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UGT Press 184: Desenvolvimento: Falta mão-de-obra especializada


15/06/2010

CRESCIMENTO: os cadernos econômicos da imprensa brasileira veem expondo, de forma entusiasmada, os índices de crescimento brasileiro. A variação do PIB no primeiro trimestre de 2010 foi de 2,7%, o terceiro maior do mundo. Em relação ao primeiro trimestre de 2009, a variação chega a 9% positiva. Isso leva a inevitáveis comparações. A mais importante delas é com a China, que vem mantendo esse nível de crescimento há mais de uma década. Infelizmente, a maioria dos analistas pondera que esse robusto e surpreendente crescimento não se sustentará para os próximos trimestres. Concorrerão para o arrefecimento, o aumento das taxas de juros, o fim dos incentivo fiscais e os próprios limites brasileiros, aqueles ligados à falta de infraestrutura e à ausência de modernização da legislação fiscal e tributária. O economista Alexandre Schwartsman, do Grupo Santander (Folha de São Paulo, 09-06), compara esse crescimento a uma caixa dágua: Assim como a caixa se encherá, levando ao fatal transbordamento à medida que o espaço vago for preenchido, também os desequilíbrios surgirão quando a capacidade ociosa se esgotar".

PRÓXIMOS ANOS: especula-se que o próximo governo, qualquer governo, terá que refrear o ritmo de crescimento, exatamente em função das questões logísticas, mais do que os aspectos meramente macroeconômicos ou financeiros. A energia elétrica é dada como exemplo, cuja equação não está totalmente resolvida: as obras tem sido retardadas por problemas legais, ambientais e pela própria letargia natural da administração pública. Mas, no campo econômico, os especialistas agregam que o volume de investimentos é insuficiente para manter o atual ritmo de crescimento. Segundo essa ótica, o atual nível de investimentos seria capaz de, no máximo, alavancar um crescimento por volta de 4% ao ano. Ocorre que, os entendidos de plantão se esquecem que um crescimento médio constante de 4% ao ano é importante, até suficiente, desde a nossa demografia superlativa seja controlada e que se adotem outras medidas, principalmente no que se refere ao preparo dos jovens.

FATOR IMPORTANTÍSSIMO: nós, os trabalhadores, vimos alertando há muito tempo sobre a falta de mão-de-obra treinada e especializada. Há um déficit educacional muito grande. Os governos, todos os governos, não deram a devida atenção a esse fato, mesmo sabendo que ele é o mais crucial dos fatores limitantes ao desenvolvimento nacional. A qualificação da força de trabalho em países, como, por exemplo, a Coréia do Sul, foi a principal mola propulsora para um salto em direção ao presente: país desenvolvido, com inúmeras marcas internacionais, comércio pujante e população com qualidade de vida. O Brasil ainda se caracteriza mais por um exportador de matérias primas e produtos agrícolas, embora tenha diversificado e evoluído bastante em termos de exportações industriais.

EVENTOS DESENVOLVIMENTISTAS: apesar do pessimismo de alguns especialistas, o país está melhor e já tem dois macro-eventos marcados: a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Essas duas promoções poderão ajudar o país por meio de obras públicas e incentivo ao turismo. Apesar da inevitável corrupção e das péssimas condições de segurança, as obras vão sair e os estrangeiros virão nos visitar. O importante seria resolver os problemas de forma a criar um fluxo sustentável de operações turísticas e comerciais. Mas, no caso, sempre esbarramos em nossas limitações de inteligência e de caráter."




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