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Estudo avalia perfil de profissionais do volante para tentar reduzir acidentes


09/09/2009

Policial rodoviário federal e médico, Marcos Antônio Basílio conhece bem os problemas do trânsito. Ele é um dos gestores do programa Comandos da Saúde, que já entrevistou, desde 2002, mais de 84 mil motoristas profissionais, isto é, aqueles que usam as carteiras de habilitação C, D e E no exercício de algum trabalho.

O objetivo é avaliar as condições físicas e mentais desses profissionais", diz Basílio, embasado em dados nacionais de que 23% dos acidentes de trânsito têm alguma relação com alterações momentâneas de saúde.

Os resultados das pesquisas foram mostrados no VIII Congresso Brasileiro sobre Acidentes e Medicina de Tráfego, em Belo Horizonte. O levantamento permitiu traçar um perfil de quem trabalha com o transporte de passageiros e ou de carga.

Isso, ainda que de forma parcial, já que a participação é espontânea. Todos os entrevistados são homens, e 40,6% deles têm entre 51 e 60 anos. A faixa etária de 41 a 50 compreende 29,1% do total. Outros 21,3% têm 61 anos ou mais, e apenas 9% têm menos de 40 anos.

O uso de medicamentos aparece timidamente nas respostas como um fator de risco, o que, na percepção de Basílio, revela a tendência de negar o hábito, que favorece a ocorrência de acidentes.

A carga horária diária é longa, aponta a pesquisa: 66% dos motoristas trabalham mais de oito horas. O percentual é alto, assim como outros observados. Do total dos entrevistados, 61,33% já se envolveram em acidentes de trânsito e 35% trabalham com o transporte de cargas perigosas. Esses dados foram cruzados, concluindo que 42% dos condutores envolvidos em acidentes fazem o transporte de risco.

Durante as campanhas para coleta de dados, o motorista é abordado nas BRs e convidado a responder questionários sobre hábitos de vida e condições de saúde e passa por exames, como medição da pressão, glicose, pesagem, teste de visão, dentre outros mais específicos. Uma vez inscrito no programa, ele pode fazer acompanhamento em qualquer unidade do Serviço Social do Transporte (Sest) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), que é parceiro do projeto.

Em 2006, o programa foi estendido aos servidores da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e já avaliou 11 mil policiais. "Percebemos que as duas profissões estavam submetidas a condições de trabalho de certa forma parecidas. Um dos fatores em comum, por exemplo, era a alimentação de beira de estrada, pouco saudável", diz.

Outro indicador ruim para a saúde é o consumo de álcool. De acordo com os dados apresentados, 48,6% dos motoristas profissionais fazem uso de bebida alcoólica
entre os policiais, esse índice é de 69,6%. Basílio ressalta que os percentuais não se referem ao hábito de trabalhar sobre efeito de álcool.

Os primeiros resultados já começam a ser colhidos. "O Comando da Saúde freou o aumento de acidentes com motoristas profissionais em até 5% nas rodovias federais", afirma Basílio. Houve também 13% de redução nos acidentes de trabalho com policiais, num período de dois anos e meio, segundo o médico e agente da PRF.

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