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UGT Press 212: Caos aéreo - previsível e inevitável


06/12/2010

PARA A PLATÉIA: as companhias aéreas brasileiras, Infraero e Anac, estão jogando para a platéia e fazendo um estardalhaço para tentar reverter o caos aéreo previsível para dezembro e janeiro. Nos últimos anos, essa tem sido a cena nos aeroportos: filas enormes, atrasos injustificáveis, cancelamentos de voos e passageiros revoltados. Quem mais sofre são os que viajam pela primeira vez, aqueles que, com esforço, planejam férias inesquecíveis e esbarram na crônica ineficácia brasileira. Já há muito tempo que Infraero e Anac (leia-se ministérios da Aeronáutica e Defesa) não dão conta dos problemas existentes no transporte aéreo brasileiro, além de outros órgãos a elas ligados e responsáveis por fiscalizações importantes, entre as quais a manutenção dos aviões e a segurança dos passageiros.

AGORA, É O ANO TODO: para quem viaja constantemente, a situação tem se agravado, nunca melhorado. É fila para entrar e para sair. Hoje já não se sai para a área de bagagens com menos de 30 minutos de espera. Antes, os brasileiros só mostravam o documento e a fila fluía satisfatoriamente. Agora, o cidadão brasileiro é obrigado a entregar o documento (passaporte ou identidade) a funcionários terceirizados, despreparados, que digitam, certamente, dados que jamais serão utilizados. Aquele impresso que se preenche ao entrar no país é um exemplo da falta de evolução, não significa nada e desconfia-se que vai para o lixo porque não é possível nenhum controle a partir dele. Que tal um impresso mais moderno, com poucos campos a preencher com dados essenciais, capazes de servirem aos ministérios do Turismo e da Fazenda. Em todos os países, quando da viagem de seus cidadãos, há maiores facilidades tanto para sair como para entrar. Desconfia-se desses serviços terceirizados de aeroportos, como, aliás, se desconfia de toda terceirização de serviço público no Brasil

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AS COMPANHIAS TAMBÉM TÊM CULPA: nesses momentos de grande movimento é que se nota a incapacidade das companhias aéreas. Pessoal estafado por horas extraordinárias de trabalho, gente sem treinamento, filas intermináveis para check-in. Além do famoso overbooking, algo que significa apenas descontrole, pois, vendida a passagem para determinado voo, as empresas têm como verificar se ele já está lotado ou não. Elementar, meu caro Watson!", diria Sherlock Holmes. Mas, basta ver a manchete do Estadão de 23 de novembro para desconfiar de tudo o que está sendo feito: "Anac veta overbooking. Pode ser tarde. Estado apurou que uma grande companhia já vendeu 10 mil bilhetes acima do número de assentos em voos para dezembro e janeiro".

CONCLUSÃO: ANAC FAZ TEATRO: ora, baseando-se nas informações da grande imprensa, desconfia-se claramente que a Anac, com suas reuniões de última hora, está apenas fazendo teatro. A Anac sabe que haverá confusão nos aeroportos e já começa a arranjar desculpas para a sua crônica ineficiência. O "apagão aéreo" seria inevitável? Veja o comentário de Bruno Tavares, do Estadão: "... o fato é que o plano anunciado pela Anac é paliativo. Os gargalos nos aeroportos continuam... Brechas na regulamentação do setor também contribuem para os problemas... A Anac, por exemplo, não controla o número de voos fretados... Só que as mesmas tripulações que atuam nos voos regulares são escaladas para voos fretados, o que faz com que atinjam rapidamente o limite da jornada de trabalho".

OVERBOOKING: o "overbooking" (vender mais passagens do que os assentos disponíveis) deveria ser terminantemente proibido. A Anac diz que será proibida a prática do overbooking de 17 de dezembro a 3 de janeiro. Quer dizer que depois dessa data pode? E o que já foi vendido antes? Parece piada. A situação é tão crítica em aeroportos que já há juizados especiais instalados em cinco aeroportos brasileiros. Se isso está assim agora, imaginem na época da Copa do Mundo ou das Olimpíadas?

OUTRO TEATRO: a Anac suspendeu a venda de passagens da TAM por uma semana. Balanço da Infraero mostrou que, no início da semana, 15,8% dos voos da TAM tiveram atrasos superiores a 30 minutos e 16,5% deles haviam sido cancelados. Ao todo, 133 voos deixaram de ser feitos (a Folha de São Paulo informou que foram cancelados 348 voos). Segundo alguns jornais, no dia da suspensão as passagens estavam sendo vendidas normalmente. A desculpa foi a adequação do sistema de informática.

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO: no domingo (28/11), um vôo fretado de São José do Rio Preto (SP) para Porto Seguro (BA) foi suspenso por problemas técnicos. Os passageiros da região daquela cidade dormiram, improvisadamente, no próprio aeroporto e de nada adiantaram os protestos. O atraso foi enorme e o avião só saiu no dia seguinte. Sem comentários.

UMA CIDADE REFÉM DA TAM: São José do Rio Preto (SP), como outras cidades, tinha duas empresas fazendo o trecho até Congonhas. A Gol saiu da cidade, assim como a TAM saiu, provavelmente, de outra cidade equivalente. Isso tem nome: chama-se cartelização. Consta que a linha SJP/CGH é uma das três mais rentáveis da TAM no Brasil. Aviões lotados, qualquer remarcação tem preço absurdo. Rio-pretenses passam constantemente por essas situações, sobretudo quando têm que remarcar passagens. Para utilizar os serviços com preços menores (porém, preços bem mais altos do que as companhias que fazem o mesmo trecho via Guarulhos), eles precisam comprar passagem com grande antecedência, nem sempre possível pela imprevisibilidade das viagens. Essa situação deve ocorrer provavelmente em outras cidades e com outras companhias. Esse sistema de elevação gradativa no preço das passagens por grupos de assentos foi introduzido no período em que começou a crise das companhias aéreas. É um absurdo inqualificável.

CARTÕES DE MILHAGEM: outra dificuldade, suscetível de reclamação, é quando você quer (ou precisa) utilizar milhagens para aeroportos da Europa e Estados Unidos. Geralmente, são voos lotados, com disponibilidade menor de assentos para esse tipo de viagem, caso em que o portador do cartão tem que se sujeitar a outras datas e horários diferentes daqueles de sua preferência. A TAM disponibilizou novo cartão: o black. É um cartão distribuído a critério da TAM, conforme escolha especial. Essa explicação foi dada a um deputado em voo. Sua resposta: "isso me basta". Claro que basta! Serão políticos, pessoas graduadas da administração, membros do Poder Judiciário e outros notáveis os que se utilizarão das vantagens desse novo cartão. A Tam poderia explicar isso melhor.

SINDICATOS E CENTRAIS: as centrais de trabalhadores e os sindicatos da área devem estar atentos. Além das condições de trabalho não serem ideais, há o prejuízo para uma parcela cada vez maior de passageiros de primeira viagem, trabalhadores que planejam férias e ficam prejudicados em seus direitos. Os ministros da Defesa e da Aeronáutica têm responsabilidades. A Anac já é uma agência praticamente desmoralizada em função de acontecimentos pregressos. Está na hora de também agirmos nessa importante área do transporte. Transporte coletivo, sim senhor!"




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