra é masculina - o que leva a uma diminuição da participação feminina no
mercado como um todo.
Ao mesmo tempo, diz ele, houve uma redução da presença das
mulheres nos setores que mais as empregam, como é o caso da indústria têxtil,
educação, atividades de alojamento e alimentação, além de outras atividades de
serviços, que foram duramente impactadas pela pandemia.
"Isso tem uma relação direta com a própria dinâmica da
pandemia. Alguns setores que não eram considerados essenciais [durante a
necessidade de fechamento das atividades] tinham maior participação feminina,
além do fato de a mulher historicamente ter que ficar mais presente em casa.
Tudo isso contribui para uma diminuição da participação da mulher no mercado de
trabalho", explica Thiego Ferreira, gerente da pesquisa.
Presença menor nas empresas exportadoras
As mulheres também estão menos presentes, se comparado aos
homens, nas empresas exportadoras - segmento que registrou desempenho positivo
ao longo da pandemia por conta do ciclo favorável às commodities.
Enquanto o percentual de mulheres assalariadas nas
organizações representava 44,3% do total em 2020, esse contingente era de 30,1%
nas empresas exportadoras. Nesse segmento, homens representavam 69,9%.
Fonte e Foto: O Globo
UGT - União Geral dos Trabalhadores