01/07/2022
Segundo pesquisa, mais de 90% dos municípios da Região Norte
ficaram na pior classificação quanto ao nível de desigualdades sociais em
saúde.
As desigualdades sociais na área da saúde cresceram no país
durante a pandemia da Covid-19.
Segundo o estudo, mais de 90% dos municípios da Região Norte
ficaram na pior classificação quanto ao nível de desigualdades sociais em saúde
entre os períodos analisados. Após a primeira onda da pandemia da Covid, apenas
3% dos municípios desta região conseguiram reduzir as condições de desigualdade
em saúde.
Em comparação com as cidades da Região Sul no mesmo período,
por exemplo, 8% delas conseguiram redução das desigualdades.
“As desigualdades entre as regiões se aprofundaram,
considerando que há uma melhoria dessas desigualdades em alguns municípios,
embora não seja grande, enquanto outros permaneceram em situação crítica”,
destaca a epidemiologista Maria Yury Ichihara, coordenadora do projeto que
desenvolveu o Índice de Desigualdades Sociais para a Covid-19 (IDS-Covid-19).
Na Região Nordeste, em fevereiro de 2020, quase todos os
municípios, 99%, estavam nos dois piores grupos com relação à situação de
desigualdades sociais em saúde. No entanto, ao longo da pandemia, a região
apresentou uma redução nessa condição com 95% em julho de 2020, 93% em março de
2021 e 92% em janeiro de 2022.
Os pesquisadores se basearam em números de quatro momentos
da pandemia e desenvolveram o IDS-Covid-19. O estudo foi realizado por
pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde
(Cidacs/Fiocruz Bahia).
Sudeste em nível intermediário
Os dados usados pelos pesquisadores no estudo são do Censo
Demográfico do IBGE de 2010, do Cadastro Nacional dos Equipamentos de Saúde
(CNES), para capturar números de leitos de UTI e respiradores; e do Índice
Brasileiro de Privação (IBP), que leva em consideração a renda, educação e
condições de domicílio.
“A pandemia atingiu as pessoas negras de forma distinta por
conta das desigualdades raciais. Era preciso que a gente desse evidência a
isso. E o índice tem como função dar uma forma de mensuração das
desigualdades”, afirma a epidemiologista Emanuelle Góes.
As cidades do Sudeste estiveram mais concentradas entre os
níveis intermediários.
Em Minas Gerais, no início da pandemia, 50% dos municípios
foram classificados nos grupos com pior situação de desigualdade, e 33% em uma
posição intermediária.
Por outro lado, em São Paulo 41% dos municípios estavam nos
agrupamentos com menor nível de desigualdade e 11,3% nas piores posições.
No Rio de Janeiro, dos 92 municípios que compõem o estado,
39 iniciaram a pandemia nas piores situações relativas às desigualdades,
segundo o índice, e 28 deles mantiveram o lugar ao longo dos períodos
analisados pelos pesquisadores.
Centro-Oeste com diferentes níveis de desigualdade
As cidades do Centro-Oeste ficaram distribuídas entre
diferentes níveis de desigualdade, apesar de que ainda há um maior volume de
locais classificados nos piores grupos com relação à situação de desigualdades
sociais em saúde.
As capitais dos estados, além de Brasília, mantiveram suas
respectivas situações de menor nível de desigualdade desde o início da pandemia
até o último momento analisado, em janeiro de 2022.
O IDS-Covid-19 mostra ligeira redução das desigualdades na
Região Sul, que não teve nenhum dos 1.188 municípios agrupados no pior grupo
antes da pandemia. No último período analisado, em janeiro deste ano, 196
municípios reduziram as desigualdades, de acordo com o índice.
Por outro lado, entre os 84 municípios que estiveram
classificados na lista dos mais desiguais da Região Sul no início da pandemia,
65 permanecem nessa condição.
Fonte e Foto: G1
UGT - União Geral dos Trabalhadores