05/07/2022
Os estudos divulgados recentemente sobre trabalho,
remuneração e informalidade comprovam: o Brasil é cada vez mais um país da
precarização. Apesar da queda no desemprego, registrada no último trimestre, os
baixos salários e a inflação nas alturas seguem penalizando as famílias que,
mais do que nunca, têm de “se virar" para arcar com as contas do mês.
Na última semana, o IBGE divulgou os dados da Pnad Contínua.
A pesquisa acompanha os índices da evolução da força de trabalho no país.
Segundo o estudo, a taxa de desemprego, em maio, foi de 9,8%. Há um ano, esse
índice era de 14,5%. No entanto, a situação não significa que a vida melhorou
para o trabalhador.
O salário daqueles que possuem carteira assinada caiu 9,34%
entre janeiro de 2020 e abril de 2022. Já o rendimento médio acumula perda de
7,2% nos últimos 12 meses. O salário médio de admissão também caiu 5,5% no
último ano. O índice de queda em 2022 é de 2,6%.
A geração de vagas no mercado informal, sem os direitos
básicos garantidos pela CLT, cresceu 23,6% em 12 meses. O índice é quase duas
vezes maior se comparado ao crescimento do emprego com carteira assinada:
12,1%. Já o trabalho por conta própria subiu 6,4%.
A situação é explicada pela informalidade altíssima. No
Brasil, os que atuam sem qualquer proteção legal são quase 40 milhões (em dados
oficiais), ou seja, quatro a cada dez trabalhadores brasileiros estão por conta
própria.
Sem alternativa, a classe trabalhadora brasileira foi
empurrada para vagas precarizadas e com menores salários. A crise econômica e
sanitária, vivida desde 2020, acentuou um processo que já vem de longa data e
tem seu marco na aprovação da reforma trabalhista, em 2017.
Segundo levantamento da Tendências Consultoria, das vagas de
trabalho criadas de 2016 a 2022, 76% são informais. 7 milhões de vagas com
rendimento de até um salário mínimo foram geradas. No entanto, 2,4 milhões de
postos de trabalho com rendimentos superiores foram destruídos.
Inflação e fome
Outro fator importante é a inflação que segue em dois
dígitos (11,73%). A alta dos preços, principalmente na alimentação, corrói o
orçamento das famílias. O alto custo de vida somado aos baixos salários
empurrou grande parte da população brasileira à insegurança alimentar.
Segundo pesquisa divulgada em julho pelo Datafolha, uma a
cada quatro famílias brasileiras avalia que a quantidade de comida que possui
em casa é inferior ao necessário. Entre os que tem renda mensal até dois
salários mínimos (R$ 2.424), o receio de não ter o que comer sobe para 38%.
A pesquisa mostra que a quantidade insuficiente de comida
afeta 32% dos moradores do Nordeste, 30% do Norte, 24% de quem vive no
Centro-Oeste, 24% no Sul e 22% no Sudeste. Entre os desempregados, 42% disseram
que não tiveram o suficiente para alimentar a família.
Recentemente, o 2º Inquérito Nacional sobre Segurança
Alimentar revelou que 33 milhões de brasileiros sofrem com a fome. Há dois
anos, este número era de 19 milhões. O aumento significativo revela o tamanho
da crise econômica agravada pela pandemia e o completo descaso do governo
Bolsonaro com os mais pobres.
Caminho é a luta
Neste cenário adverso, a CSP-Conlutas defende que a única
saída é a mobilização coletiva. Juntos, os trabalhadores de diversas categorias
já protagonizaram inúmeras greves neste ano de 2022. Neste segundo semestre,
será preciso o mesmo espírito combativo, nas campanhas salariais.
"A situação dos trabalhadores brasileiros vem se
deteriorando com o avanço dos ataques contidos na reforma trabalhista e
situação de inflação e carestia no país. Nos próximos meses, importantes
categorias entrarão em campanha salarial e novamente a receita para a vitória
está no poder de mobilização. Não se pode aceitar sem luta este processo de
redução drástica dos salários. Mais do que isso, é importante que os
trabalhadores se organizem de forma independente para lutar por medidas que
atendam suas reivindicações imediatas, bem como por outro modelo de sociedade,
uma sociedade socialista", afirma o dirigente licenciado da Executiva
Nacional da CSP-Conlutas, Luis Carlos Prates.
Fonte e Foto: Mundo Sindical
UGT - União Geral dos Trabalhadores