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Assédio impulsiona negócios exclusivos para público feminino


30/10/2017

O crescente número de denúncias de assédio tem estimulado negócios para atender apenas o público feminino.

 

Para as clientes de serviços como aplicativo de transporte, autoescola e até estúdio de tatuagem, ter uma mulher no comando passa mais segurança e conforto.

 

A ideia da administradora Gabriela Corrêa, 35, surgiu depois de ser assediada em um táxi. Ela preferiu não denunciar o motorista, mas teve a ideia de abrir junto com a irmã o aplicativo Lady Driver, serviço de transporte exclusivo para mulheres.

 

Com R$ 500 mil próprios, a administradora procurou aceleradoras, mas a ajuda veio de investidores-anjo, que aportaram R$ 1 milhão.

 

Corrêa treina as motoristas e dá dicas para melhorar o faturamento. "Algumas estão conseguindo uma renda de até R$ 1.500 por semana", diz.

 

A sócia acredita que seu diferencial é deixar clientes mais seguras e à vontade durante a viagem. A empresa não revela o faturamento.

 

Para Ana Fontes, presidente da Rede Mulher Empreendedora, o desafio é avaliar se de fato há interesse do público no serviço.

 

"O projeto deve resolver um problema claro, por isso é vital testar o modelo antes de abrir as portas", diz.

 

Também é preciso acompanhar novas tendências. "Isso evita que você seja vítima de uma moda, como já vimos em outros tipos de negócio, que acabam com superoferta", afirma a consultora do Sebrae Ariadne Mecate.

 

VOLANTE

 

Para a empresária Carla Müller, 38, de São Paulo, os tempos de instrutora na autoescola do pai mostraram que muitas mulheres tiravam a carteira de motorista, mas preferiam não dirigir.

 

Müller viu aí uma oportunidade e há três anos abriu o Centro de Treinamento Mulheres no Volante, no bairro da Saúde (zona sul), em São Paulo. A segunda unidade foi inaugurada em julho do ano passado em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo).

 

O curso é apenas para quem já tem habilitação, mas precisa de aulas para "desenferrujar". Uma psicóloga atende quem tem medo de dirigir.

 

"Muitas são viúvas ou recém-separadas e dependiam por muito tempo dos parceiros como seus motoristas", afirma Muller.

 

Há também casos de mulheres cujos companheiros dizem ter ciúme e preferem aulas com instrutoras.

 

Müller recorreu a um empréstimo e uma carta de crédito de um consórcio para comprar os carros. Foram investidos R$ 200 mil na escola de São Paulo e R$ 110 mil na de São Bernardo.

 

Foi difícil encontrar instrutoras. Para isso, recorreu a cursos de formação na hora de contratar.

 

Hoje a unidade da Saúde tem uma média de cem clientes por mês e fatura em torno de R$ 55 mil. Já a escola do ABC tem entre 40 e 50 matrículas mensais e um faturamento que oscila entre R$ 45 mil e R$ 48 mil, em parte puxado pelos adicionais para quem faz aulas na estrada.

 

Como só oferece curso para quem tem CNH, a empresária costuma fazer divulgação nas autoescolas de conhecidos e da família, que atua no setor. "Os serviços se complementam", afirma Müller, que faz planos para ampliar a marca a partir de 2019.

 

PRIVACIDADE

 

Em Porto Alegre (RS), há pelo menos um estúdio de tatuagem só para mulheres, o Cadê Amélia, da tatuadora Glaura Gonçalves, 42.

 

Gonçalves teve a ideia depois de ouvir queixas de clientes constrangidas por dividir o espaço com homens mesmo quando as tatuagens são em lugares íntimos.

 

Da atendente às tatuadoras, todas são mulheres. Homens não podem entrar nem como acompanhantes. A regra inclui o sócio-investidor, que aportou parte dos R$ 60 mil de capital inicial.

 

"Para tatuar o seio ou a coxa é preciso tirar a roupa. Aqui, as clientes não precisam se preocupar com olhares", explica Gonçalves.

 

O atendimento exclusivo tem atraído também mulheres na casa dos 60 anos que nunca se tatuaram.

 

O faturamento do estúdio fica entre R$ 20 mil e R$ 30 mil por mês, numa média de 180 a 200 tatuagens.

 

Gonçalves planeja abrir uma segunda unidade, também no RS, até o fim do ano.

 

*

 

A CARA DELAS

Perfil das empresárias brasileiras

 

75%

das empreendedoras brasileiras abriram a empresa após a maternidade

 

55% delas buscavam mais qualidade de vida, mas 39% trabalham nove horas ou mais

 

39 anos

é a média de idade das empreendedoras

 

73%

fizeram empréstimos para investir no negócio

 

35%

delas são microempreendedoras individuais

 

Fonte: Folha de SP




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