UGT UGT

Filiado à:


Filiado Filiado 2

UGT Press

UGT Press 167: Diplomacia Brasileira


31/03/2010

DIPLOMACIA BRASILEIRA: com história e comportamentos dignos, a diplomacia brasileira, no geral, sempre foi considerada boa. Vez ou outra, ela sai da linha habitual de neutralidade. A diplomacia nacional tem bom conceito internacional mas, ultimamente, aos olhos das maiores potências, cometeu escorregões imperdoáveis. De acordo com a maioria dos observadores que expressam opiniões não unânimes, o Brasil errou em três momentos: 1º) no desmedido apoio ao presidente deposto de Honduras, ao abrigá-lo em sua embaixada e fechando as janelas para retorno da posição ou conciliação com o novo governo
2º) ao ignorar a situação dos presos políticos de Cuba, exatamente no momento da morte de um deles, enquanto o presidente Lula posava sorridente ao lado de Fidel Castro
e 3º) no apoio ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, mesmo depois de eleições contestadas e do país desafiar as normas da Agência Internacional de Energia Nuclear.

TESES PARA O COMPORTAMENTO DA DIPLOMACIA BRASILEIRA: essa postura brasileira tem deixado surpresa a comunidade diplomática internacional. Não é do feitio e da tradição nacional tomar atitudes radicais, muito distantes do consenso da maioria dos países aliados. No entanto, neste último ano de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o país saiu da linha normal a que os brasileiros estavam acostumados. As teses e comentários de observadores internacionais sobre a nova postura brasileira variam. Eis algumas delas:

a) redescobrindo a sua natureza: como se previa, o presidente Lula permaneceu sete anos fazendo o dever de casa e observando as boas normas de convivência internacional. Ao terminar o mandato, já nos estertores do poder, mostra sua verdadeira natureza e recupera sua posição de radical esquerdista que apresentava no início de sua carreira política

b) devaneio ou megalomania: descobrindo-se popular como nunca antes um presidente brasileiro foi, tanto dentro como fora do país, Lula se dá ao luxo de enfrentar a comunidade diplomática internacional, postando-se altaneiro, como ator global, capaz de interferir em problemas que vão de Honduras ao Oriente Médio. Suas posições inusitadas, impondo uma diplomacia independente e não-alinhada, buscariam a legitimação em países periféricos e mostrariam uma atitude de igualdade em relação aos grandes

c) sonhos de grandeza: prevendo que o Brasil poderá se tornar uma das cinco potências econômicas do mundo, ao lado de China e Índia, Lula pretende que o país seja considerado pelas grandes potências. A recusa dessas potências em permitir que o país fosse membro do Conselho de Segurança da ONU teria encorajado o presidente brasileiro a tomar atitudes diferentes e radicais, clamando por atenção e consideração. O recuo dessas posições poderia garantir para o Brasil bons acordos diplomáticos

d) credenciando-se para intermediar: o Brasil estaria se mostrando aos demais países como um ator capaz de posições próprias e, especialmente, mostrando-se aos países do Oriente Médio e da América Latina como um agente competente para intermediar conflitos internacionais. Seria também uma posição de arrogância e presunção, querendo atuar onde muitos dos grandes já falharam. Em resumo, dando passos atrevidos e singulares para se credenciar como membro participante da elite diplomática mundial

e) ambições nucleares: Lula estaria sendo cordial com o Irã porque vê no país um provável parceiro para desenvolver artefatos nucleares e com esta postura, estaria a vontade das Forças Armadas Nacionais que, no passado, prestaram cooperação a Sadam Russein. A postura brasileira, num eventual sucesso do Irã, poderia render futuros convênios, a exemplo do que já fez a Venezuela, um vizinho que se torna cada vez mais incômodo

f) política interna: tudo não passaria de uma manobra política para reconquistar a esquerda radical brasileira descontente com os rumos do governo nos últimos sete anos. Lula prevê uma eleição disputada palmo a palmo e não despreza prováveis alianças de segundo turno com os candidatos mais à esquerda do espectro eleitoral

g) peso da política externa: quase no mesmo padrão da explicação anterior, a política externa brasileira está crescendo em importância e poderá influenciar no campo político interno, algo que nunca se viu nas disputas eleitorais passadas. Aí, uma posição de independência em relação às grandes potências poderia render votos no front interno.

EM RESUMO: certamente, pode haver um pouco de cada uma dessas suposições ou nenhuma delas seja completa pela mínima exposição da política externa brasileira. Ainda é cedo para resolver o enigma. Tudo pode ser revisto pelo próximo presidente. Contudo, ao desagradar as grandes potências, Lula estaria criando para si mesmo um fosso e inibindo futuras posições pessoais no cenário mundial. Ele estaria ou não pensando em seu papel a partir de 2010?




logo

UGT - União Geral dos Trabalhadores


Rua Formosa, 367 - 4º andar - Centro - São Paulo/SP - 01049-911 - Tel.: (11) 2111-7300
© 2023 Todos os direitos reservados.