05/11/2025
Faltam poucos dias para o início da COP 30, Conferência
Global sobre mudanças Climáticas. Enquanto líderes mundiais se preparam para
debater o futuro do planeta, o Brasil carrega nas costas uma ferida aberta: o
rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), que completa neste dia 05 de
novembro dez anos. A União Geral dos Trabalhadores (UGT) não se cala diante da
impunidade e cobra justiça, reparação integral e mudanças estruturais no modelo
de mineração brasileira.
O maior crime ambiental da história do país despejou 44,5
milhões de metros cúbicos de rejeitos tóxicos, matou 19 pessoas, contaminou a
bacia do Rio Doce e afetou diretamente 49 municípios e mais de 600 mil pessoas.
Uma década depois, os impactos continuam: água contaminada, ecossistemas
destruídos, rejeitos acumulados, comunidades desassistidas e milhares de vidas
marcadas pela negligência corporativa.
A mineradora BHP, que responde a um processo na Justiça da
Inglaterra com pedido de mais de R$ 250 bilhões em indenizações, reconheceu em
suas alegações finais que os danos socioambientais persistem. Há registros de
metais tóxicos como arsênio, chumbo e níquel no Rio Doce, mortandade de peixes,
erosão das margens e interrupções na captação de água em cidades como Aimorés.
A própria empresa admite o aumento de transtornos mentais na população
atingida.
É inadmissível falar de mudanças climáticas sem encarar os
erros que nos trouxeram até aqui. Não é possível projetar soluções para o
futuro ignorando os crimes do passado. Mariana não é uma lembrança distante — é
uma ferida aberta, viva, que sangra há dez anos.
Quantas famílias perderam tudo? Quantos animais foram
soterrados pela lama tóxica? Quantas vidas foram ceifadas pela ganância da
Samarco, pela negligência da Vale e pela omissão do Estado? O rompimento da
barragem de Fundão não foi acidente — foi consequência direta de um modelo de
mineração predatório que coloca o lucro acima da vida.
A UGT exige que Mariana não seja esquecida. Que não passe
despercebido um dos maiores crimes ambientais da história recente em um evento
de caráter mundial como a COP 30. Falar de justiça climática sem falar de
Mariana é silenciar os atingidos, é normalizar a impunidade, é repetir os erros
que levaram à destruição de comunidades inteiras.
A entidade cobra responsabilização, reparação integral e
mudanças profundas na política de mineração brasileira. Mariana é símbolo da
luta por justiça ambiental e social. Que a COP 30 seja um marco de compromisso
real — e não apenas de discursos vazios. Porque não há futuro possível sem
memória, sem verdade e sem justiça.
UGT - União Geral dos Trabalhadores