28/11/2025
A 30ª Conferência das Partes da UNFCCC (COP30), realizada entre 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém (PA), encerrou-se como um marco histórico para o Brasil, a Amazônia e o movimento sindical internacional. Reunindo mais de 50 mil participantes, a conferência focou em temas essenciais como a redução de emissões, adaptação climática e financiamento climático, com um forte eixo em soluções baseadas na natureza e na bioeconomia. Os eixos prioritários incluíram redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), adaptação às mudanças climáticas, financiamento climático e fundo de perdas e danos, transição justa, natureza e povos indígenas, saúde pública, implementação e ação - terminando com uma combinação de avanços, impasse significativos e retrocessos. Embora tenha havido progressos em algumas áreas, a conferência não alcançou um consenso global sobre a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, um dos principais pontos de discórdia.
A COP
30 também colocou em pauta as discussões
sobre a participação e os direitos de crianças e adolescentes na crise
climática. As falas dos jovens participantes enfatizaram a urgência das ações e
a necessidade de serem ouvidos. Outra
pauta importante, as questões de gênero, foram amplamente discutidas e culminou na adoção de um novo Plano de Ação de Gênero
(GAP). A questão dos trabalhadores foi um tema relevante e o principal tópico
foi a “ Transição Justa”, que busca
garantir que a transição global para economias de baixo carbono seja equitativa
e inclusiva, protegendo os direitos e os meios de subsistência dos
trabalhadores.
A
União Geral dos Trabalhadores (UGT) teve participação estratégica em diversos
espaços oficiais e paralelos: Cúpula dos Povos, Marcha Global pela Justiça
Climática, Aldeia COP (Território Indígena) e em outros fóruns, como o Painel: Estratégias Sindicais para a Transição
Justa, Trabalho e Meio Ambiente, Justiça Social e Climática, realizado no
Pavilhão Brasil, na Zona Verde, Seminários
da UGT, das Centrais Sindicais CUT e Força Sindical e da CSI- Confederação
Sindical Internacional como vozes dos trabalhadores e trabalhadoras na
COP 30. A central reforçou seu compromisso com o trabalho decente, a defesa da
sustentabilidade e a construção de um novo modelo de desenvolvimento que seja justo
e inclusivo e que coloque as pessoas e o planeta no centro das decisões políticas
e econômicas.
Um
cenário global de forte pressão política e busca por resultados
A
primeira semana da COP 30 deixou claro que as negociações rapidamente avançaram
do âmbito técnico para o político. Delegações iniciaram discussões diretas para
tentar destravar os principais pontos da agenda.
Entre os temas centrais em disputa, destacaram-se:
●
Financiamento climático,
considerado a maior lacuna entre ambição e implementação, especialmente para
adaptação, mitigação e perdas e danos.
●
Transição justa, com o G77+China propondo um
mecanismo global que dê protagonismo a trabalhadores, trabalhadoras e comunidades.
●
Fase Out dos combustíveis fósseis, com
o Brasil defendendo um roadmap voluntário enfrentando resistências.
●
Reivindicações de povos vulneráveis,
como pequenos Estados insulares, países amazônicos e organizações indígenas.
●
Mobilizações sociais, incluindo a maior Marcha
Global pela Justiça Climática dos últimos anos.
A
atuação da UGT: presença forte, plural e estratégica
Entre 11 e 17 de novembro, a UGT participou de uma extensa agenda de atividades, mobilizações e debates, reforçando sua representatividade em espaços decisórios e de participação social.
A Delegação Nacional da UGT contou com a participação da UGT Pará, UGT Amazonas, UGT Amapá, UGT Bahía, UGT Goiás, UGT Pernambuco, UGT Rio Grande do Sul, e dirigentes de várias regiões do Pará. A participação da UGT foi intensa na Zona Verde.
Na Zona Verde, no Pavilhão Brasil, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) apresentou painel de destaque com contribuições da Confederação Sindical das Américas (CSA), da Organização Internacional do Trabalho – Escritório da OIT (OIT-Brasil/PA), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE-PA) e dos cases da UGT Amazonas (seca extrema) e UGT Rio Grande do Sul (enchentes), evidenciando como a crise climática já impacta profundamente os trabalhadores e trabalhadoras e os territórios.
Em paralelo à Conferência, a UGT realizou o Seminário da UGT, no auditório da Fecomércio–PA, com a participação de sindicatos paraenses, CSA, OIT–Brasil-PA, DIEESE–PA e representantes da UGT RS e UGT AM e participou de vários painéis.
Destaques da participação da UGT
1. Barqueata
da Cúpula dos Povos – Em defesa da Amazônia e das populações
tradicionais.
2. Painel
e Seminário da UGT - Estratégias sindicais, trabalho decente, transição
justa e justiça climática.
3. Painéis
do DIEESE e centrais sindicais - negociação coletiva, trabalho
decente e transição justa.
4. Seminário (Força Sindical - FS) - Mundo do
Trabalho e Transição Justa: O papel dos sindicatos e da negociação
coletiva.
5. Seminário da CUT-CSA- CSI - Mundo
Trabalho : Meio Ambiente só com
trabalho decente.
6. Painéis
do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) - Transição Justa
e Negociação Coletiva – Defesa de diálogo social forte, proteção social,
qualificação profissional e empregos verdes.
7. Debates
Tripartites da OIT – Sobre transição justa, com governo, empregadores e
trabalhadores.
8. Empregos
Verdes e Saúde do Trabalhador – Discussões sobre calor extremo,
estresse térmico e segurança laboral.
9. Povos
Indígenas – Valorização das lideranças originárias.
10. Direitos
Humanos e Emergências Climáticas – Lançamento de protocolo para
grupos vulneráveis.
11. Papel
do Parlamento nas metas climáticas – Monitoramento das NDCs e
alinhamento com justiça climática.
12. ODS
18 – ODS voltado à igualdade étnico-racial.
13. CNODS - A
comissão explanou sobre Pacto “Meu Município pelo ODS”, e o lançamento da
participação de ITAIPU na Conferência ODS 2026.
14. Marcha - Ação Global pelo Clima, da Cúpula dos Povos - ação de mobilização da sociedade civil, para pressionar os líderes mundiais por medidas climáticas mais ambiciosas e justas.
Resolução
Final da COP 30
A
conferência aprovou decisões envolvendo:
●
Operacionalização e nos primeiros financiamentos do Fundo
de Perdas e Danos, com aportes voluntários.
●
Diretrizes globais de transição Justa,
baseadas na garantia de direitos.
●
COP 30 não
incluiu metas concretas para a
eliminação progressiva dos combustíveis fósseis
●
Reforço ao Financiamento Climático como
instrumento para proteger países e trabalhadores.
●
Integração entre metas climáticas, ODS e inclusão
produtiva.
Para
a UGT e o mundo do trabalho, tais medidas impactam diretamente no emprego,
renda, saúde e proteção social dos trabalhadores e trabalhadoras
brasileiros.
Avanços e Retrocessos da COP30
Foi
marcada por forte mobilização social, pressões políticas e uma expectativa
global elevada. Embora tenha produzido decisões importantes, também evidenciou
limitações estruturais e divergências profundas entre países desenvolvidos e em
desenvolvimento.
Conclusão: UGT torna-se voz essencial na transição justa
A
atuação da UGT na COP 30 demonstrou que o movimento sindical é indispensável
para enfrentar a crise climática, debater a transição produtiva e garantir que
os trabalhadores não sejam excluídos dos novos modelos de
desenvolvimento.
A UGT
segue empenhada em assegurar que:
●
A transição seja justa e inclusiva.
●
O emprego decente seja prioridade.
●
Os direitos trabalhistas sejam respeitados.
●
A Amazônia seja preservada, os povos indígenas respeitados e seus
territórios demarcados .
●
Não existe
justiça climática sem justiça social.
A COP 30 marca um novo capítulo, e a UGT emerge com compromisso de atuar como protagonista nacional na construção de um futuro sustentável, justo e digno para todos/as os/as trabalhadores/as.
UGT - União Geral dos Trabalhadores