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Trabalhadores de ônibus, metrô e cptm em são paulo ameaçam entrar em greve pela inclusão nos grupos prioritários de imunização contra a covid-19


15/04/2021

Com o início da vacinação contra a Covid-19 de policiais e professores em São Paulo, cresceu a pressão para incluir outra categoria de trabalhadores essenciais entre as prioridades para imunização: a do setor de transportes.

Metrôs, ônibus e trens em São Paulo não pararam um único dia. Relatório da administração do Metrô divulgado na última semana mostra que embora a pandemia tenha tirado passageiros nos primeiros meses da chegada do vírus ao Brasil, foram feitas quase 3 bilhões de viagens nos transportes públicos que passam pela capital, entre metrô (764 milhões), CPTM (505 milhões) e ônibus municipais (1,6 bilhão).

Lidando com esse público estão motoristas, cobradores, ferroviários e metroviários, que acumulam contaminações e mortes pela doença. Agora, os sindicatos ameaçam entrar em greve nos próximos dias 20 e 27 pela inclusão nos grupos prioritários da vacina.

Uma das vítimas recentes foi Virgílio de Barros, 50, técnico de manutenção do metrô havia duas décadas. Diabético, ele não quis ser afastado do trabalho no começo da pandemia para não perder o adicional no salário de periculosidade.

Cuidadoso, não ia nem à casa de outros familiares e, por isso, não via a irmã há um ano. “O máximo que ia era ao mercado. No fim do ano a gente não fez festa, nada”, diz a viúva, Lucilene.

No fim de fevereiro, ele foi deslocado da estação Vila Matilde, onde trabalhava, para a estação Brás, uma das mais movimentadas do Metrô, por onde entraram em média 70 mil passageiros nos dias úteis em fevereiro.

“Na mesma semana, já começou com uma tosse leve. Falei para ir ao médico, mas ele disse que não devia ser nada. Dias depois ele teve febre, foi internado com falta de ar e faleceu no dia 19 de março”, afirma Lucilene, que, dona de casa, conta agora com a ajuda da enteada para fechar as contas do mês.

O Metrô já soma 22 mortes entre seus funcionários, além de cerca de 1.500 contaminados, segundo contagem do sindicato dos Metroviários, que convocou uma “greve sanitária” para a próxima terça-feira (20).

“O metrô não parou nenhum dia. Pelo contrário, foi o responsável pela cidade continuar funcionando”, afirma Wagner Fajardo, coordenador do sindicato. “Enquanto o governo corre atrás de baile funk para conter aglomeração, podia passar qualquer hora em uma estação do metrô para ver a situação das pessoas respirando no cangote umas das outras num espaço fechado”, diz.

Na última terça-feira (13), foi a vez dos trabalhadores da CPTM, companhia de trens urbanos, chamar greve para o dia 27. Além de uma demanda por participação nos lucros, os trabalhadores pedem também a vacinação da categoria.

José Claudinei Messias, presidente do sindicato da Sorocabana, que representa as linhas 8, 9 e 13 da CPTM, diz que já se reuniu diversas vezes com representantes das secretarias da Saúde e dos Transportes Metropolitanos e, agora, aciona os deputados estaduais pela vacinação.

Segundo estimativa do sindicato, já são quase 50 mortes entre os ferroviários, que trabalham indignados e aterrorizados, afirma Messias.

“O maior colapso que pode haver em São Paulo é o do transporte. Professores, policiais, médicos, enfermeiros, todos precisam do transporte. Se não tiver transporte, o caos na saúde vai ser muito maior, o efeito em cadeia é grande”, diz.

A situação também é grave entre os trabalhadores dos ônibus municipais, e o Sindmotoristas, que representa condutores, cobradores e outros funcionários do sistema, também convocou greve para o dia 20.

Até o começo de abril, o sindicato somava 1.373 casos confirmados e 131 mortes registradas. "Não se vê o menor cuidado com o transporte público e seus profissionais —que são obrigados a atuar no meio de um ambiente inadequado, superlotado, na contramão de todas as normas da saúde", diz o presidente da entidade, Valdevan Noventa.

Apesar de o governo paulista não ter incluído o transporte entre os grupos prioritários, o secretário de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, tem defendido essa posição abertamente, como escreveu em rede social no fim de semana. “Os trabalhadores do transporte público, aqueles que diariamente têm contato com milhões de pessoas, têm meu apoio na luta para a sua vacinação”, escreveu.

À Folha, ele diz que "por mais que você tome todas as precauções, não tem como impedir aglomeração no metrô, em qualquer lugar do mundo. A plataforma do metrô tem 2,5, 3 metros de largura, difícil manter distanciamento. Para impedir aglomeração, só fechando, mas não defendo isso, precisamos transportar as pessoas. Por isso precisamos das vacinas."

governo João Doria (PSDB) afirmou em nota que precisa que o Ministério da Saúde destine mais vacinas para expandir os públicos-alvos.

"O governo de São Paulo, seguindo a missão de salvar vidas, tem priorizado a imunização justamente dos públicos mais vulneráveis: profissionais de saúde, indígenas, quilombolas, idosos e adultos com deficiência residentes em instituições de longa permanência, além de avançar gradativamente na imunização dos idosos em geral —que representam 77% das vítimas fatais da Covid-19. O Estado tem atuado com agilidade na logística e distribuição para a rede de saúde de SP sempre que recebe novas remessas de vacinas", afirmou o órgão.

Fonte: Folha de S.Paulo


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