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UGT Press 211: O nó do câmbio


01/12/2010

O NÓ DO CÂMBIO: ausente das discussões eleitorais, o câmbio no Brasil (leia-se dólar baixo) vai se constituir na maior dor de cabeça das futuras autoridades brasileiras. Permitindo importações mais baratas, um dos meios disponíveis para controlar a inflação, indiretamente o governo estimula a desvalorização do real. Com altas reservas em títulos americanos, o Brasil caiu dentro de uma armadilha cambial. Não se trata de um inimigo externo invisível. Em geral, as causas da desvalorização do dólar e constante valorização do real são conhecidas: a) a economia americana ainda não se recuperou
b) também com moeda flutuante, os Estados Unidos estão vendo o dólar se desvalorizar
c) a política de juros altos do Brasil, na contramão da tendência mundial, atraindo muitos capitais externos
d) as compras de dólares por parte do governo brasileiro, em montantes astronômicos
e) os custos das reservas brasileiras, segundo os especialistas, acima do razoável
f) o déficit das contas brasileiras, em 2010 podendo chegar a 50 bilhões de dólares
g) a dívida interna brasileira, sempre alta, cujos serviços consomem bilhões de reais
h) por último, os gastos do governo, subindo constantemente. Sem resolver este problema, o nó do câmbio pode ser um entrave ao desenvolvimento nacional.

SITUAÇÃO INTERNACIONAL DIFÍCIL: na verdade, todos os países têm a mesma estratégia: ter moedas que permitem aumentar suas exportações. O Federal Reserve dos Estados Unidos tem por hábito adquirir títulos do Tesouro. A Suíça e o Japão vendem suas moedas bloqueando eventuais altas. A China mantém-se irredutível em torno do valor do yuan. Providências que levaram o famoso articulista francês, Gilles Lapouge (escreve no Estadão), a argumentar que está em curso no mundo uma guerra das moedas". Enquanto há essa tendência mundial, o Brasil, inexplicavelmente, se mantém com o real super valorizado.

ENQUANTO ISSO, NA CHINA: segundo o secretário de Comércio Exterior do Brasil, Welber Barral, "a China está afetando todo o sistema multilateral de comércio" (Estadão, 6/10). O yuan está subvalorizado e há consenso de que a China está provocando um desequilíbrio na economia global. O mundo está inundado de produtos manufaturados chineses, o que levou os Estados Unidos a aprovarem uma lei (falta aprovação no Senado) que permite elevar as tarifas de importação para compensar moedas desvalorizadas.

CHINA COMPRA TUDO NO BRASIL: de terras a leilões de energia, de poços de petróleo a portos, a China vem diversificando seus investimentos no Brasil. O Brasil está criando uma chino-dependência, o que levou o jornal britânico "The Guardian" a indagar se a China é parceira ou "saqueadora" do Brasil. O jornal citou frase do professor Antonio Delfim Neto: "É um erro grave permitir que um país estrangeiro compre terras, minerais e recursos naturais do Brasil".

O EXEMPLO DO JAPÃO: o medo da China em valorizar o yuan está alicerçado no exemplo japonês de 1985. O Japão, cedendo às pressões americanas, valorizou a sua moeda, provocando distorções e levando ao que se convencionou chamar de "década perdida", os anos 90 da economia japonesa. O Banco do Povo da China, através de Li Dokui, afirmou que "a China não repetirá o erro do Japão" (Estadão, 7/10). As autoridades chinesas têm esgrimido um argumento interessante: a de que uma eventual desvalorização do yuan poderia levar a um desastre econômico mundial, já que é ela que vem sustentando os principais negócios mundiais. Ou seja, se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. A última proeza da China foi ajudar a Grécia e colocar um pé dentro da União Européia."




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