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Siemaco de São Paulo e UGT revertem 2.706 demissões de varredores em São Paulo


24/09/2009



Para conhecer os detalhes de reversão da demissão de 2.706 trabalhadores e trabalhadoras ocupados na varrição de São Paulo é importante ter conhecimento dos bastidores que orientaram a estratégia organizada pelo Siemaco de São Paulo, o sindicato dos trabalhadores da limpeza urbana, e a União Geral dos Trabalhadores (UGT).

A UGT, desde sua criação há dois anos, mantém uma vinculação direta e orgânica com seus sindicatos e os apóia em todas as situações de conflito. Foi essa integração entre Siemaco e UGT que nos permitiu reverter, até o momento, 2.706 demissões. E estarmos politicamente habilitados para exigir a recontratação dos 568 já demitidos.

Só para recordar, o corte de 20% anunciado pela prefeitura paulistana nas verbas de varrição da cidade levou as empresas (irresponsavelmente) a iniciar um processo acelerado de demissões.

A intenção das empresas, avaliamos em nossas reuniões na UGT, era provocar o sindicato da categoria para assumir uma greve por prazo indeterminado. Sentíamos que havia uma expectativa de uma greve virulenta contra a cidade, com feiras deixadas imundas e bueiros entupidos. Do lado da prefeitura, as informações que nos chegavam é que a greve seria usada para romper o contrato com as concessionárias dos serviços de varrição. Faz parte do contrato esse direito.

Em nossos debates internos, com ajuda dos companheiros da UGT, que chamamos nosso grupo estratégico", percebemos que poderíamos contornar a manipulação anunciada com o apoio da opinião pública, do Ministério Público e da Justiça do Trabalho.

Nos interessava interromper as demissões e revertê-las. E sem perder esse foco, iniciamos um processo sistemático de explicação para a opinião pública, através de um relacionamento que estabelecemos com os principais veículos de comunicação de São Paulo. Para tanto, foram mobilizados os departamentos de comunicação da UGT e do Siemaco.

Todos os dias distribuíamos informes explicando nossa posição: 1. não queríamos a greve, por considera inoportuna e contra os interesses da população e 2. queríamos que fossem interrompidas as demissões.

Depois de quinze dias de demissão continuada, com ajuda da UGT, conseguimos sensibilizar o prefeito Gilberto Kassab e os técnicos da prefeitura nos convocaram para uma reunião. Nesta altura, 568 companheiros tinham sido sumariamente demitidos. Os secretários da prefeitura ouviram nossos pontos de vista e a nossa determinação de continuar a mobilizar a opinião pública e que a greve seria adotada apenas como último recurso. E mesmo assim, seria um movimento dentro da legalidade por reconhecermos que prestamos um serviço essencial para São Paulo.

Em seguida, na sexta-feira, dia 18 de setembro, a prefeitura convocou as empresas responsáveis pela varrição da cidade e o Siemaco. A reunião durou umas três horas. E se transformou num jogo de empurra. A prefeitura reafirmava o corte. As empresas confirmavam as demissões, que chegaria em mais uma semana aos 3.274 trabalhadores. Ou seja, 568 já demitidos mais 1.300 que já tinham recebido aviso prévio mais 1.406 companheiros e companheiras que as empresas consideravam ociosos.

Foi necessária, então, a greve de protesto de um dia, que realizamos na segunda-feira, dia 21. De novo uma decisão estratégica que adotamos como um mecanismo de buscar a manifestação da Justiça do Trabalho que, nestes casos tende a estabelecer estabilidade por um período que varia de um a três meses.

Por isso, fizemos a greve de protesto estritamente dentro da lei, ou seja, mantendo 80% dos trabalhadores nas suas funções, para conseguir o status de greve legal. Nossa estratégia era nos manter, como de hábito, afinados em primeiro lugar com os interesses da categoria, que precisa de seus empregos de volta. E ampliar as alianças com a opinião pública e com a Justiça do Trabalho e com o Ministério Público. Afinal, esses atores estão, como nós do Siemaco e da UGT, preocupados com os serviços prestados à população.

O resultado, como vocês que acompanham o movimento já perceberam foi o recuo de Kassab, após entendimentos com o governador Serra. Os dois, prefeito e governador, agiram preocupados com o efeito do nosso movimento na imagem pública que tentam preservar.

A lição que aprendemos, mais uma vez, é que temos que saber nos valer do fato de que vivemos numa democracia. A UGT e seus sindicatos filiados confirmam, mais uma vez, que vale a pena se valer do diálogo com a opinião pública, através dos veículos de comunicação, a se posicionar com independência em relação às tentativas de manipulação e a manter a defesa intransigente dos interesses da categoria profissional que defende.

Como consta do manifesto de fundação da UGT, a vocação da central é pela ética e pela cidadania. Conceitos que praticamos de maneira inovadora, ouvindo os companheiros da direção, buscando alternativas e, principalmente, contornando as tentativas de manipulações que ao longo dos anos se tornou um hábito nefasto de vários setores do patronato.

Os sindicatos filiados à UGT ganharam, desde a fundação da entidade, uma referência que nos permite ver as árvores e as florestas dos grandes jogos políticos que permeiam e envolvem os conflitos trabalhistas. A regra que vale na UGT, e que o Siemaco de São Paulo soube seguir, é levar em consideração os interesses de todos os envolvidos: os trabalhadores, a opinião pública, a Justiça do Trabalho, a Prefeitura e as empresas.

Vivemos uma nova época, de muito mais acesso à opinião pública, como ficou demonstrado no I Seminário de Comunicação realizado recentemente pela UGT. E temos que agir como estrategistas para conseguir com meios modernos e democráticos negociar junto às empresas e poder público os sagrados interesses das categorias que representamos. Que sempre giram em torno de emprego, salário decente e respeito cidadão.

Agora, estamos na fase de negociação, sendo que a reversão das 568 demissões é nossa principal exigência. Mas já podemos contabilizar, com orgulho, que conseguimos reverter as 2.706 demissões, sendo que 1.300 trabalhadores já estavam com o aviso-prévio em mãos. "


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