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A UGT RUMO À COP30


30/10/2025

O que são as COPs?

A Conferência das Partes (COP) é o órgão supremo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), um tratado multilateral adotado em 1992. As COPs são reuniões anuais onde os países que ratificaram a Convenção avaliam a implementação dos compromissos e tomam decisões para promover a efetivação dos objetivos da UNFCCC.

A primeira COP ocorreu em Berlim, Alemanha, em março de 1995. O principal objetivo da Convenção é alcançar a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera para evitar interferências antrópicas perigosas no sistema climático global.

Os cinco pilares do regime são: mitigação, adaptação, financiamento, tecnologia e capacitação. Temas como perdas e danos, transição justa, gênero, povos indígenas, jovens, agricultura e oceanos também ganham destaque nos debates.


Protocolo de Quioto e Acordo de Paris

No âmbito da UNFCCC, o Protocolo de Quioto (1997) estabeleceu metas quantitativas de redução de emissões para países desenvolvidos, com a criação de mecanismos de mercado como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Posteriormente, o Acordo de Paris (2015, COP21) reforçou os princípios da UNFCCC, estabelecendo três objetivos principais: manter o aumento da temperatura global bem abaixo de 2ºC (com esforços para limitá-lo a 1,5ºC), incrementar capacidades de adaptação e resiliência, e alinhar os fluxos financeiros aos objetivos do Acordo.

O Acordo de Paris inovou ao exigir que todos os países apresentassem periodicamente suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), detalhando as ações para responder à mudança do clima.


A COP30 em Belém

A 30ª Conferência das Partes (COP30) será realizada em Belém, no Brasil, de 10 a 21 de novembro de 2025. Esta será a primeira vez que o Brasil sediará o evento, colocando o país no centro do debate climático global. A escolha da Amazônia como local visa impulsionar a economia local e fortalecer o papel do Brasil nas negociações climáticas.

A agenda da COP30 deve focar em temas como redução de emissões de gases de efeito estufa, adaptação às mudanças climáticas, financiamento climático para países em desenvolvimento, tecnologias de energia renovável e baixo carbono, preservação de florestas e biodiversidade, justiça climática e impactos sociais.

Desafios das Mudanças Climáticas para os Trabalhadores e Trabalhadoras

As mudanças climáticas representam sérios desafios para o mundo do trabalho, afetando a saúde e segurança e condições de emprego. Relatórios da Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicam que 70% dos trabalhadores globais estão expostos a riscos relacionados às mudanças climáticas, como estresse térmico, exaustão pelo calor e doenças cardiovasculares. Setores como agricultura, construção civil e pesca são particularmente vulneráveis. Além disso, as alterações climáticas podem levar à perda de empregos em indústrias intensivas em carbono e criar a necessidade de novas habilidades para uma economia verde.

A Transição Justa é um conceito fundamental nesse contexto, buscando garantir que a transição para uma economia de baixo carbono seja equitativa e inclusiva, protegendo os trabalhadores e suas comunidades. Isso envolve a criação de empregos verdes e decentes, requalificação profissional, proteção social e diálogo social.


O Protagonismo dos Sindicatos e a UGT

Os sindicatos desempenham um papel crucial na agenda climática, atuando como defensores dos direitos dos trabalhadores e promotores de uma transição justa.  Buscam assegurar que as políticas climáticas considerem os impactos sociais e econômicos sobre a força de trabalho, garantindo condições de trabalho decentes, salários justos e proteção social durante a transição para uma economia verde.

A União Geral dos Trabalhadores (UGT) tem se posicionado ativamente nesse debate. A UGT-Paraná, por exemplo, destaca a importância da COP30 para os trabalhadores e a necessidade de se priorizar o trabalho decente. A organização enfatiza que a vulnerabilidade dos trabalhadores aumenta com os efeitos das mudanças climáticas, como no caso das enchentes no Rio Grande do Sul e  a seca na Amazônia Legal, onde mulheres e jovens enfrentam barreiras significativas no mercado de trabalho.

A UGT, em conjunto com outras centrais sindicais propõe a entrega de uma Pauta com reivindicações dos trabalhadores, que será enviada à presidência da COP30, visando estabelecer diretrizes para proteção dos trabalhadores e trabalhadoras e minimizar os impactos climáticos. A mensagem é clara: não há transição ecológica sem trabalho decente.

Os sindicatos, juntamente com as centrais sindicais, são essenciais para influenciar políticas e assegurar que as políticas climáticas incluam a dimensão social e trabalhista, promover a requalificação exigida pela economia verde, garantir proteção social, defender redes de segurança para trabalhadores afetados pela transição, fomentar o diálogo social e participar ativamente das discussões sobre o futuro do trabalho e do clima, como evidenciado pela participação em eventos preparatórios à COP30, onde o Brasil propôs uma resposta global a incêndios florestais, com reconhecimento dos saberes dos povos indígenas e comunidades locais.

Por fim, a COP30 no Brasil representa uma oportunidade ímpar para o país liderar o debate sobre as mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, garantir que a transição energética e ambiental seja justa para todos.

O papel dos sindicatos, e em particular da UGT, é fundamental para assegurar que os direitos e o bem-estar dos trabalhadores e trabalhadoras sejam centrais nas decisões tomadas, construindo um futuro mais sustentável e equitativo.

 

 

22/10 

a ugt na Cúpula dos Povos: um movimento por justiça climática

O que é a Cúpula dos Povos?

A Cúpula dos Povos é um movimento autônomo da sociedade civil, que se estabelece como um espaço paralelo e crítico às Conferências das Partes (COPs) oficiais da ONU sobre o clima. Inspirada em iniciativas anteriores, como o Fórum Global de 1992 e a Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental durante a Rio+20 em 2012, esta Cúpula busca amplificar as vozes de comunidades indígenas, tradicionais e periféricas.

O principal propósito da Cúpula é trazer para o centro do debate climático as perspectivas e demandas daqueles que menos contribuíram para a crise climática, mas que mais sofrem seus impactos.

Enquanto as COPs oficiais frequentemente se concentram em números e metas, a Cúpula dos Povos aborda a crise climática sob a ótica de vidas, direitos e territórios, promovendo uma visão de futuro baseada na justiça social e ambiental um dos temas defendidos pela UGT.

A Cúpula representa um espaço plural de diálogo e resistência, reunindo sindicatos, movimentos sociais e organizações da sociedade civil em torno da justiça climática e social.

A UGT – União Geral dos Trabalhadores comprometida com essa bandeira de luta, busca fortalecer alianças e promover a articulação entre sindicatos, movimentos sociais, ambientais e organizações da sociedade civil. Para a UGT essa aliança é essencial para a construção de um novo paradigma de desenvolvimento sustentável, baseado na dignidade, solidariedade e democracia participativa. O protagonismo sindical nesse processo é fundamental.

Desde março de 2023, diversas organizações e movimentos sociais, ambientais e centrais sindicais no Brasil têm trabalhado na construção desta Cúpula. Este esforço conjunto visa criar uma representação unificada que reflita a riqueza dos biomas e a diversidade dos povos brasileiros, desenvolvendo uma declaração política e princípios orientadores.

Importância da Cúpula dos Povos

Sua importância reside na capacidade de oferecer uma plataforma para o protagonismo da sociedade civil. Ela se contrapõe à abordagem muitas vezes tecnocrática das negociações climáticas oficiais, enfatizando a necessidade de soluções que partam da realidade e do conhecimento dos trabalhadores, trabalhadoras e das, comunidades que vivem diretamente as consequências das mudanças climáticas.

Este espaço autônomo é crucial para amplificar vozes silenciadas, promover a justiça climática, construir propostas reais e mobilizar a opinião pública. E assim, conscientizar e mobilizar nossos sindicatos sobre a urgência da crise climática e a necessidade de uma transição justa e solidária, onde ninguém seja deixado para trás é fundamental.

A Amazônia, local da COP 30 em Belém, torna-se um símbolo poderoso de resistência e luta por justiça climática, com a Cúpula dos Povos destacando a importância de suas comunidades e ecossistemas para o futuro do planeta.

Como Participar da Cúpula dos Povos

A participação na Cúpula dos Povos Rumo à COP 30 é aberta a sindicatos, movimentos sociais e populares e organizações da sociedade civil. O processo de adesão envolve o preenchimento de um formulário de adesão à Carta Política do movimento, que pode ser encontrado no site oficial da Cúpula dos Povos.

Este formulário serve para formalizar o compromisso com os princípios e objetivos da Cúpula, que incluem a defesa de agendas socioambientais e de direitos.

É fundamental que a sociedade civil de todo o mundo se engaje ativamente para garantir que a COP 30 represente um ponto de virada na luta contra a crise climática, com soluções que partam das bases e respeitem a diversidade de povos e territórios. Hoje são mais 1100 entidades filiadas.

Datas no Calendário da COP 30

A COP 30 (30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) ocorrerá em Belém, Pará, no Brasil. As datas oficiais da COP 30 são de 10 a 21 de novembro de 2025.

A Cúpula dos Povos, como evento paralelo e autônomo, terá suas atividades concentradas entre os dias 12 e 16 de novembro de 2025, na Universidade Federal do Pará (UFPA), também em Belém. É importante notar que, embora as datas estejam dentro do período da COP 30, ela se configura como um espaço independente, com sua própria agenda e dinâmica, buscando influenciar e dialogar com as discussões oficiais, mas mantendo sua autonomia e foco nas demandas dos povos e comunidades.

O protagonismo sindical nesse processo é fundamental para garantir que as transições econômicas e climáticas não aprofundem desigualdades mas gerem oportunidades sustentáveis e justas para todos os trabalhadores e trabalhadoras.

Mais informações, procure a Secretaria Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da UGT e Comitê de Sustentabilidade pelo email: sustentabilidade.ugt@gmail.com

 

Mais informações, procure a Secretaria Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da UGT e Comitê de Sustentabilidade pelo email: sustentabilidade.ugt@gmail.com




PROGRAMAÇÃO SINDICAL NA COP30

 




O Trabalho Infantil no Brasil e a Agenda Climática da COP30

O trabalho infantil no Brasil persiste como uma das mais graves violações dos direitos humanos e um obstáculo ao desenvolvimento social e econômico do país. A análise deste contexto, com foco especial nas meninas na área de cuidados, revela uma intersecção crítica com a agenda de mudanças climáticas, tornando-o um tema incontornável para o debate na COP30 em Belém.

Segundo dados mais recentes do IBGE (PNAD Contínua 2022) e estimativas da OIT e do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI):

  • O Brasil tem aproximadamente 1,8 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos em situação de trabalho infantil.
  • Desse total, cerca de 346 mil têm menos de 14 anos, idade mínima legal para trabalhar como aprendiz, representando 21.6%do total de crianças e adolescentes do país..
  • O número é maior entre meninos (65%) do que meninas, e mais elevado nas áreas rurais e nas regiões Norte e Nordeste.
  • A maioria atua em atividades informaissem proteção trabalhista, especialmente na agricultura familiar, comércio ambulante, reciclagem e serviços domésticos.

Embora o país tenha avançado muito entre os anos 2000 e 2015 — reduzindo o trabalho infantil pela metade —, houve reversão dessa tendência a partir de 2016, agravada pela pandemia de COVID-19 e pela alta da pobreza.

1. Causas principais

O trabalho infantil no Brasil é multicausal e está ligado a fatores estruturais:

a) Pobreza e desigualdade social: Famílias sem renda ou em situação de insegurança alimentar acabam recorrendo ao trabalho infantil como forma de sobrevivência.

b) Falta de acesso à educação de qualidade: A evasão escolar, especialmente no ensino fundamental e médio, está diretamente relacionada ao ingresso precoce no trabalho.

c) Cultura e naturalização: Em muitas comunidades, ainda há a ideia de que “trabalhar cedo ensina responsabilidade” — uma visão cultural que ignora os danos físicos e psicológicos.

d) Informalidade e ausência de proteção social: A economia informal e a falta de oportunidades para os adultos empurram crianças e adolescentes para o mercado de trabalho.

e) Impactos climáticos e ambientais: Desastres ambientais (secas, enchentes, desmatamento) agravam a pobreza rural e urbana, ampliando o risco de exploração infantil. Esse é um ponto novo e crescente no debate atual — o trabalho infantil como consequência da crise climática.

2. Setores mais afetados

1.    Agricultura e pecuária – cerca de 47% dos casos de trabalho infantil no país.

2.    Comércio e serviços – especialmente vendedores ambulantes e ajudantes em feiras.

3.    Construção civil – adolescentes em tarefas perigosas e informais.

4.    Serviço doméstico – meninas em casas de terceiros, sem vínculo formal.

5.    Reciclagem e lixões – crianças em risco extremo de acidentes e contaminação.

 3. Consequências do trabalho infantil

·      Prejuízos à saúde física e mental, devido a esforços excessivos e exposição a riscos.

·      Evasão escolar e atraso educacional, comprometendo o futuro profissional.

·      Ciclo de pobreza intergeracional, pois o trabalho precoce impede o acesso a empregos melhores na vida adulta.

·      Vulnerabilidade social, incluindo riscos de exploração sexual e violência.

A OIT e o UNICEF alertam que cada ano de trabalho infantil reduz em até 20% a renda futura de uma pessoa.

4. Marco legal e políticas públicas

O Brasil é signatário das principais convenções internacionais:

·      Convenção nº 138 da OIT – Idade mínima para admissão ao emprego (16 anos; 14 na condição de aprendiz).

·      Convenção nº 182 da OIT – Proibição das piores formas de trabalho infantil.

·      Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Garante o direito à proteção integral.

·      Constituição Federal (art. 7º, XXXIII) – Proíbe trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz a partir dos 14.

Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), criado em 1996, foi um marco importante, mas sofreu redução de orçamento e alcance nos últimos anos. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) retomou, a partir de 2023, o fortalecimento da fiscalização trabalhista e a articulação com o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente.

5. Desafios atuais e perspectivas

·         Retomar e ampliar o PETI e os programas de transferência de renda com foco na infância.

·         Integrar políticas climáticas e sociais, reconhecendo que desastres ambientais aumentam a vulnerabilidade infantil.

·         Fortalecer a educação integral e profissionalizante.

·         Ampliar a fiscalização em setores emergentes da economia verde, evitando que novas cadeias produtivas sustentáveis usem mão de obra infantil.

·         Combater a naturalização cultural do trabalho precoce, com campanhas educativas e diálogo comunitário.

·         Incluir o tema na agenda da COP30, articulando justiça climática e justiça social.

O perfil do trabalho infantil no Brasil é complexo, mas destaca-se a vulnerabilidade das meninas, especialmente as negras, no chamado trabalho de cuidados e doméstico.

O trabalho de cuidados e doméstico é frequentemente invisível, ocorrendo dentro de casas de terceiros ou nos próprios lares, o que dificulta a fiscalização e o combate. Este tipo de exploração é classificado como uma das piores formas de trabalho infantil.

A Crise Climática como Multiplicador de Vulnerabilidades na COP30

A crise climática não é apenas uma questão ambiental; é uma crise de direitos humanos que atua como um multiplicador de ameaças para o trabalho infantil. Os impactos das mudanças climáticas, como eventos extremos (secas, inundações e tempestades), destroem meios de subsistência, forçando famílias vulneráveis a recorrerem ao trabalho infantil como estratégia de sobrevivência imediata.

A COP30 no Brasil representa uma plataforma crucial para integrar a proteção da infância e o combate ao trabalho infantil na agenda de justiça climática e transição justa. O debate deve focar em como garantir a resiliência climática de crianças e adolescentes contra a exploração e a violência.

A COP30 oferece uma oportunidade singular para o movimento sindical brasileiro posicionar o trabalho decente e a proteção da infância como elementos centrais da transição para uma economia verde e resiliente.

Mais informações, com IARA ALVARENGA FREIRE, (41) 99979-6723, SECRETÁRIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

 

 

 

Mulheres frente às mudanças climáticas: uma história de resistência, resiliência e cuidado

Cuidar das pessoas e cuidar do planeta são gestos de uma mesma ética: a ética da vida”.

As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios da humanidade, afetando de maneira desigual povos e territórios. Entre os grupos mais impactados estão as mulheres, especialmente aquelas que vivem e trabalham em comunidades tradicionais, zonas rurais e periferias urbanas. No entanto, mais do que vítimas, as mulheres têm se mostrado protagonistas da resistência e da resiliência climática, articulando saberes ancestrais, práticas sustentáveis e mobilização social em defesa da vida e do planeta.

Historicamente, as mulheres desempenham papéis centrais na gestão dos recursos naturais — seja no cuidado com a água, no cultivo dos alimentos, na preservação das florestas ou na transmissão de conhecimentos sobre o uso sustentável da terra. São protagonistas da mitigação, da adaptação e preservação da vida. Essa relação de cuidado e reciprocidade com a natureza tem sido fundamental diante do avanço de modelos de desenvolvimento predatórios, baseados na exploração intensiva dos recursos e na concentração de terras.

Assim, a luta das mulheres se insere em uma perspectiva ecofeminista, que reconhece a conexão entre a opressão das mulheres e a degradação ambiental.

Entre os exemplos mais potentes de resistência estão as mulheres indígenas, que defendem seus territórios como espaços de vida, espiritualidade e identidade. Essas mulheres indígenas têm denunciado os impactos do desmatamento e das mudanças climáticas sobre as comunidades tradicionais, ao mesmo tempo em que reafirmam a importância dos saberes ancestrais para a preservação da biodiversidade. Nas aldeias, lideram o reflorestamento de nascentes, o cultivo de sementes nativas e o uso de plantas medicinais — práticas que unem tradição, autonomia e sustentabilidade.

As mulheres quilombolas também se destacam na defesa do território e na construção de alternativas agroecológicas. Em comunidades do Maranhão, Bahia e Minas Gerais, elas têm criado hortas comunitárias, bancos de sementes crioulas e redes de produção solidária, garantindo soberania alimentar e enfrentando o racismo ambiental. Nessas experiências, cuidar da terra é também um ato político de resistência frente ao agronegócio e às políticas que desconsideram as especificidades dos modos de vida tradicionais.

Nas regiões ribeirinhas e extrativistas, as mulheres exercem papel fundamental no manejo sustentável dos recursos naturais. O extrativismo do açaí, da castanha e de óleos vegetais, realizado por cooperativas femininas, mostra que é possível gerar renda e dignidade sem destruir a floresta. Com profundo conhecimento dos ciclos da natureza, essas mulheres adaptam suas práticas às variações climáticas, demonstrando resiliência e capacidade de inovação comunitária.

Nas cidades, as mulheres trabalhadoras e periféricas também constroem formas de resistência cotidiana. As catadoras de materiais recicláveis, por exemplo, desenvolvem um trabalho essencial para a redução de resíduos e emissões de carbono, ainda que muitas vezes invisibilizado. Outras mulheres atuam em hortas urbanas, feiras agroecológicas e movimentos feministas por justiça climática, reafirmando que o cuidado com o meio ambiente é parte da luta por uma sociedade mais justa e igualitária.

E mais, a secretária da Mulher da UGT, Maria Edna Ferreira de Medeiros, esteve presente e participou do 2º. Encontro da Articulação Nacional Mulheres e Clima, um espaço de diálogo, proposição e mobilização rumo a COP30, fortalecendo a presença e o protagonismo das mulheres da UGT, na construção de soluções para a crise climática.   Esse protagonismo dialoga diretamente com as propostas das mulheres trabalhadoras e com o conceito de economia do cuidado, uma abordagem que coloca a vida no centro das decisões econômicas. A economia do cuidado reconhece o valor do trabalho, muitas vezes invisível, de quem cuida — cuidar das pessoas, das comunidades, da natureza e do planeta. Para Maria Edna, “esse trabalho, historicamente realizado por mulheres, é fundamental para a sustentação da vida e para a construção de uma sociedade mais equilibrada e solidária”.

As mulheres trabalhadoras, rurais e urbanas, reivindicam que o cuidado seja reconhecido como trabalho socialmente necessário e digno, e que as políticas públicas considerem a sustentabilidade da vida como eixo central do desenvolvimento. A economia do cuidado propõe um novo paradigma, que valoriza a cooperação, a partilha e o bem-estar coletivo, em oposição à lógica produtivista que prioriza o lucro acima da vida. Por isso mesmo, “onde se decide o futuro, as mulheres e as meninas precisam estar – com voz, autonomia e poder de decisão. Só há justiça climática com justiça de gênero” (Cartilha Mulheres e Clima, Min. das Mulheres, 2025).

As experiências das mulheres nos territórios — indígenas, quilombolas, ribeirinhas, urbanas ou camponesas — são exemplos concretos dessa economia do cuidado em ação. Quando preservam sementes, cuidam de nascentes, reciclam materiais, cultivam alimentos saudáveis ou se organizam em cooperativas solidárias, elas estão praticando um cuidado ampliado, que une o social e o ambiental. É o mesmo gesto que sustenta a vida no lar e que regenera a vida no planeta.

Assim, o cuidado deixa de ser apenas uma responsabilidade privada ou afetiva para se afirmar como ato político e prática de justiça climática. As mulheres mostram que cuidar é também resistir, e que o enfrentamento à crise ambiental exige uma profunda transformação ética, econômica e cultural.

A resistência e a resiliência climática das mulheres revelam que não há enfrentamento possível à crise ambiental sem justiça social, (transição justa) e de gênero.

Mais do que adaptar-se às mudanças do clima, essas mulheres estão transformando o modo de pensar e habitar o planeta. Elas nos ensinam que o futuro será sustentável se for também feminista, plural e solidário. Afinal, quando uma mulher defende sua terra, ela defende o futuro; quando uma mulher planta, ela semeia resistência.

Informações: Secretaria da Mulher da UGT, com Maria Edna, email: maria.edna@sintetel.org.br

 

 


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